sábado, 9 de outubro de 2010

SOU ESPIRITA...LOGO PENSO!

"(...)por não renunciarem ao raciocínio e ao livre-arbítrio; porque não lhes é interdito o exame, mas, ao contrário, recomendado; enfim, porque a doutrina não foi ditada completa,nem imposta à crença cega; porque é deduzida, pelo trabalho do homem, da observação dos fatos que os Espíritos lhe põem sob os olhos e das instruções que lhe dão, instruções que ele estuda, comenta, compara, a fim de tirar ele próprio as ilações e aplicações." Allan Kardec


                                      AUTO CRITICA NO CENTRO ESPIRITA

 Tranquilidade ou apatia? A atitude dos dirigentes espíritas diante da falta de público nas instituições.

Em muitos Núcleos Espíritas que visitamos  temos nos deparado com públicos que não ultrapassam 10 a 20% dos lugares disponíveis para as reuniões doutrinárias.

O expositor, diante de uma audiência que se conta nos dedos, tenta não se influenciar por isto e faz seu trabalho da melhor maneira possível. O que chama atenção, todavia, é a postura do dirigente diante daquela situação. Nestes vinte anos de palestras do litoral ao sertão, já ouvi todo tipo de explicação ou de falta de explicação que permite percebermos a existência de três grupos básicos de comportamentos.

O primeiro grupo é exatamente o da “explicação zero”. O dirigente simplesmente não toca no assunto e faz as honras da casa, a abertura da reunião e toda sequência do trabalho como se o salão estivesse cheio. Agradece pela presença e vai pra casa satisfeito. Se perguntado a respeito responde que é assim mesmo e muda de assunto.

Outros dirigentes não disfarçam o constrangimento diante da presença de um “palestrante de fora” e tocam no assunto apresentando explicações, das quais nascem os outros dois grupos.

O primeiro é o das explicações circunstanciais, relacionadas a uma situação casual, fortuita, que explica a ausência do público naquele dia. É o último capítulo da novela, é um evento na cidade, é o feriadão e outras explicações acidentais externas à instituição. Difícil pra este grupo é explicar a “coincidência” do público pequeno toda vez que se volta ali...

O outro grupo das explicações é o que sempre culpa o desinteresse do público. Aborrecido, comenta do desinteresse das pessoas pelas coisas sérias, reclama que o mundo está de cabeça para baixo e que as pessoas perderam a referência e preferem valorizar outras coisas a estar ali na palestra.

Com certa raiva comentam: as pessoas preferem estar na praia, no barzinho, no shopping, na viagem ou no churrasco com a família do que vir ao Centro Espírita. E ameaça: depois, quando vem a dor... aí sabem nos procurar...

Não sei se você notou que apesar das diferenças dos três tipos eles tem em comum o fato de que a explicação, a causa da baixa freqûencia é sempre externa à instituição, está sempre fora do Centro Espírita.

Pessoalmente não lembro de já ter ouvido uma explicação ou mesmo uma suspeita na cabeça dos dirigentes de que o problema poderia estar na gestão da instituição. Não há autocrítica, não se avalia a oferta, só a demanda.

Não quero, nem teria condições de apresentar aqui nenhum tipo de diagnóstico, embora tenha minha leitura de algumas situações que, claramente não contribuem para aumentar a procura pelo Centro Espírita.

Temos na Doutrina Espírita uma mensagem, um conteúdo absolutamente rico, inovador e Se a instituição não faz nenhum tipo de avaliação a respeito de suas atividades, não vai conseguir ir além das desculpas genéricas ou das reclamações sem fundamento. Se os dirigentes não questionam a qualidade do que se está oferecendo nas diversas atividades da instituição, nunca terá certeza quanto às possíveis causas da ausência do público.

Por isso mesmo vale a pena se perguntar:

Nossa instituição é confortável? As instalações são agradáveis e os ambientes são salubres, sem umidade e sem sujeira? Nossa iluminação é adequada? As cores são atrativas? Enfim, temos um ambiente físico aconchegante que dá vontade de voltar?

Somos um grupo hospitaleiro? Os voluntários da instituição estão preparados para receber as pessoas com gentileza e disponibilidade? Como gestores, temos algum tipo de planejamento para melhorar esta receptividade?

E a qualidade das nossas reuniões doutrinárias? Os expositores estão bem preparados? Cultivam o hábito do estudo e da leitura? Tem um bom nível de conhecimentos gerais que permitam fazer relações com o conhecimento espírita? Usamos recursos multimídia nas exposições? Trata-se de temas interessante? Há algum tipo de interatividade com o público?

Os serviços oferecidos pela instituição à comunidade (grupos de estudo, atividades assistenciais, biblioteca, livraria, atendimento individual, etc) apresentam bons resultados? As pessoas estão satisfeitas com estes resultados? Quem e quantas pessoas sentiriam falta destes serviços caso fossem interrompidos?

Temos uma missão institucional? Além da missão fundamental de propagação dos princípios doutrinários de todo Centro Espírita, temos clareza de nosso papel como instituição socialmente inserida no cotidiano de uma comunidade, de um município, de um Estado e de um país?

Estabelecemos algum tipo de parceria com projetos, programas ou políticas públicas voltados à questões sociais, ambientais e de desenvolvimento sustentável? Integramos algum tipo de rede social ou parceria com outras organizações do terceiro setor?

Nossa instituição tem procurado integrar-se às linguagens e tecnologias disponíveis atualmente com a Internet como, por exemplo, sites, email, blogs, chats, grupos de discussão e outros?

Estas perguntas talvez possam ajudar a iniciar um trabalho de autocrítica, de avaliação “para dentro”, cujo objetivo seja identificar onde estamos falhando, onde podemos melhorar para que nossas instituições sejam mais atrativas, mais aconchegantes e, principalmente, mais necessárias à qualidade de vida das pessoas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário