quinta-feira, 7 de outubro de 2010

PEDRAS DE TROPEÇO

"todos aqueles que contribuirem para o desenvolvimento espiritual de um irmão, serão reconhecídos em toda e qualquer dimensão, porém os que dificultarem, truncarem ou demotivarem, serão responsabilizados pela ação.  (um espírito amigo)
Iniciamos este estudo buscando compreender o que é o escândalo, Em nota de rodapé do Evangelho Segundo o Espiritismo, edição da FEB, onde encontramos a seguinte observação:

Nas traduções mais recentes e mais fiéis da Bíblia, a palavra escândalo está expressa por tropeço (na tradução em Esperanto falilo), querendo significar que Jesus se referia a tudo o que leva o homem à queda: o mau exemplo, princípios falsos, abuso do poder, etc.

No sentido moderno, escândalo apenas representa a exposição pública de ato indecoroso, fazendo com que a imagem de quem cometeu tal ato seja manchada e sua reputação ante a sociedade caia em declínio. Todavia, se apreciarmos o sentido evangélico da palavra, ou seja, o sentido que Jesus quis lhe dar, vemos que a repercussão pública, a exposição do “erro” não é necessária. Escândalo, então, assume a conotação de tudo que é consequência efetiva do mal praticado. Mesmo abafado, escondido, camuflado, ele não deixa de ter repercussão ante as Leis Divinas, disparando o mecanismo de causa e efeito.

Vamos exemplificar este escândalo. Um homem distinto, considerado de boa reputação comete um crime, um assassinato, por exemplo. Entretanto, este crime nunca é resolvido, ele nunca se faz exposto. Deixou de ter existido o crime? Não! O escândalo se fez! O mal efetivou-se! A ocultação do crime não torna este homem menos responsável pelo acontecido. Da mesma forma dá-se com qualquer ato que resulte no sofrimento alheio.

Jesus disse: é necessário que haja o escândalo! Vimos que o escândalo nada mais é do que o tropeço, o erro, uma ação má. Se pensarmos que fomos criados simples e ignorantes e que o mal nada mais é que o fruto desta ignorância, ou seja, o mal é resultado direto de nossa imperfeição, compreenderemos que, com propriedade, Jesus colocou-nos apenas em nossa condição de seres em evolução, onde agir de forma desarmônica com as leis Divinas expressa, na verdade, o livre arbítrio que nos foi dado para traçar o próprio caminho, sendo que, o ponto final, o destino, é o mesmo para todos: alcançar a perfeição.

Naturalmente, se somos livres para escolher, nossas escolhas vão variar de acordo com a realidade evolutiva de cada um. Quando optamos pelo mal é porque aquele caminho nos parece o mais correto naquele momento. A visão curta da imperfeição nos leva a escolher a porta larga, pois, aparentemente é a certa. É a que nos oferece menos sacrifício à primeira instância. Criamos mecanismos de justificativa para aquela tomada de decisão, obviamente baseados naquilo que nos é conveniente, sempre nos dando razão.

Pensamos assim: eu não tenho dinheiro... ele tem de sobra... vou roubar, ora! Quem não tem uma justificativa para seus erros? E elas fazem parte do quanto conseguimos enxergar do mundo, das relações humanas, de nós mesmos, etc. Quem disse que errar é humano foi muito feliz! Realmente. Errar é humano, faz parte de nossas escolhas, do uso do livre arbítrio. Permanecer no erro é burrice, diz o complemento da frase, dado por alguns. Permanecer no erro é estagnar no caminho, é mostrar-se ainda cego à verdade. É afirmar a própria ignorância.

Jesus também deu complemento à sua frase: Mas, ai daquele por quem venha o escândalo! Jesus, nosso querido amigo, veio-nos ensinar e mostrar a possibilidade da prática. Tem em seu coração uma enorme compaixão por todos nós, fruto de seu imenso amor. Quando penso em Jesus proferindo estas palavras, não o vejo usando-se de tom ameaçador, como muitos de nossos dirigentes  faziam ou fazem conosco. Quem de nós não treme quando ouve mentalmente um: mas ai de você!!!! Imediatamente vem-nos a idéia de punição, de sofrimento em retorno ao que se fez! Não vejo este tom em Jesus. Creio que este “ai” venha como lamento, entristecimento de sua parte por saber que ainda tropeçamos e não entendemos. Minha visão poética do tom, se me permitem!

Jesus nos diz, ai daquele por quem venha o escândalo! Ai daquele que tropeça ainda em sua própria ignorância. Ele sabe da inevitável necessidade de erguermo-nos após a queda. Sabe que serão necessários alguns meios para despertarmos. Sabe que, muitas vezes, para compreendermos que aquilo que fizemos ao nosso próximo gera sofrimento e dor, precisamos vivenciar esta dor, senti-la em nosso peito, na tentativa de nos fazer acordar e continuar a caminhada. Não há neste sentido punição ao erro e sim tentativa de despertar, derrubar as justificativas que construímos em torno de nós mesmos, mostrar-nos que, o que antes parecia o mais certo a fazer não passava de pura ilusão.

Ainda em sequência, Jesus mostra-nos como nos livrarmos deste mal, do escândalo, das más tendências, que Kardec afirma precisarmos eliminar a fim de sermos bons. Se vossa mão é causa de escândalo, cortai-a. Esta figura de linguagem forte, enérgica, traz proposta de reforma. Cada um de nós deve, ao longo da vida, procurar eliminar de si próprio toda e qualquer causa de escândalo. Arrancar as raízes dos vícios que nos cegam e estagnam na ignorância. A reforma íntima exige de nós esta atitude enérgica, esta luta contra nossa ignorância, mãe de todos os males. Exige que tenhamos visão clara de nós mesmos, pelo uso do autoconhecimento, e que nos libertemos de tudo que nos pesa na bagagem: o egoísmo, o orgulho, a intolerância. Somos a expressão do que vai dentro de nós. Dessas expressões nasce o escândalo. Cortar a mão significa fechar o canal de expressão que acaba por ferir o próximo. Eliminar o que, em nossas vidas, leva-nos a cair.

Kardec orientou-nos rumo ao amor e à instrução. Sua célebre frase faz uma releitura dos maiores ensinamentos de Jesus: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo, este o maior. E outro fundamental a meu ver: conhece a verdade e ela te libertará! Precisamos estar alertas de que a limpeza de nossos corações está diretamente relacionada ao remexer do solo, à remoção das ervas daninhas. O preparo deste solo, areando-o com amor e sabedoria, deixando o sol, que é o amor do Pai, penetrar-lhe o íntimo, espantando a escuridão. E, então, seremos terreno fértil, onde as sementes Divinas brotarão e darão frutos.

Não há necessidade de de temer-mos encarar publicamente os nossos erros, eles fazem parte da nossa longa estrada evolutiva nem de fazer-mos valer a nossa força para amordaças nossos semelhantes, esta não é e nunca foi a pratica do modelo maior da humanidade, NOSSO SENHOR JESUS CRISTO.

P.Moryah




















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