domingo, 8 de maio de 2011

TIRANIA


Uma mulher foi procurar Napoleão Bonaparte, em pleno campo de batalha, porque o seu filho, de 18 anos, soldado das tropas de Napoleão, havia sido condenado à morte.
O rapaz roubava o pequeno soldo que os demais colegas recebiam; quando pilhadas as cidades, praticava crimes tremendos, para obter a maior quantidade possível de objetos das populações locais, cometia atos atrozes... isso indignara de tal forma seus colegas, pela torpeza com que aquele rapaz, jovem ainda, praticava os seus atos, que eles formaram um grupo e foram até o próprio Napoleão, o general das tropas, pedir que alguma coisa fosse feita.
Uma vez julgado, o rapaz fora, sim, condenado, e a mãe daquele soldado parte, então, a procurar Napoleão, para pedir pela vida do filho, embora soubesse, muito bem, que seu filho fosse culpado...Como mãe, conhecia muito aquele espírito, antes mesmo de ele vir a se tornar soldado. Sabia de sua índole. Entretanto, como toda mãe, tinha ainda a esperança de que a própria situação difícil que o rapaz agora vivia servisse-lhe de lição. E vai, então, até Napoleão, a implorar-lhe que o filho não fosse fuzilado, que outra pena lhe fosse aplicada, mantendo-lhe a vida...
Imediatamente, parte essa mãe. Na certeza de que seu filho seria condenado, ela pede a Napoleão que ali usasse, não de justiça, mas de misericórdia, porque, pela justiça, com certeza, o filho mereceria morrer... E Napoleão, então, surpreso pela atitude desesperada daquela mãe, que sabia que ele era um homem reconhecidamente duro e que não perdoaria com facilidade o rapaz frente aos seus comandados, porque isso teria repercussão, comuta a pena de morte e decide por outra pena, para que aquele soldado ainda pudesse viver. Napoleão manda que rebaixem o rapaz, que passa a ser o lavador de cavalos durante e depois de todas as batalhas.
O trato dos animais era, na guerra, um trabalho considerado humilhante, e aquele soldado, que tinha a pretensão de seguir a carreira militar, vê-se, então, às voltas com baldes, escovas e com cavalos, embora tivesse, graças ao amor de sua mãe, a vida mantida.
A verdade é que o grande general Napoleão Bonaparte ficara tão impressionado com aquela mulher, que, ainda bem mais tarde, voltava-se a contar às pessoas, quando tomou para si a coroa da França, que raras vezes tinha visto, em toda a sua vida, mulher tão inteligente e forte, embora fosse, para os padrões do mundo, completamente analfabeta... E ele mesmo sabia que, em verdade, havia se dobrado à força daquela mãe, porque ele tinha consciência, em seu coração, do tirano que ele poderia ser, se assim o decidisse... E, embora isso, apesar de toda a tirania pronta a irromper do coração do general, aquela mulher, aquela mãe, apela para a sua misericórdia.
E foi aquela mulher mesma quem disse a Napoleão, no diálogo que se estabeleceu entre os dois: “eu apelo ao perdão que, certamente, virá do seu coração de chefe, porque estou falando de misericórdia, e não de justiça. Sei que, pela justiça, meu filho estará condenado, porque ele deu razões para isso... Mas falo de misericórdia, senhor!...”.E é por esse mesmo motivo que, quando as pessoas iam se queixar da vida para Chico Xavier, ouviam sempre da boca dele: “graças a Deus, pois é a misericórdia de Deus que dirige nossas vidas!... Se fosse a justiça dele, nós não suportaríamos...”.
Lembramo-nos, na expressão do Chico, de que todos nós viemos do passado com grandes dívidas e de que muitos de nós, ainda hoje, se olharmos bem no nosso coração, veremos que temos ainda muitas dificuldades em controlarmos as emoções mais rígidas, aquelas mais contundentes em relação aos nossos semelhantes.
No “Evangelho Segundo o Espiritismo”, quando se fala em família, os espíritos já nos lembram que há aquelas pessoas que, fora de casa, consegue ser extremamente generosas, nobres e dignas, mas, dentro de casa... Dentro do próprio lar são verdadeiros tiranos domésticos, detestados por seus familiares pela maneira extremamente rude como se conduzem em sua relação com eles.
