segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

SOFRIMENTO

                                                                       SOFRIMENTO


01- A reencarnação na Bíblia - Herminio C. Miranda - pág. 44

O REAJUSTE

Se o erro não for resgatado em uma existência, é claro que o será em outra, não no inferno por uma condenação eterna, igualmente inadmissível da parte de Deus, nem na penitenciária provisória do purgatório, mas numa oportunidade subsequente, aqui mesmo, onde e quando for possível reunir as condições exigidas para o exercício do ajuste perante a lei desrespeitada.



Cada um responde inapelavelmente, pois, pelos seus erros, cuja responsabilidade é intransferível. Seria muito cômodo, mas desastroso para o equilíbrio ético do universo, que cada um pudesse cometer à vontade seus crimes e deixá-los para serem resgatados, na dor, pelos seus descendentes.



Pode-se argumentar aqui: "sim, mas para estes há o inferno, onde o sofrimento é eterno". Novamente errado. Em primeiro lugar, porque isto se choca frontalmente com a doutrina do amor e do perdão que Jesus ensinou repetidamente. Se ao homem ele recomendou que perdoasse setenta vezes sete, como admitir que Deus não perdoe uma só vez, por mais grave que seja a ofensa ? Por outro lado, o perdão divino não nos põe a salvo da responsabilidade pelo crime cometido.

O perdão é realmente divino, como diz o provérbio, mas a lei exige de cada um o resgate, o reparo, e a consciência nos impele à aceitação, ainda que relutante, dos sofrimentos decorrentes e que, muitas vezes, ficaram como opção final e única aberta à nossa libertação e pacificação. A bondade de Deus está não apenas em conceder invariavelmente o perdão, mas também em proporcionar as oportunidades de ajuste.

Resta, ainda, outro aspecto importante e nem sempre lembrado: por que cobrar com a "punição eterna" o pecado que, afinal de contas, seria resgatado por netos e bisnetos? E mais ainda: se o criminoso tem o seu crime cobrado aos seus descendentes, infere-se que está redimido e, portanto, poderia ser encaminhado ao céu . ..Veja, pois, o leitor a que escalada de incongruências nos leva uma premissa falsa, uma única, ou seja, a de que nossos descendentes podem pagar pelos nossos erros.



NASCER DE NOVO

Resta, portanto, a alternativa válida de que quando o ajuste não pode ser realizado numa vida, ele se transfere para nova existência na carne daquele mesmo ser espiritual que errou e não de outro. É este, pois, o sentido da afirmativa de que a "iniquidade dos pais" é cobrada pela lei divina "na terceira ou na quarta geração". Ou seja, aquele que cometeu o erro irá nascer de novo — em outro corpo físico, em outra época, com outro nome, em outra existência, portanto — a fim de resgatar as suas culpas.

Só raramente tal renascimento ou reencarnacão ocorre logo na segunda geração. Seria necessário, para isto, que o indivíduo morresse ainda relativamente jovem e se reencarnasse imediamente, ainda como filho ou filha do cônjuge sobrevivente. Exemplifiquemos para maior clareza. João e Maria são casados. Suponhamos que João morra ainda jovem em consequência de um acidente. Maria, viúva, casa-se pouco depois com Pedro e começa a ter filhos com o novo esposo. Entre esses poderá renascer o "falecido" João, agora como filho daquela que foi sua própria esposa, ou seja, na segunda geração, segundo a linguagem bíblica.

O mais comum, porém, é que tais renascimentos ocorram, como diz o Decálogo, na terceira ou na quarta geração ou, mesmo, muito mais tarde e não necessariamente no mesmo grupo familiar. Depreende-se, pois, que quem escreveu o texto do Primeiro Mandamento tinha plena consciência do mecanismo das vidas sucessivas, ou seja, sabia que o Espírito costuma renascer três ou quatro gerações adiante, a fim de resgatar seus erros ou dar prosseguimento às suas tarefas.

A severa linguagem da época atribuía ao próprio Deus um propósito punitivo, o que é falso, mas ensinava também que a oportunidade do reajuste ocorreria nas gerações ou renascimentos seguintes, quando aqueles mesmos espíritos voltariam animando a personalidade de netos e bisnetos. Não há dúvida, pois, de que o Decálogo consagra logo no seu Primeiro Mandamento estes três princípios fundamentais: a responsabilidades pessoal de cada um, o resgaste pela expiação e a reencarnação.

