sexta-feira, 22 de julho de 2011

CENÁRIO DE UMA REUNIÃO MEDIÚNICA


A reunião na sua fase teórica desenrola-se sob a explanação do Evangelho Segundo o Espiritismo.
Os membros da seleta assistência ouvem a lição atentamente.
Sobre a mesa, a água a ser fluidificada e o Evangelho aberto na lição nona do capítulo dez: "O Argueiro e a trave no olho".
Por que vês tu o argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu??
Findos os esclarecimentos, apagaram-se as luzes principais, para que se desse abertura à comunicação dos Espíritos .
Um dos presentes fez a prece e deu-se início às manifestações mediúnicas.
 Pequenas mensagens, de consolo e de apoio, foram dadas aos presentes.
Quando se abriu o espaço destinado à comunicação das entidades não habituais e para os Espíritos
necessitados, ocorreu o inesperado: a médium Letícia, moça de educação esmerada, traços delicados, de quase trinta anos de idade, dez dos quais dedicados à educação da mediunidade, sentiu profundo arrepio percorrendo-lhe o corpo.
Nunca, nas suas experiências de intercâmbio, tinha sentido coisa parecida.
por uma sacudidela incontrolável, suspirou profundamente e, de forma instantânea, foi "dominada" por um Espírito.
 Letícia nunca tinha visto tal coisa: estava consciente, mas seus pensamentos mantinham-se sob o controle da entidade, que tinha completo domínio da sua psiquê.
O dirigente, como sempre fez nos seus vinte e tantos anos de prática espírita, deu-lhe as boas vindas, em no me de Jesus:
- Seja bem vindo, irmão, nesta Casa de Caridade? - disse-lhe Dr. Anestor..
O Espírito respondeu:
- Zi-boa noite, zi-fio. Suncê me dá licença pra eu me aproximá de seus trabaios, fio??
- Claro, meu companheiro, nosso Centro Espírita está aberto a todos os que desejam progredir?. - respondeu o diretor dos trabalhos.
Os presentes perceberam que a entidade comunicante era um preto-velho, Espírito que habitualmente comunica-se em terreiros de Umbanda. A entidade comunicante continuou:
- Vós mecê não tem aí uma cachaçinha pra eu bebê, Zi-Fio??
- Não, não temos? - disse-lhe Dr. Anestor. Você precisa se libertar destes costumes que traz de terreiros, o de beber bebidas alcoólicas. O Espírito precisa evoluir. - continuou o dirigente.
- Vós mecê não tem aí um pito? Tô com vontade de pitá um cigarrinho, Zi-fio?.
- Ora, irmão, você deve deixar o hábito adquiri do nas sessões de Umbanda, se queres progredir. Que benefícios traria isso a você??
O preto-velho respondeu:
- Zi-preto véio gostou muito de suas falas, mas suncê e mais alguns dos que aqui estão, não faz uso do cigarro lá fora, Zi-fio?
Suncê mesmo, não toma suas bebidinhas nos fins de sumana?
 Vós mecê pode me explicá a diferença que tem o seu Espírito que bebe whisky, no fim de sumana, do meu Espírito que quer beber aqui?
 Ou explicá prá mim, a diferença do cigarrinho que suncê queima na rua, daquele que eu quero pitá aqui dentro??
O dirigente não pôde explicar, mas ainda tentou arriscar:
- Ora, meu irmão, nós estamos num templo espírita e é preciso respeitar o trabalho de Jesus.
O Espírito do preto-velho retrucou, agora já não mais falando como caipira:
- Caro dirigente, na Escola Espiritual da qual faço parte, temos aprendido que o verdadeiro templo não se constitui nas quatro paredes a que chamais Centro Espírita.
Para nós, estudiosos da alma, o verdadeiro templo é o templo do Espírito, e é ele que não deve ser profanado com o uso do álcool e fumo, como vem sendo feito pelos senhores.
 O exemplo que tens dado à sociedade, perante estranhos e mesmo seus familiares, não tem sido dos melhores.
O hábito, mesmo social, de beber e fumar deve ser combatido por todos os que trabalham na Terra em nome do Cristo.
A lição do próprio comportamento é que é fundamental na vida de quem quer ensinar.
Houve profundo silêncio diante de argumentos tão seguros.
depois, o Espírito continuou:
- Desculpem a visita que fiz hoje e o tempo que tomei do seu trabalho.
 Vou-me embora para o lugar de onde vim, mas antes queria deixar a vocês um conselho: que tomassem cuidado com suas obras, pois, como diria Nosso Senhor, tem gente "coando mosquito e engolindo camelo". Cuidado, irmãos, muito cuidado.
Deixo a todos um pouco da paz que vem de Deus, com meus sinceros votos de progresso a todos que militam nesta respeitável Seara.
Deu uma sacudida na médium, como nas manifestações de Umbanda, e afastou-se para o mundo invisível.
O dirigente ainda quis perguntar-lhe o porquê de falar daquela forma.
Não houve resposta.
 No ar ficou um profundo silêncio, uma fina sensação de paz e uma importante lição: lição para os confrades meditarem.

                     
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SESSÕES DE MATERIALIZAÇÃO





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