sábado, 30 de julho de 2011

SINAIS DOS TEMPOS


— Quem quer que haja meditado sobre o Espiritismo e suas consequências e não o circunscreva à produção de alguns fenômenos terá compreendido que ele abre à Humanidade uma estrada nova e lhe desvenda os horizontes do infinito. Iniciando-a nos mistérios do mundo invisível, mostra-lhe o seu verdadeiro papel na criação, papel perpetuamente ativo, tanto no estado espiritual, como no estado corporal. O homem já não caminha às cegas: sabe donde vem, para onde vai e por que está na Terra. O futuro se lhe revela em sua realidade, despojado dos prejuízos da ignorância e da superstição. Já na se trata de uma vaga esperança, mas de uma verdade palpável, tão certa como a sucessão do dia e da noite. Ele sabe que o seu ser não se acha limitado a alguns instantes de uma existência transitória; que a vida espiritual não se interrompe por efeito da morte; que já viveu e tornará a viver e que nada se perde do que haja ganho em perfeição; em suas existências anteriores depara com a razão do que é hoje e reconhece que: do que ele é hoje, qual se fez a si  — Com a ideia de que a atividade e a cooperação individuais na obra geral da civilização se limitam à vida presente, que, antes, a criatura nada foi e nada será depois, em que interessa ao homem o progresso ulterior da Humanidade? Que lhe importa que no futuro os povos sejam mais bem governados, mais ditosos, mais esclarecidos, melhores uns para com os outros? Não fica perdido para ele todo o progresso, pois que deste nenhum proveito tirará? De que lhe serve trabalhar para os que hão de vir depois, se nunca lhe será dado conhecê-los, se os seus pósteros serão criaturas novas, que pouco depois voltarão por sua vez ao nada? Sob o domínio da negação do futuro individual, tudo forçosamente se amesquinha às insignificantes proporções do momento e da personalidade.
Entretanto, que amplitude, ao contrário, dá ao pensamento do homem a certeza da perpetuidade do seu ser espiritual! Que de mais racional, de mais grandioso, de mais digno do Criador do que a lei segundo a qual a vida espiritual e a vida corpórea são apenas dois modos de existência, que se alternam para a realização do progresso! Que de mais justo há e de mais consolador do que a ideia de estarem os mesmos seres a progredir incessantemente, primeiro, através das gerações de um mesmo mundo, de mundo em mundo depois, até à perfeição, sem solução de continuidade! Todas as ações têm, então, uma finalidade, porquanto, trabalhando para todos, cada um trabalha para si e reciprocamente, de sorte que nunca se podem considerar infecundos nem o progresso individual, nem o progresso coletivo. De ambos esses progressos aproveitarão as gerações e as individualidades porvindouras, que outras não virão a ser senão as gerações e as individualidades passadas, em mais alto grau de adiantamento.
Nosso globo está, como todos os outros, sujeito à lei do progresso; progride "fisicamente, pela transformação dos elementos que o compõem" e, de modo paralelo, "moralmente, pela depuração dos Espíritos encarnados e desencarnados que o povoam"; quando a Humanidade se torna "madura para subir um degrau, pode dizer-se que são chegados os tempos marcados por Deus". As leis de Deus são imutáveis porque Seu pensamento "que em tudo penetra, é a força inteligente e permanente que mantém a harmonia em tudo". O Universo é "um mecanismo imensurável" onde atuam incontáveis inteligências subordinadas ao Criador, sob Suas vistas e de acordo com a grande lei de unidade.
Inicia-se para os homens o período em que deverão fazer "que entre si reinem a caridade, a fraternidade, a solidariedade, que lhes assegurem o bem-estar moral". Para tanto é necessário, mais que inteligência, a elevação do sentimento, com a destruição do egoísmo e do orgulho que ainda subsiste. "Trata-se de um movimento universal a operar-se no sentido do progresso moral". Tal movimento causará luta de idéias e não cataclismos materiais.As transformações da Humanidade podem ocorrer de modo gradual, perceptíveis somente após épocas consecutivas, ou mediante crises penosas, dolorosas, que "arrebatam consigo as gerações e instituições, mas são sempre seguidas de uma fase de progresso material e moral". Há mais de dois séculos ocorre esse trabalho de transformação do mundo dos encarnados, com a interação dos desencarnados, "até que haja outra vez estabilizado em novas bases", quando estarão mudados os costumes, caráter, leis, crenças, "numa palavra: todo o seu estado social".Os astros influenciam uns aos outros durante seu movimento de translação pelo espaço, podendo causar perturbações que coincidam "pelo encadeamento e a solidariedade das causas e dos efeitos" com os "períodos de renovação da Humanidade", causando fenômenos como tremores de terra e flagelos diversos, sendo interpretados pelos ignorantes como "sinais no céu".
Encontra-se portanto a Humanidade num período de crescimento moral, chegando ao estado adulto, onde a razão amadurece e lhe dá consciência de um destino mais amplo além das limitações da vida corpórea; perscruta o passado e projeta-se no futuro "a fim de descobrir num e noutro o mistério da sua existência e de adquirir uma consoladora certeza".
O Espiritismo "abre à Humanidade uma estrada nova e lhe desvenda os horizontes do infinito". Leva à certeza na imortalidade da alma, a alternância entre a vida espiritual e a corpórea para a realização do progresso até chegar à perfeição, muito mais digna da justiça do Criador, evidenciando a aberração do pensamento materialista que circunscreve a vida humana em apenas uma existência. Prega a fraternidade assentada na fé racional, ou seja, nos princípios fundamentais: Deus, alma, futuro, progresso individual indefinido, perpetuidade das relações entre os seres.O progresso intelectual já alcançado representa "uma primeira fase no avanço geral da Humanidade", porém a felicidade na Terra somente ocorrerá com o progresso moral, pois, "enquanto o orgulho e o egoísmo o dominarem, o homem se servirá da sua inteligência" "para satisfazer às suas paixões e aos seus interesses pessoais". Então cairão por terra "as barreiras que separam os povos", os antagonismos de seitas, e os homens aprenderão a viver como irmãos unidos numa mesma crença - "fundamento mais sólido da fraternidade universal".Sinais desta transformação já são evidentes com a criação de inúmeras "instituições protetoras, civilizadoras e emancipadoras" propiciando reformas que se consolidarão à medida de uma "predisposição moral mais generalizada", com a predominância da "caridade, fraternidade, benevolência para com todos". A aceitação às idéias espiritualistas em detrimento das materialistas é outro sinal que vem refletir "a necessidade de respirar um ar mais vivificante".
O Espiritismo nasceu no exato momento em que a Humanidade se encontrava cansada da dúvida e da incerteza sendo acolhido pelos homens progressistas "como âncora de salvação e consolação suprema". A velha geração materialista cede lugar à geração nova, cuja madureza promoverá a renovação social, cabendo ao Espiritismo, com sua tendência progressista e poder moralizador, secundar tal movimento de regeneração.