06 - Coragem - Espíritos Diversos - pág. 18

3. CULTIVANDO PACIÊNCIA

Cultivando paciência: Se você foi vítima de preterição em serviço, reconhecerá que isso aconteceu, em favor da sua elevação de nível; se perdeu o emprego, ante a perseguição de alguém que lhe cobiçou o lugar, creia que alcançará outro muito melhor; se um companheiro lhe atravessou o caminho atrapalhando-lhe um negócio, transações mais lucrativas apareceráo, amanhã em seu benefício.

Se determinada criatura lhe tomou a residência, manejando processos inconfessáveis, em futuro próximo, terá você moradia muito mais confortável; se um amigo lhe prejudica os interesses, subtraindo-lhe oportunidade de progresso e ajustamento econômico, guarde a certeza de que outras portas se lhe descerrarão mais amplas aos anseios de paz e prosperidade.

Se pessoas queridas lhe menosprezam a confiança, outras afeições muito mais sólidas e mais estimáveis surgirão a caminho, garantindo-lhe a segurança e a felicidade.

Mas nunca pretiras, não persigas, não atrapalhes, não desconsideres, não menosprezes e nem prejudiques a ninguém, porque sofrer é muito diferente de fazer e a dívida é sempre uma carga dolorosa para quem a contrai.

Albino Teixeira

07 - Emmanuel - Emmanuel - pág. 39

A NECESSIDADE DA EXPERIÊNCIA :

Em vossos dias, a luta a cada momento recrudesce sobre a face do mundo; inúmeras causas a determinam e Deus permite que ela seja intensificada, em benefício de todos os seus filhos. Todas as classes são obrigadas a grandes trabalhos, mormente aos trabalhos intelectuais, porquanto procuram, com afinco, a solução da crise generalizada em todos os países.



Ponderando a grande soma dos males atuais, buscam elas remédios para as suas preocupações, espantadas com a situação econômica dos povos, cuja precariedade recai sobre a vida das individualidades, multiplicando as suas angústias na luta pelo pão cotidiano.



O quadro material que existe na Terra não foi formado pela vontade do Altíssimo; ele é o reflexo da mente humana, desvairada pela ambição e pelo egoísmo. O Céu admite apenas que o mundo sofra as consequências de tão perniciosos elementos, porque a experiência é necessária como chave bendita que descerra as portas da compreensão. Cada um, pois, medite no quinhão de responsa-bilidades que lhe toca e não evite o trabalho que eleva para as Alturas.



O MOMENTO DAS GRANDES LUTAS

Há quem despreze a luta, mergulhando em nociva impassibilidade, ante os combates que se travam no seio de todas as coletividades humanas; a indiferença anula na alma as suas possibilidades de progresso e oblitera os seus germens de perfeição, constituindo um dos piores estados psíquicos, porque, roubando à individualidade o entusiasmo do ideal pela vida, a obriga ao estacionamento e à esterilidade, prejudiciais em todos os aspectos à sua carreira evolutiva.



Semelhante situação não se pode, todavia, eternizar, pois para todos os espíritos, talhados todos para o supremo aperfeiçoamento, raia, cedo ou tarde, o instante da compreensão que os impele a contemplar os altos cimos... A alma estacionária, até então refratária às pugnas do progresso, sente em si a necessidade de experiências que lhe facultarão o meio de alcançar as culminâncias vislumbradas. .. Atira-se aí à luta com devoção e coragem. Vezes inúmeras fracassa em seus bons propósitos, porém, é nesse turbilhão de incessantes combates que ela evoluciona para a perfeição infinita, desenvolvendo as suas possibilidades, aprimorando os seus poderes, enobrecendo-se, enfim.



OS PLANOS DO UNIVERSO SÃO INFINITOS

Para os desencarnados da minha esfera, o primeiro dia do Espírito é tão obscuro como o primeiro dia do homem o é para a Humanidade. Somente sabemos que todos nós, indistintamente, possuímos germens de santidade e de virtude, que podemos desenvolver ao infinito.



Podendo conhecer a causa de alguns dos fenômenos do vosso mundo de formas, não conhecemos o mundo causal dos efeitos que nos cercam, os quais constituem para vós outros, encarnados, matéria imponderável em sua substância.



Se para o vosso olhar existem seres invisíveis, também para o nosso eles existem, em modalidade de vida que ainda estudamos nos seus primórdios, porquanto os planos da evolução se caracterizam pela sua multiplicidade dentro do Infinito.