E aí é impressionante notar que Jesus sabia tanto disso, das dificuldades que teríamos em conter as nossas emoções menos nobres, que até mesmo quando lhe apresentou a moeda romana que trazia o rosto de César, ele, sabiamente, disse: “dai, a César, o que é de César; a Deus, o que é de Deus”...
Mil interpretações podem ser dadas a essa frase, mas, principalmente, que a vida na matéria precisa ser conduzida com equilíbrio... E, para além do equilíbrio, também com noções de vida espiritual, porque, se não for assim, nós podemos nos tornar pessoas descrentes, duras nos nossos sentimentos, pessoas como as que vimos muitas vezes, que afirmam a mancheias que “não fazem caridade, porque conhecem pessoas que fizeram o bem e que não receberam recompensas por isso”...
Certa feita, conversando com um amigo que trabalha numa unidade do Conselho Tutelar, que trata da adoção de crianças, ele comentava comigo, tristonho, sobre caso recente, de um homem que foi preso, no Rio de Janeiro, por ter mandado, em 2007, matar o seu pai adotivo, dono de uma rede de restaurantes.Eu achava estranha a ponderação dele, até entender, quando ele me disse: “quando surge uma notícia como essa, isso se espalha com uma rapidez, as pessoas logo passam a comentar e tem sempre aquele que diz: “está vendo?! ...É por isso que eu não adoto criança nenhuma!... Ta vendo?! “Foi adotado, levou anos ao lado daquele pai adotivo, até que, por ambição, manda matá-lo...”. Sem enxergar que as tiranias, as torpezas, muitas vezes acontecem também, ao nosso lado, vindas daqueles a quem estamos biologicamente ligados.
Na verdade, os espíritos amigos sempre nos dizem que os filhos que optamos por trazer para o nosso coração através da adoção são, muitas vezes, muito mais ligados a nós, de uma forma ou de outra, do que os filhos biológicos.
E, sobre parentes, biológicos ou não, adotados ou não, inclusive os espíritos também nos dizem que, quando menosprezamos alguém, maltratando essa pessoa e afastando-a do nosso convívio, por egoísmo, por orgulho, muitas vezes vamos reencontrar essa mesma pessoa, numa outra vida, na condição de ainda não nos ter perdoado. Vamos reencontrar essa pessoa na forma, por exemplo, do um ladrão que invade a nossa casa, já que, numa existência anterior, não foi recebido pelo nosso afeto, pelo nosso carinho.
Danton, um dos mestres, um dos organizadores, um dos pensadores da Revolução Francesa, foi condenado por seus antigos amigos a ser decapitado. ]Ele, que tinha feito a própria Revolução Francesa para terminar a sua vida sob a tirania dos “Luízes”, que, há tanto tempo dominavam a França, ia ter a própria cabeça cortada. Diante daquele episódio tirânico por excelência, então Danton pede ao carrasco, que tinha por ele profunda admiração - afinal, ele fora um dos pais da Revolução - que, quando a sua cabeça fosse cortada, pegasse-a pelos cabelos e a colocasse bem alto, para que todos pudessem vê-la: ele já havia aprendido, na sua própria sorte, que o povo também sabia ser tirano...
Pela história sabemos que Robespierre resolvera que Danton precisava morrer, e o povo, que até ontem aclamara Danton, como sói acontecer, tresloucado, vai à praça pública, ver cortada a cabeça daquele pensador.
“Nesse episódio, quando Danton passa, na carroça, amarrado pelas costas, na direção da praça onde morreria, vê Robespierre, que, da janela, o observava e – contam-nos os espíritos – diz a ele: “ hoje sou eu, Robespierre. “Amanhã, no entanto, será o seu dia...”. O que, na verdade, em breve, veio a acontecer.
Quantos tiranos a humanidade já não conheceu?! Levam as criaturas à loucura de acreditarem que são superiores e que precisam dominar os outros.
Desde muito antes de a Segunda Grande Guerra começar, Adolf Hitler era chanceler da Alemanha. Ele e todos os espíritos terríveis que o assediavam cooptavam a mente das pessoas, pois sabiam muito bem que havia terrível complexo no povo alemão, pela perda da Primeira Guerra Mundial e das terras que antes eram da Alemanha e que haviam sido transformadas.E é justamente para esse ponto, o ponto do orgulho ferido e dilacerado, que ele dirige a atenção da mente do seu povo.
E, hoje, quando a gente vê os filmes, quando revê as cenas daquela época, logo pensa: “mas, que hipnose coletiva foi aquela?!?!” “ Que homem quase insignificante foi aquele, que fez com que tantas criaturas acreditasse m serem superiores aos demais e que, por isso, deveriam dominar o mundo, custasse o que custasse?”...
