sábado, 27 de novembro de 2010

REFLEXÕES SOBRE A MÃE DE JESUS


Hoje véspera do círio de N. S. das Graças novembro de 2010 , na vila de icoarací, Belém, Pa, vamos refletir um pouco sobre Maria a tão festejada pelo povo paraense, mãe de Jesus, e ao mesmo tempo tão incompreendida, por membros das mais diversas religiões, inclusive a espírita.

Difícil é a reconstituição do perfil de Maria, seja pela falta de informações fidedignas a respeito, sejam pelas polêmicas que muitas vezes orbitam em torno do assunto. Alguns já foram abordados aqui, como o que se refere à maternidade de Maria, se mãe de Deus ou de Jesus?

Em verdade, Jesus não é Deus. Este o criador, Jesus a criatura. É um espírito de escol, puro, muito superior à média evolutiva da humanidade, mas não é Deus. Por ser muito superior e já dominar as potências do espírito, produziu fenômenos extraordinários, o que facilitou a consolidação da idéia no povo de que Jesus era Deus. A rigor, é um dos prepostos de Deus – o mais elevado na hierarquia espiritual que a Terra já recebeu -, encarregado pela evolução do planeta Terra. Foi justamente para alavancar sua missão, que Jesus encapsulou-se na matéria, sob a tutela de Maria, com quem já sabia poder contar.

Outra polêmica comum é se Jesus foi filho único. A Igreja na tradução evangélica fala em filho unigênito (único), enquanto outros exegetas traduzem como filho primogênito (primeiro). A resposta pode ser encontrada na Epístola aos Gálatas e no Evangelho de Marcos, onde as narrativas falam de irmãos de Jesus. Em verdade, há mais, nesta discussão secundária e pouco relevante, tabus e preconceitos nossos, do que qualquer desmerecimento à Maria. Aliás, paga a Igreja, neste particular, o preço por ter criado tanta culpa em relação a sexualidade humana que, por muitos séculos, foi associada a pecado, à impureza. Acaso a grandeza, altivez e superioridade espiritual de Maria fica “manchada” por ter dado luz a outras crianças? Claro que não.

São essas, entre outras, polêmicas que ainda provocam, pontualmente, exageros e radicalismos. Alguns irmãos evangélicos – minoria, é justo consignar - extremaram o discurso e incidentes lamentáveis aconteceram, como aquele no qual um religioso chutou uma imagem de Maria.

Outro dia, ao vivo, milhões de telespectadores puderam acompanhar outro episódio hostil, desta vez com desfecho pitoresco. Um religioso palestrava – repise-se: ao vivo em programa transmitido pela TV - dizendo que Nossa Senhora não tinha qualquer poder e que este cabia apenas a Jesus. _ Vou provar para todos que Maria não tem poder! Alardeou, descendo de seu púlpito em direção ao público. Querendo provar sua teoria, ele se aproxima de um fiel em transe mediúnico obsessivo, que se debatia no chão à vista de todos, e determina com autoridade e dedo em riste: _ Sai em nome de Maria! E repetiu solenemente: _ Eu te ordeno, sai em nome de Maria! Mais que rapidamente o espírito deixa o homem, que sai do transe mediúnico. Diante do desfecho inesperado, o religioso, constrangido e sem graça, lamenta baixinho, deixando-se flagrar pelo áudio: _ Esses espíritos fazem a gente passar cada vergonha...

Contudo, de um modo geral, Maria é reconhecida em sua grandeza por outras religiões. Tome-se, por exemplo, o Islamismo, que exalta sua elevação. O próprio protestantismo, na voz de Lutero, reconhecia a importância de Maria, contestando tão-somente algumas distorções. Com o Espiritismo não é diferente, reconhece-se a elevação de Maria.

No universo tudo evolui. Tudo. E todos devem contribuir para a evolução da obra divina.

Dotados de livre arbítrio, as populações dos orbes avançam em ritmos e rumos diferentes. Nos mundos menos evoluídos e mais materiais, como a Terra, a transição positiva de idéias, tradições e comportamentos é lenta. Por isso, espíritos de alta hierarquia espiritual descem dos cumes dimensionais mais evoluídos em missão sacrificial e de amor, aptos para resistirem à fornalha da carne, de suas tentações e desvios. Vêm dar testemunho e acelerar mudanças, lançando, também, sementes que aguardarão o momento propício para eclosão.

Mas, para que um espírito de altíssima graduação espiritual tenha sucesso sobre as dificuldades da matéria, impõe-se a conjugação de esforços de outros espíritos superiores que o antecedem para preparação do caminho, tal como o agricultor fertiliza a terra para receber a sutil semente grávida de vida.

