domingo, 10 de julho de 2011

PSICOLOGIA DA LIDERANÇA ESPIRITA


A liderança espirita e' ainda um campo de ensaio.
A maioria dos chamados lidere espiritas não tem conhecimento suficiente da Doutrina.
São, em geral, médiuns que se impuseram por suas faculdades ao respeito e a admiração de um grupo de adeptos.
 As condições necessárias a liderança nas atividades comuns,acrescentam aos fatores mediúnicos: vidência, intuição, capacidade, doutrinação-espirita e abnegação ao próximo, seguindo o lema doutrinário de "fora da caridade não ha' salvação".
A esses acréscimos positivos juntam elementos negativos de suas condições individuais: autossuficiência, vaidade, autoritarismo, misticismo de tipo igrejeiro, pretensões culturais sem conteúdo, humildade aparente, hipocrisia farisaica que se excede em demonstrações de pureza e amabilidade festiva. Contrabalançadas pelas qualidades positivas já' referidas, essas antiqualidade puramente sociais completam o equipamento do paternalismo que comove os adeptos desprevenidos.
A liderança espirita e' um "papel" que o líder desempenha no meio doutrinários, apoiado no "status" social comum.
 Este problema do "status" e' curioso, mas compreensível. não sendo o espiritismo uma religião organizada em forma igrejeira, mas uma doutrina livre que abrange todos os ramos do Conhecimento e tem a sua parte religiosa como consequência cientifica e da filosófica, não ha no Espiritismo cargos nem funções que possam definir um"status" especifico, como o de sacerdote.
 O líder espirita  é lavrador, operário, banqueiro, medico, empresário e assim por diante.
Ha' uma relação natural entre o "status" social do líder e seu "papel" doutrinário, mesmo porque o movimento espírita é difuso, não forma uma ilha social, difunde-se por todo o organismo da sociedade.
 A importancia do "status" social influi naturalmente na importância do "papel doutrinário".
Esta breve caracterização da liderança-espirita já nos fornece indicações suficientes para um esboço da Psicologia da Liderança Espirita, que se mostra bastante complexa.
Não pretendemos aprofundar o problema, mas apenas coloca-lo em função do assunto desta publicação.
O Espiritismo, como fato social e cultural, é um fenômeno ainda recente no panorama sociológico e exige tempo afim de se definir em suas coordenadas evolutivas, em sua estática e sua dinamica social e particularmente em seus vetores, ou seja, em seus elementos condutores de energia e determinadores de situações especificas.
A própria especificidade das situações ano é facil de se definir e caracterizar, pois a condição de espirita não implica distinções raciais ou sociais e nem mesmo uma posição sectária explicita.
 A universalidade potencial do Cristianismo encontra-se em fase de atualização no Espiritismo, mas essa passagem da potencia a ato depende de um lento e profundo processo de aculturação que, na verdade, consiste na elaboração de uma nova cultura.
Tudo parece feito, e, no entanto, tudo esta' por fazer.
 Um mundo novo não surge do nada, como na alegoria do "fiat", mas das raizes e da seiva de um mundo que o antecedeu.
 O velho e o novo se misturam gerando uma situação ambígua em que os indivíduos e os grupos espiritas mostram-se profundamente diferenciados entre si.
Não existe a homogeneidade necessária `as classificações habituais.
A massa espirita não se destaca do quadro geral da populacao e esta a encara numa perspectiva plurivalente: os espiritas lhe parecem ao mesmo tempo benéficos e maléficos, ingênuos e espertos, cultos e ignorantes, bondosos e perigosos, a serviço de Deus ou do Diabo, criaturas de fé' e de má-fé', racionais e fanáticos, e assim pordiante.
 E' a mesma situação dos cristãos primitivos no mundo antigo, embora pareça, atualmente, uma situação inteiramente nova.
Nessa heterogeneidade sociocultural a liderança espirita exige extrema versatilidade, o que por sua vez, aumenta as suas dificuldades por gerar desconfianças.
 Combatidos, caluniados, perseguidos e ridicularizados pelo clero das religiões tradicionais, pelas diversas ordens espiritualistas, pelas instituições cientificas (particularmente pelas instituições medicas) pela imprensa, o radio e a tv, explorados em sua generosidade por espertalhões de todos os tipos, os espiritas desenvolveram naturalmente o seu instinto de defesa e preservam-se na desconfiança. não obstante, a sua obstinação na boa-fé, decorrente dos princípios doutrinários da fraternidade, tolerância e amor ao próximo -- os tornam vitimas frequentes de engodos e mistificações.
Essa "ingenuidade espirita" e' o que ameniza, não raro demasiadamente, as dificuldades da liderança espirita.
 O receio de fazer mau juízo do próximo, de critica-lo injustamente, faltando com a tolerância e a caridade, leva indivíduos e instituições a situações difíceis e embaraçosas.

J. Herculano Pires
Retirado do livro "Na Hora do Testemunho" de Francisco Candido


                                                                  GALERÍA


FOTO CAPTADA EM UM CONJ. RESIDENCIAL





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