No início da década de 1930, quando Adolf Hitler apareceu para as grandes massas,grandes líderes de outras nações lamentaram não serem eles mesmos alemães, e iam para os jornais dizer: “ quem dera nosso país tivesse um estadista da estatura de Adolf Hitler!...”. E esse mesmo Hitler, com toda a sua loucura e desvario, foi capaz de levar, não só todo o seu país, mas criaturas de diversas partes do mundo a acreditarem que haveria superioridade em determinadas raças que deveria prevalecer sobre as outras...
Alguns anos depois, os espíritos nos contaram que já havia, desde os tempos da Idade Média, um pacto terrível feito entre todos aqueles espíritos que, durante seis anos, levaram a destruição e a morte a quase todo o planeta. Quem já leu “Nosso Lar”, de André Luiz, lembra-se: os espíritos preocupados observam que a espiritualidade maior deveria preparar mais e mais trabalhadores do bem, naqueles idos de 1939, porque, com a Segunda Grande Guerra, as tiranias na Terra chegariam a níveis de loucura.
Importante pensar também, sobre esse assunto, que existem as tiranias afetivas, que se expressam quando achamos que só nós merecemos ser amados, que aquela pessoa que tanto amamos não pode gostar de outra pessoa, ou dividir com outra pessoa a sua atenção...
No livro “Entre a Terra e o Céu”, André Luiz, em 1954, psicografa a história de Amaro, Zulmira, Evelina e Júlio, uma família. Amaro, um ferroviário, casado em segundas núpcias com Zulmira, porque sua primeira esposa havia desencarnado e Evelina e Júlio, seus filhos do primeiro casamento.
Zulmira era tão exclusivista, em sua tentativa de conquistar o amor do esposo, que começou a desejar que alguma coisa ruim acontecesse a Júlio, o menino de oito anos, para não ter mais de dividir o amor do seu esposo com aqueles dois filhos. Evelina, por sua vez, era um espírito muito iluminado, uma menina correta, meiga. Um pouco mais velha, fazia tudo o que a madrasta pedia, então conseguiu escapar da violência do pensamento daquela mulher.
E Zulmira arquitetava, secretamente, no coração, o desejo de que o pequeno Júlio, para quem o pai tinha todas as atenções, não vivesse mais...
Eis então que, certo dia, a família vai praia. Zulmira havia ficado encarregada de tomar conta do pequeno menino, o pai e a filha se afastam um pouco e ela começa a pensar: “ é agora...Como seria bom se esse menino morresse agora, afogado!”. E, perdida nesses pensamentos doentios, começa a se afastar de propósito... O menino tinha só oito anos, ela sabia da sua curiosidade infantil, ele haveria de entrar na água procurando conchas... E realmente ocorre o quadro tenebroso: o pequeno Júlio vai para o meio do mar, uma onda gigantesca vem para engoli-lo, ele grita pela madrasta, ela escuta o som do seu pedido de socorro, mas continua caminhando pela praia, fingindo que nada escutara...
Obviamente o menino vem a óbito, o pai se desespera, e ali começa um processo terrível para aquela família, processo esse que já vinha de outras vidas. Zulmira passa a viver um processo auto-obsessivo, porque se culpava intimamente, como é óbvio que se daria, porque não havia socorrido o menino e desejara ardentemente a morte dele.
Embora o pequeno Júlio fosse, na verdade, suicida de outra existência, que tinha, sim, de resgatar o seu débito, e que fora alçado a altas esferas da Espiritualidade para se recuperar, o resgate, no entanto, não veio em paz, em absoluto: a mãe do menino, Otília, já desencarnada, torna-se obsessora voraz de Zulmira, consumindo-lhe todas as forças .
Aquela alma sofredora, Otília, que fora mãe de Júlio, procurava tresloucadamente pelo filho morto, que, cria, tinha de estar junto dela, ali no mundo espiritual. Em su a panacéia, ela não percebia a diferença vibratória que a impedia de enxergar onde o filho estava. Destilando ódio, ela, então, se gruda à segunda esposa do marido, por ciúmes, e torna-se uma tirana absoluta, invisível aos olhos da Terra, consumindo a vida da jovem Zulmira sem que os médicos pudessem saber qual era a doença que acometia a jovem senhora...