Aqui reconhecemos quão sublime é a lei de liberdade das consciências e dessa emancipação provém a necessidade da luta e do aprendizado.



O PROGRESSO ISOLADO DOS SERES

A Ciência, a Arte, a Cultura, a Virtude, a Inteligência não constituem patrimônios eventuais do homem, conforme podeis observar; semelhantes atributos só se revelam, na Terra, nos organismos dos gênios, os quais representam a súmula de extraordinários esforços individuais, em existências numerosas de sacrifício, abnegação e trabalho constantes.

Todos os seres, portanto, laboram insuladamente, na aquisição dessas prerrogativas, de acordo com as suas vocações naturais, dentro das lutas planetárias. Paulatinamente, vencem imperfeições, aparam arestas, aniquilam defeitos em suas almas, norteando-as para o progresso, último objetivo de todas as nossas cogitações comuns.



O FUTURO É A PERFEIÇÃO

Integrada no conhecimento de suas próprias necessidades de aprimoramento, a alma jamais abandona a luta. Volta às existências preparatórias do seu futuro glorioso. Reúne-se aos seres que lhe são afins, desenvolvendo a sua atividade perseverante e incansável nos carreiros da evolução.



Em existências obscuras, ao sopro das adversidades, amontoa os seus tesouros imortais, simbolizados nas lições que aprende, devotadamente, nos sofrimentos que lhe apuram a sensibilidade. Cada etapa alcançada é um ciclo de dores vencidas e de perfeições conquistadas.



O QUE SIGNIFICAM AS REENCARNAÇÕES

Cada encarnação é como se fora um atalho nas estradas da ascensão. Por esse motivo, o ser humano deve amar a sua existência de lutas e de amarguras temporárias, porquanto ela significa uma bênção divina, quase um perdão de Deus.



A golpes de vontade persistente e firme, o Espírito alcança elevados pontos na sua escalada, nos quais não mais estacionará no caminho escabroso, mas sentirá cada vez mais a necessidade de evolução e de experiência, que o ajudarão a realizar em si as perfeições divinas.





11 - Justiça Divina - Emmanuel - pág. 115

Quando a morte do corpo terrestre nos conduz à sociedade dos Espíritos, muitas vezes somos cercados pelo amor puro, a mergulhar-nos em divino clarão.



Antigos afetos, que o tempo não nos riscou da memória, ressurgem, de improviso, envolvendo-nos na melodia da ventura ideal; amigos, a quem supúnhamos haver servido com algum pequenino gesto beneficente, repontam do dia novo, descerrando-nos os braços; sorrisos espontâneos, por flores de carinho, desabrocham em semblantes nimbados de esplendor.



Quase sempre, contudo, ai de nós!... Reconhece-mo-nos no festival da alegria perfeita, à feição de lodo movente, injuriando o carro solar. Quanto mais a bondade fulgura em torno, mais nos oprime o peso da frustração.



Temos o peito, qual violino de barro, que não consegue responder ao arco de estrelas que nos tange as cordas desafinadas, e, do coração, semelhante a címbalo morto, apenas arrancamos lágrimas de profundo arrependimento para chorar.



Lamentamos então as lutas recusadas e as oportunidades perdidas! Deploramos a passada rebeldia, ante os apelos do bem que nos teriam conquistado merecimento, e a fuga deliberada aos testemunhos de humildade que nos haveriam propiciado renovação.



Sentimo-nos amparados por indizíveis exaltações dei claridade e ternura; no entanto, por dentro, carregam os ainda remorso e necessidade.



É assim que nos excluímos, por nós mesmos, da assembléia gloriosa, suplicando o retorno às arenas do mundo, até que a reencarnação nos purifique, nas aquisições de experiência e valor.



Alma que choras na teia física, louva o tronco de sofrimento a que te encontras temporariamente agrilhoada na Terra!

Abençoa os espinhos que te laceram. Abençoa o pranto que te lava os escaninhos do ser.



Executa com paciência o trabalho que a vida te pede, porque, um dia, os companheiros amados que te precederam na vanguarda de luz estarão contigo, em preces de triunfo, a desatarem-te as últimas algemas, de modo a que lhes partilhes os cânticos de vitória, na grande libertação.

12 - Lampadário Espírita - Joanna de Ângelis - pág. 143, 199

34. BEM E MAL SOFRER

Afasta a nuvem cinzenta do pessimismo e da queixa, enquanto a dor se demora contigo, concedendo ao sol da esperança a oportunidade de fulgir ante os teus olhos acostumados às sombras das recriminações. Enquanto não te disponhas ao combate contra a autopiedade e a autoflagelação por morbidez, ninguém poderá fazer nada por ti.