A geração nova

"A Terra, no dizer dos Espíritos, não terá que transformar-se por meio de um cataclismo que aniquile de súbito uma geração". Cada um dos Espíritos "ainda não tocados pelo bem", ao desencarnarem, serão encaminhados a mundos inferiores ou reencarnarão em "raças terrestres ainda atrasadas, equivalentes a mundos daquela ordem", cabendo-lhes transmitir seus conhecimentos a fim de fazê-los avançar. A ordem natural das coisas não será afetada, pois, cada Espírito expurgado será substituído por "um mais adiantado e propenso ao bem".Estando numa época de transição, assistimos ao choque das idéias entre a nova geração, à qual cabe "fundar a era do progresso moral", (cujas características são: inteligência e razão precoces, "sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas"; tendo já progredido, assimilam todas as idéias progressistas) e a velha geração, composta de Espíritos atrasados, revoltados contra Deus, negando-se a "reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos", com propensão instintiva às paixões degradantes, ao orgulho, inveja, ciúme, sensualidade, cupidez, avareza.
Sendo tais vícios "incompatíveis com o reinado da fraternidade", terá a Terra que ficar livre deles, para que os homens caminhem para "o futuro melhor que lhes está reservado".Alguns dos Espíritos retardatários, entretanto, ao retornar ao mundo espiritual individualmente ou de forma coletiva, e sob a influência de "Espíritos benévolos que por eles se interessam", se modificam, passando a estar em condições de reencarnar na Terra "com idéias inatas de fé", encontrando já um meio mais propício ao desenvolvimento de suas faculdades. Com a modificação das disposições morais, opera-se portanto a regeneração da Humanidade, mesmo não havendo a renovação integral dos Espíritos. Portanto, nem sempre os que voltam são novos Espíritos; podem tratar-se dos mesmos, porém com pensamentos e sentimentos modificados.Após grandes choques que dizimam as populações, observam-se modificações que tendem a alterar "profundamente as idéias de um povo ou de uma raça", pela ativação do "movimento progressivo dos Espíritos" encarnados e desencarnados "".Presentemente (Obs: A Gênese de Kardec foi publicada em 1.868) opera-se "um desses movimentos gerais, destinados a realizar uma remodelação da Humanidade".

P.Moryah.


                                                               LEMBRETE




AGUARDE SENSACIONAL PUBLICAÇÃO DE FOTOS DESTE EVENTO!

 

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