Os espíritos amigos sempre nos lembram que há tirania psicológica quando a pessoa nos chantageia a tal ponto que chega a afirmar que, se não fizermos aquilo que ela quer para a vida dela, ela vai sucumbir, vai ficar muito doente, vai cortar os pulsos, e, por outro lado, também não apresenta soluções para a vida dela. É o caso de pessoas que não querem estudar, não querem trabalhar, não querem ser úteis, não querem, enfim, renovar a sua própria existência. É o caso de pessoas que querem culpar a todos pela sua aparente infelicidade...
Os espíritos também nos lembram que temos sete centros de força no nosso corpo físico, refletindo o que existe no nosso corpo espirituaE que, da nossa área cardíaca, que os nossos irmãos hindus chamam de “lótus de mil pétalas”, justamente daí é que nascem os nossos sentimentos; é ali que acrisolamos o que vem do nosso passado, os sentimentos que nós ainda não conseguimos suportar e que, quando saem de nós, são terríveis.
Muitas vezes, nas discussões, nós nos lançamos sobre as pessoas com quem discutimos!... Sim, porque o sentimento é tamanho que a nossa vontade é mesmo de nos lançarmos às bofetadas com aquele com quem estamos discutindo. E a troca de sentimentos é tenebrosa. Quando esses quadros acontecem, na nossa existência, eles não refletem só o nosso desequilíbrio. Eles nos dizem de algo, de sentimentos, que ainda estamos acalentando e que vão minando a nossa existência lentamente.
E é muitas vezes, nesses casos, que as pessoas vão aos médicos e dizem: “eu sinto uma dor de cabeça que nunca passa; sinto uma dor nas costas que ninguém sabe o que é; sinto que minhas pernas não me obedecem mais; sinto uma tristeza absoluta...”...Os espíritos nos narram milhares de sintomas que temos em relação aos sentimentos que ainda não conseguimos dominar, vencer, aprimorar.
Os livros que André Luiz psicografou através de Chico são exatamente isto: são lições. André nos conta, em cada um dos seus livros, um pouco da história que vivenciou na pátria dos espíritos e dos socorros impressionantes que os espíritos fazem para nós, até porque, se assim não fosse, nós não suportaríamos a vida na Terra. E André também nos narra dos grandes obstáculos que os espíritos encontram, muitas vezes colocados por nós mesmos, para nos ajudar.
Nós mesmos colocamos obstáculos para que não nos venha a ajuda espiritual. E esses obstáculos residem exatamente naquele perdão que nós não conseguimos dar; ou no momento que e xige de nós paciência para ouvir, mas que é exatamente o momento quando nós não nos dispomos a isso; no instante em que ameaçamos desistir do bem; na hora em que deixamos a nossa fé simplesmente desaparecer, porque as coisas não saíram como imaginávamos que deveriam ser...Mas Deus, é claro, sempre destina, apesar de tudo, o melhor para nós. Por isso é que nos possibilita tantos retornos à Terra.
No livro “Reportagens do Além Túmulo”, psicografado por Humberto de Campos em 1942, entre tantas histórias ele nos conta que, certa feita, no mundo espiritual, seu companheiro, Rogério, pergunta-lhe: “Humberto, você não quereria ir comigo a uma região de sofrimento, onde vou para conversar com Tomazino, que se suicidou há 30 anos e que se acha até hoje em sofrimento?...”. E, na reportagem que ele fez, Humberto de Campos nos conta que, na verdade, ele se surpreendeu: “meu Deus, 30 anos que esse homem se matou e ele ainda continua sofrendo, ni nguém o socorreu?!?!”. E fez questão de acompanhar Rogério no socorro a Tomazino.
Enquanto os dois caminhavam na direção de achar o moço, Rogério lhe conta: “Tomazino suicidou-se com um tiro na cabeça. Tinha uma vida ótima, como tantas pessoas na Terra, mas era um homem irascível, tudo lhe era funesto. Ele não estava satisfeito com nada que havia na sua existência. Quem lhe falava de Espiritismo, por exemplo, ou de uma nova solução na vida, da caridade para com os outros, quase apanhava.
Nas suas horas de loucura, ele esmurrava a mesa, a parede, o que estivesse em sua frente...” E continuava: “sua grande queixa fora sempre a esposa. Para ele, a esposa era ignorante, era iletrada... perguntava-se como é que tinha tido filhos com aquela mulher...Na verdade, Tomazino fora um homem abafado pelas próprias emoções. Pensava-se como um incompreendido”.