Observa o vôo ligeiro da ave colorida, o desabrochar de uma flor, a vitória da germinação de uma semente, o canto de delicado filete dágua na frincha da rocha, o triunfo da árvore, o milagre do pão, o deslumbramento do nascente, o ritmo da vida nos insetos, nos animais, em toda parte, e encontrarás as mãos divinas agindo, produzindo, zelando . . .



A inteligência e o «dom» do raciocínio não te foram concedidos através das múltiplas etapas da evolução para que somente reclames, amaldiçoes, azorragues . . . Não lances invectivas contra isto ou aquilo, antes faze algo para corrigir seja o que for que não esteja certo. Se o dever que reclamas nos outros se corporificasse em teus atos, outros possivelmente aprenderiam contigo otimismo e ação, produzindo para melhorar todas as coisas que podem e devem ser melhoradas.



Quando te entregas ao desânimo e o espalhas, conspiras contra a ordem natural, o equilíbrio e o progresso da vida. E' pernicioso mal sofrer, malbaratando a oportunidade de aproveitar bem a lição do sofrimento. Procuras sofismar quanto ao bem e ao mal, tentando fugir à responsabilidade.



O bem é tudo quanto estimula a vida, produz para a vida, respeita e dignifica a vida. O mal é toda ação mental, física ou moral que atinge a vida perturbando-a, ferindo-a, matando-a. Se cultivas os cogumelos do pessimismo, respiras, evidentemente, em clima de sombras morais e umidade psíquica asfixiante.



Inadvertidamente enfermas e por irresponsabilidade laboras e colaboras no mal. Tens nos olhos duas estrelas engastadas no céu da face. Põe-nos a derramar a claridade da visão feliz pela senda por onde segues, apesar de estares sofrendo. Utiliza as mãos no algo produzir, embora sob acúleos de dores .



Ouve em derredor! Há mutilados esperando tuas mãos e teus pés, cegos do corpo e cegos da razão, necessitados dos teus olhos e da claridade do teu discernimento, mais sofredores do que tu próprio. Acalma o vozerio agitado da tua mente alvoroçada pela revolta, ou desperta-a, adormentada que se encontre nos tecidos da comodidade, da preguiça ou do cansaço de sofrer, e escutarás, sim, mil vozes, algumas tão debilitadas pela fraqueza que será mister um grande esforço para identificá-las, chorando e rogando socorro baixinho às fortunas que possuis no corpo e no espírito e teimas por desperdiçar, ignorando-as.



Não te revoltes no crisol das dores, mesmo que sejam dores reais. A dor chega para que o espírito triunfe sobre ela, ao invés de ser por ela esmagado. Mas se tuas legítimas aflições forem muito grandes e esmagadoras, evoca Jesus, quando na via dolorosa, esmagado sob a cruz, e no entanto aconselhando e advertindo as «mulheres piedosas de Jerusalém», ou cravejado, logo depois, no madeiro de infâmia, convocando dois estranhos e desafortunados salteadores, neles semeando as esperanças do Reino de Deus, instantes antes do «momento extremo», e refaze as tuas forças, reconsidera a situação, recompõe os «joelhos desconjuntados» e avança, confiante, cantando a certeza de que, após a partida libertadora, uma madrugada sublime te alcançará, fazendo-te ditoso por fim, vitorioso com o bem.



49 - Sofrendo, mas confiante -

Respondendo à indagação do Codificador do Espiritismo sobre «onde está escrita a lei de Deus», os Embaixadores dos Céus foram taxativos: — «Na consciência.» Considerando a legitimidade de tão incisiva quanto concisa resposta, tranquiliza-te de referência às aflições que te dilaceram a esperança e ralam os teus sentimentos.



Insiste trabalhando no bem, mesmo que observes o tumulto da turbamulta em maldição contra todos e tudo, qual se se encontrasse imantada por forças poderosas do aniquilamento. Encontram-se, sim, manipulados esses espíritos desenfreados por outros espíritos do mesmo jaez que se desnudaram da carne e com os quais mantêm comércio de íntima identificação psíquica, comprazendo-se, enlouquecidos.