Dentre todos os espíritos que conjugaram esforços para o êxito da missão de Jesus, Mirian ou - como conhecemos -, Maria foi, quiçá, a mais importante. Espírito de luz, anjo dócil de Deus, aceitou a missão de aninhar em seu útero e lar de amor, o espírito mais evoluído que este planeta já recebeu.

A missão para além de sacrificial – porque exigia a descida de uma dimensão superior -, era também arriscada. Mesmo diante de uma missão divina, as leis que regem a matéria devem ser respeitadas e delas não podem esquivar-se os espíritos evoluídos que, ficam assim, vulneráveis às vicissitudes próprias da carne. Quer isso dizer que Maria devia fazer, rigorosamente, sua parte. Um desvio do plano poderia inviabilizar a redenção crística.

Maria deveria viver no mundo, mas sobrepairando-lhe, em plenitude divina, preparando seu corpo, sua mente e seu lar para ambientar a poderosa luz divina que se encarceraria na carne para romper o véu da matéria densa e anunciar, noutras letras e tons, a vida celeste.

Ao contrário do que alguns exegetas especulam, Jesus e Maria se relacionavam muito bem, mesmo porque ambos já conheciam o plano divino, apenas submerso no inconsciente de Jesus por causa da barreira material.

Pode-se perceber simbolicamente a importância de Maria nos estratégicos momentos da vida de Jesus, descritos nos Evangelhos. Ela aparece no nascimento e morte de Jesus – firme aos pés da cruz -, e quando ele revela ter despertado espiritualmente, ensinando no Templo ainda criança, bem como quando publicamente fez seu primeiro “milagre”.

No planejamento espiritual, cumpria postar espíritos colaboradores próximos a Jesus. Por isso, a providência divina também uniu Maria por laço de parentesco com Isabel, que já idosa engravidou e trouxe à carne outro espírito superior encarregado dos últimos preparativos para chegada do Cristo: João Batista – a voz que clamava no deserto -, que mais tarde o batizou e deu início à parte final de sua missão.

É, por certo, o encontro das duas mulheres grávidas, uma das mais belas passagens bíblicas do Novo Testamento, registrada por Lucas (1:39,48):

“E, naqueles dias, levantando-se Maria, foi apressada às montanhas, a uma cidade de Judá, e entrou em casa de Zacarias, e saudou a Isabel, e aconteceu que, ao ouvir Isabel a saudação de Maria, a criancinha saltou no seu ventre; e Isabel foi cheia do Espírito Santo. E exclamou com grande voz, e disse: Bendita és tu entre as mulheres, e bendito o fruto de teu ventre. E de onde me provém isto a mim, que venha visitar-me a mãe do meu Senhor? Pois eis que, ao chegar aos meus ouvidos a voz da tua saudação, a criancinha saltou de alegria no meu ventre. Bem-aventurada a que creu, pois hão de cumprir-se as coisas que da parte de meu Senhor lhe foram ditas. Disse então Maria: A minha alma engrandece ao Senhor e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; Porque atentou na baixeza de sua serva; pois eis que desde agora todas as gerações me chamarão bem-aventurada.”

Como se pode notar, eis a passagem evangélica que dá base à oração conhecida por Ave Maria que, adaptada pelo Catolicismo, troca “Mãe de meu Senhor” por “Mãe de Deus.”, na versão de nossos irmãos.

Jesus encontrou na doçura, dedicação, bondade e altivez da mãe as condições necessárias para despertar, sem intervenções indevidas, todas as incomensuráveis potências de seu espírito puro, ainda então se recobrando do mergulho pesado, embotador e sofrível na carne.

E é assim que devemos devotar-nos a Maria, como espírito de luz, portadora de um amor que a blindou contra as dificuldades da carne, permitindo-lhe uma dedicação extrema, mas dócil e altiva, tudo em prol da missão do Cristo.

É justamente esta natureza dócil e amável de Maria, que a habilitou a capitanear um trabalho duro, áspero, incansável no plano espiritual. Através da sublime mediunidade de Yvonne A. Pereira, o espírito Camilo Cândido Botelho noticia no livro Memórias de um Suicida, que Maria coordena a Legião dos Servos de Maria, equipe de abnegados servidores espirituais que auxiliam os suicidas.

Só pode compreender a relevância da missão mariana quem conhece as dificuldades que os suicidas têm de enfrentar quando despertam no plano espiritual. Não por acaso a força do culto mariano em Belém, cidade que por muitos anos esteve entre as três cidades com maior índice de suicídio no Brasil. Exato dizer, portanto, que Maria tutela esta cidade, entre tantas outras.