Mas também, é claro, Rogério conta a Humberto de Campos o outro lado da história: Tomazino havia sido, em toda a sua vida, um homem verdadeiramente insuportável. Seus filhos, ainda pequenos, temerosos das surras que podiam levar, já tentavam acalmar o pai. A esposa, realmente uma mulher sem letras, fora, no entanto, mulher humilde e boa, apaixonada por ele. Mas nada disso importara a Tomazino. Ele tivera inclusive um amigo espírita, que o aconselhara, dizendo: “você pode mudar tudo na sua vida, Tomazino!... Você só precisa tornar-se diferente...” E também, muitas vezes, esse mesmo amigo perguntara a ele: “por que será que toda a sua família é sempre tão terrível assim? Será que a vida é mesmo tão difícil, ou será você que se coloca como uma pessoa difícil?! Não será a hora de domar esse tirano que está dentro de você?...”. E assim o amigo prosseguira muitas vezes, mas Tomazino não admitia réplicas, e um dia, para a surpresa de todos, num momento de muita tranqüilidade, todos escutaram um estampido: Tomazino terminara a própria vida com um tiro na cabeça.
30 anos depois, Humberto de Campos acompanha, então, Rogério, naquele resgate. Os dois chegaram até onde estava Tomazino, que se encontrava em estado deplorável. Mas, para se ter uma idéia da dureza de sentimentos que levara aquele espírito ao gesto tresloucado do suicídio, imediatamente quando ele viu Rogério, pensou que enfim Deus havia percebido como ele era especial e lhe mandara aquele espírito iluminado, para atendê-lo... Logo de cara já lhe apresentou a sua lista de reivindicações!... A primeira de todas foi o requerimento de explicações de como é que se tinha passado tanto tempo - e olhem que ele não tinha nem noção dos 30 anos que haviam se passado! - e só naquele momento Deus pudera mandar aquele anjo, para retirá-lo dali!!! 30 anos passados e Tomazino ainda se achava realmente um grande injustiçado...
E foi ali mesmo que Rogério teve de dizer a ele, com toda firmeza, com toda a firmeza que tod a alma que gosta de nós sabe fazer, que ele, Tomazino, voltaria em breve à Terra, pois, para ele, não haveria outra solução. E que ele aceitasse, com humildade, o novo caminho, porque, dali, só sairia para reencarnar. Reencarnaria utilizando-se da idiotia, com o cérebro totalmente esfacelado, sem nenhuma condição de pensar, porque havia, justamente, se matado com um tiro na cabeça.
Ao perceber que a situação era bem diversa do que ele poderia manipular, Tomazino, então, a aceita. E, com tristeza, escuta Rogério ainda complementar: “você vai ficar um pouco mais de tempo aqui, porque nós precisamos que aquela que vai lhe receber como mãe possa estar preparada para isso. Ela já voltou à Terra, vai recebê-lo com muito amor, vai aceitá-lo como o filho enfermo que você será”. E adivinhem quem seria essa mãe abnegada? A mesma esposa analfabeta de ontem!
E Tomazino, então, percebendo que não haveria para ele outra saída, porque a única pess oa que ainda lhe guardava no coração, com sentimento de amor e saudade, era justamente a esposa que ele menosprezara sempre, aceita o seu destino. Voltaria à Terra como filho daquela que antes ele tanto menosprezara. E assim Humberto termina a sua história, dizendo: “meu Deus, quanto há para aprendermos!...”.
Inclusive o próprio diálogo de Rogério, o mentor, com aquela alma suicida, impressionara a Humberto. A situação do suicida era tão dramática que Humberto queria abraçá-lo, confortá-lo, ampará-lo, mas Rogério, firme, apenas afirmava: “você vai sair daqui, meu filho, mas o seu único caminho é a Terra. E, felizmente, há essa alma que guardou impressão de amor por você e que vai recebê-lo...”.
E quanto a nós?! Quantas e quantas vezes nós também dizemos que temos de ser obedecidos, que temos de ser admirados, que estamos corretos, com a razão total, e não ouvimos sequer a opinião do outro?! E fazemos isso quando ouvir o outr o seja talvez um dos maiores talentos que possamos desenvolver.
Nos ouvir, nós sempre achamos que o outro deve. Mas, ouvir o outro, entendendo-o... Estender a nossa compreensão, até para aquilo que discordamos, precisa ser, para nós, como ouvir uma música, admirá-la, mesmo que ela não seja uma música do nosso gosto!