Despertarão depois do chamado de Deus, através da própria consciência. Talvez não os vejas modificados, nem os observes melhorados, mas isto pouco importa. Basta que despertem; e tal despertamento será inevitável. Rememorando tuas lutas, desfilam pela mente em agonia, ardendo em febre de sofrimento íntimo, os ingratos, os traidores, os caluniadores, os perversos, os perseguidores que agora, de longe, esqueceram do quanto lhes deste, do carinho com que os honraste sem que o merecessem e experimentas uma angústia tão grande que te faz temer pelo próprio equilíbrio, pela razão. Aguarda um pouco mais.



A nuvem plúmbea que obscurece o sol do teu discernimento, enquanto sofres, passará. Suporta um pouco mais. Não planeies para o futuro, nem penses como viverás os dias que virão, a sós, em abandono, sorvendo fel sob chuva de sarcasmo e zombaria dos que ficaram ao teu lado, embora longe de ti.



Vive o agora, atravessa o hoje fazendo o melhor cada dia. A eternidade é a vitória do tempo sobre o próprio tempo... O universo resulta do «milagre» do substrato do átomo... O espaço é cabedal da molécula...Toda a vida física na Terra teve início no gelatinoso protoplasma ...



No entanto, graças ao segundo-a-segundo, manifestam a glória da Criação. O ingrato é um doente que enlouqueceu ao fugir do teu aconchego. O traidor que procura esquecer, está enganado, enganando-se cada vez mais. O caluniador queixa-se, queimando-se no ácido da infâmia que espalha.



O perverso jornadeia em soledade incomparável sob tormentos atrozes. O perseguidor está fugindo de si próprio, enquanto se esconde avinagrando o próximo. Infelizes, estão procurando esquecer. Mas lembrarão; a memória os trairá quando a consciência fizer que releiam as leis de Deus nela insculpidas de maneira inamovível.



Apiada-te, desde agora, pois que perlustras a senda espinhosa que conduz à plena paz; e eles?... Como puderam aqueles ingratos, traidores, caluniadores, perversos e perseguidores anular na mente o que viram, o que receberam, o que tiveram, o que experimentaram ao convívio com o Mestre Divino nos cenários incomparáveis da Galiléia romântica e nobre ou na áspera Judeia fria e severa ?!... No entanto, não foram os estranhos, os que apenas foram informados sobre o Rabi, que traçaram as linhas do martírio do Justo...



Os falsos representantes do povo que armaram as ciladas e engendraram a crucificação conheciam-no, sabiam a verdade. Todavia... Jesus, porém, sabia com mais segurança que neles estavam escritas as leis do Pai e que, cada um, a seu turno, retornaria à senda para recuperar o tempo perdido, libertando-se da crueldade que os malsinava. Conforta-te, ante a lembrança e evocação d'Ele e esquece-os. Romperam os laços contigo e, mesmo sofrendo, estás livre deles, os trânsfugas, para rumares na direção da Grande Luz.

16 - O Livro dos Espiritos - Allan Kardec - questões. 133a, 255, 727, 933 ,970

Perg. 133 - Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem, têm necessidade da encarnação?

- Todos são criados simples e ignorantes e se instruem por meio das lutas e tribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer felizes a alguns, sem penas e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito.

Perg. 133a - Mas, então, de que serve aos Espíritos seguirem o caminho do bem, se isso não os isenta das penas da vida corporal?

- Chegam mais depressa ao alvo. Além disso, as penas da vida são frequentemente a consequência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeito ele for, menos tormentos sofrerá. Aquele que não for invejoso, nem ciumento, nem avarento ou ambicioso, não passará pelos tormentos que se originam desses defeitos.

Perg. 255 - Quando um Espírito diz que sofre, de que natureza é o seu sofrimento?

- Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente que os sofrimentos físicos.

Perg. 727 - Se não devemos criar para nós sofrimentos voluntários que não são de nenhuma utilidade para os outros, devemos no entanto preservar-nos dos que prevemos ou dos que nos ameaçam?

- O instinto de conservação foi dado a todos os seres contra os perigos e os sofrimentos. Fustigai o vosso Espírito e não o vosso corpo, mortificai vosso orgulho, sufocai o vosso egoísmo, que se assemelha a uma serpente a vos devorar o coração, e fareis mais pelo vosso adiantamento do que por meio de rigores que não mais pertencem a este século.

Perg. 933 - Se é homem, em geral, o artífice e dos seus sofrimentos materiais, sê-lo-á também dos sofrimentos morais?