É preciso gostar acima do próprio gosto, é preciso amar acima das nossas conveniências, seja na família, seja no mundo, porque, se não, pouca diferença haverá entre nós hoje e os tiranos que, com certeza, já fomos!
Muitas vezes anonimamente retornamos, numa vida humilde e apagada, para resgatar a influência terrível que já tivemos sobre tantas pessoas!...
Vão existir sempre aqueles que, apesar de todos os esforços, terão os caminhos no anonimato, não conseguirão as promoções e as facilidades que ambicionarem. Aqueles que vão sempre ter uma vida humilde, simples, porque, em outras existências, quando tiveram a o portunidade de influenciar muitas vidas, não foram mais do que tiranos absolutos.
Por isso os espíritos sempre nos dizem que aqueles que admiramos, ao estudar História, os tiranos de ontem, os senhores do poder, aqueles que detiveram a vida de muitos em suas mãos, hoje anseiam, quando já não estão na Terra, resgatar débitos, mergulhar na carne, da forma mais anônima possível.
O mesmo Humberto de Campos, através de uma mensagem, conta-nos da entrevista que fez, num cemitério, com a atriz Marilyn Monroe. Ali ele nos conta que, para a sua surpresa, ela, que tinha tido vida e morte tão impactantes – tão impactantes que, até no mundo espiritual, onde ele que já estava, desencarnado, há bastante tempo, ele já tinha ouvido falar dela – encontrava-se ali, perto do próprio túmulo, com a cabeça no colo de uma senhora muito meiga, que era, com certeza, uma amiga espiritual que ela tinha, de outras vidas.
E aquele espírito, então, começa a n arrar, para Humberto, tudo o que havia se passado. Inclusive afirmando que não se suicidara, mas que tinha sido praticamente isso, porque, nos últimos tempos de sua vida, pela depressão e pelos remédios que fazia uso para dormir, para acordar, para filmar, para sorrir, ela se tornara presa de entidades terríveis, que a hipnotizavam.
E o espírito Marilyn Monroe nos conta do horror, ao se ver fora do corpo, deitada na cama, mas viva e em pé!... E nos conta também da vergonha, ao ver o guarda entrar no seu quarto, no quarto da sua casa, e achá-la morta. Ela ali, desesperada, aos gritos, sem que o guarda, naturalmente, percebesse que ela estava fora da matéria, viva em verdade, pedindo socorro.
E eu me recordo dessa história porque, ao final, ela diz a Humberto, que ela, se pudesse, voltaria, sim, à Terra, para tentar novamente. E Humberto, então, diz a ela que isso seria possível, que todo mundo faz isso! Diz-lhe que a reencarnação era lei divina e que, com certeza, ela retornaria!...
E Humberto, como bom jornalista, lhe pede: “diga um desejo seu, para a próxima existência!”...” E ela lhe responde: “ se as forças do Bem me permitirem, eu tenho um desejo: voltar à Terra totalmente irreconhecível, feia! “Feia para não ser, jamais, reconhecida por ninguém, nem por aqueles que não me amavam, que não eram meus amigos, nem pelos espíritos sofredores, que me levaram a esse destino...”.
A verdade é que, quando estamos fora da matéria, pedimos provas às vezes duras, para nós, para aqueles que nos cercam, na tentativa de, dessa vez, acertar. Quando aqui chegamos, por qualquer nada nós julgamos que Deus não existe ou que se esqueceu de nós...
Pensemos nisso: tiranos de ontem, sejamos hoje os verdadeiros fraternos, porque o contrário da tirania, sem dúvida, é a fraternidade.
Por isso Jesus nos afirmou: “ eu já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor, mas tenho vos chamado amigos...”.
Ele, o Governador da Terra, queria nos dizer que o único antídoto para tudo o que tenhamos feito, em vidas que se foram e ainda nesta existência, o verdadeiro antídoto, será sempre o verdadeiro amor.O remédio será sempre amar. Amar, servir sem cansaço, na certeza absoluta de que hoje construímos um amanhã de felicidade e de bênçãos para todos nós.
Que Jesus nos abençoe nos guarde, e que nós possamos guardar tudo isso em nosso coração para, lá fora, mudarmos em definitivo a nossa existência. Que Jesus nos abençoe hoje e sempre.
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Sairemos da morte quantas vezes forem necessárias, mas da vida jamais sairemos.
Emmanuel











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