- Mais ainda, pois os sofrimentos materiais são às vezes independentes da vontade, enquanto o orgulho ferido, a ambição frustrada, a ansiedade da avareza, a inveja, o ciúme, todas as paixões, enfim, constituem torturas da alma. Inveja e ciúme! Felizes os que não conhecem esses dois vermes vorazes. Com a inveja e o ciúme não há calma, não há repouso possível. Para aquele que sofre desses males, os objetos da sua cobiça, do seu ódio e do seu despeito se erguem diante dele como fantasmas que não o deixam em paz e o perseguem até no sono. O invejoso e o ciumento vivem num estado de febre contínua. É essa uma situação desejável? Não compreendeis que, com essas paixões, o homem cria para si mesmo suplícios voluntários e que a Terra se transforma para ele num verdadeiro inferno?

Perg. 970 - Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores?

- São tão variados quanto as causas que os produzem, e proporcionais ao grau de inferioridade, com os gozos são proporcionais ao grau de superioridade. Podemos resumí-los assim: cobiçar tudo o que lhes falta para serem felizes: mas não poder obtê-lo; ver a felicidade e não poder atingí-la, ciúme, raiva, desespero, decorrentes de tudo o que os impede de ser felizes; remorsos e uma ansiedade moral indefinível. Desejam todos os gozos e não podem satisfazê-los. É isso o que os tortura.

23 - Vinhas de luz - Emmanuel - pág. 173

80. COMO SOFRES?



"Mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte." — Pedro. (I PEDRO, 4:16.)

Não basta sofrer simplesmente para ascender à glória espiritual. Indispensável é saber sofrer, extraindo as bênçãos de luz que a dor oferece ao coração sequioso de paz.

Muita gente padece, mas quantas criaturas se complicam, angustiadamente, por não saberem aproveitar as provas retificadoras e santificantes?

Vemos os que recebem a calúnia, transmitindo-a aos vizinhos; os que são atormentados por acusações, saltam; e os que pretendem eliminar enfermidades reparadoras, com as desesperação. Quantos corações se transformam em poços envenenados de ódio e amargura, porque pequenos sofrimentos lhes invadiram o círculo pessoal? Não são poucos os que batem à porta da desilusão, da descrença, da desconfiança ou da revolta injustificáveis, em razão de alguns caprichos desatentidos.

Seria útil sofrer com a volúpia de estender o sofrimento aos outros? não será agravar a dívida o ato de agressão ao credor, somente porque resolveu ele chamar-nos a contas?

Raros homens aprendem a encontrar o proveito das tribulações. A maioria menespreza a oportunidade de edificação e, sobretudo, agrava os próprios débitos, confundindo o próximo e precipitando companheiros em zonas perturbadas do caminho evolutivo.

Todas as criaturas sofrem no cadinho das experiências necessárias, mas bem poucos espíritos sabem padecer como cristãos, glorificando a Deus.

25 - NASCER E RENASCER - EMMANUEL - PÁG. 63

ACEITEMOS A DOR: Aceitemos realmente a dor na condição de apoio celeste com que a Divina Providência nos enriquece o caminho. Toda a natureza para ajudar a experiência do homem, alimentando-o e amparando-o, padece constantes dilacerações. Para transformar-se em sementeira proveitosa, morre o grão esquecido no solo.

Para converter-se a espiga em farinha, humilha-se, asfixiada, sob a mó que a tritura. Para dar-se em pão abençoado à mesa, submete-se a farinha à elevada tensão do forno. Para servir no levantamento do edifício, sofre a pedra a pressão do martelo. Para oferecer-se em beleza e brilho, obedece o seixo bruto ao buril que o aprimora.

Para responder às necessidades do conforto, desce o tronco aos insultos da lâmina. Para contribuir no progresso, encontra o metal as injúrias do fogo. A responsabilidade na oficina do caráter, é luz que engrandece todo espírito que lhe atende as obrigações. Não lamentes a dificuldade e nem amaldiçoes o sofrimento que porventura te busquem. Não temas a dor, na escola da vida, e recolhe, em silêncio, as bênçãos de que se faz emissária. Não te enganes com as aparências.

Quando te vejas no usufruto dessa ou daquela promoção, atento às circunstâncias do mundo, às imposições dos que te cercam ou às convenções em que a existência se te condiciona, escolhe a senda da abnegação, em auxílio aos outros, porque o Senhor nos ensinou, em espírito e verdade, que somente a preço do esforço máximo pela vitória do bem com o esquecimento de todo egoísmo, é que escalaremos o monte da paz com a nossa própria renovação.



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