Em verdade, Maria é o arrimo de muitos sofredores, é a esperança a muitos desesperados, é a mãe de muitos órfãos do sistema, é o colo dos infantes espirituais que de tropeço em tropeço caem e, no fundo do poço, sentem o calor maternal a acalentá-los, o amor incondicional a reanimá-los.

Chico Xavier tributava pública veneração à Maria. Certa vez, Chico estava triste. Perseguido, injustiçado, fatigado de tanto trabalhar pediu a Emmanuel, seu guia, que interpelasse a mãe de Cristo. Queria ouvir algo, uma mensagem de alento, uma palavra motivadora. Tempo depois Emmanuel reaparece e Chico, ansioso, questiona: Que tal Emmanuel? Falou com ela? Emmanuel confirmou. _ O que ela falou? _ Tudo passa Chico, tudo passa.

Afinal, quem não precisa desta mensagem consoladora?











sexta-feira, 19 de novembro de 2010

REUNIÃO DE TRABALHADORES VERDADEIRAMENTE ESPIRITA

 Em uma verdadeira reunião de trabalhadores de uma ceára espírita, seus  dirigentes, deve

* Aprender a ceder em favor de muitos, para que alguns intercedam em seu benefício nas situações desagradáveis.

* Ajudar sem exigência para que outro o auxilie, sem reclamações.

* Não escarnecer  do companheiro no seu modo de pensar; dê ao companheiro oportunidade de conceber a vida tão livremente quanto você.

* Guardar cuidado no modo de exprimir-se; em várias ocasiões, as maneiras dizem mais que as palavras.

* Refir-se a sí  mesmo o menos possível; colaborar  fraternalmente nas alegrias do próximo.

* Evitar a verbosidade avassalante; quem conversa sem intermitências, cansa ao que ouve.

* Deixar ao irmão a autoria das boas ideias e não se preocupe se for esquecido, convicto de que as iniciativas elevadas não pertencem efetivamente a você, de vez que todo bem procede originariamente de Deus.

* Interpretar o adversário como portador de equilíbrio; se precisamos de amigos que nos estimulem, necessitamos igualmente de alguém que indique os nossos erros.

* Discutir com serenidade; o opositor tem direitos iguais aos seus.

* Se  considerar excessivamente as críticas do inferior, suportar sem mágoa as injunções do plano a que se precipitou.

* Ser  útil em qualquer lugar, mas não guardar  a pretensão de agradar a todos; não intente o que o próprio Cristo ainda não conseguiu.

* Defrontado pelo erro, corrija-o primeiramente em sí mesmo, e, em seguida, nos outros, sem violência e sem ódio.

* Se a perfídia cruzar seu caminho, recuse-lhe a honra da indignação examine-a, com um sorriso silencioso, estude-lhe o processo calmamente e, logo após, transforme-a em material digno da vida.

* Amparar  fraternalmente o invejoso; o despeito é indisfarçável homenagem ao mérito e, pagando semelhante tributo, o homem comum atormenta-se e sofre.

* Habituar-se à serenidade e à fortaleza, nos círculos da luta humana; sem essas conquistas dificilmente sairá você do vaivém das reencarnações inferiores.

LEMBRETE AOS DIRIGENTES

Não existe nada mais ridículo, sofrível e abominavel para o público espírita, do que um palestrante, que direciona  o tema de sua palestra, até poder tranforma-la em palanque de apelo a doações de quaisquer  tipo,  pedido de donativos de qualquer ordem, nada consegue retirar mais público das casas espíritas, do que a sensação de golpe, de estar sendo enganado no seu objetivo de se aprofundar na doutrina espirita, ao ver distorcído o objetivo que o levou aquela reunião.
 Tudo tem a sua hora e reunião específica.
P.Moryah.










quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A VERDADEIRA CARIDADE VEM DE DENTRO

Revista de Espiritismo nº. 34 - FEP

Caridade. Para o espiritismo é a virtude máxima. É indiscutível que começa em casa, e, em síntese, é o amor em movimento.
A caridade - nada mais que o amor em movimento - é a grande desconhecida. Passa na história da Humanidade com personagens memoráveis, e assim sonhamos tê-la conosco. O grande problema é o de a conquistar: ela não se compra nem se transfere de uns para outros. Adquire-se, construindo-a no intimo. Não é um objecto.

Também não é obra construída de agora para logo ou de hoje para amanhã, como um produto acabado. O psiquismo humano é complexo, como se se compusesse de diversas camadas que se justapõem numa individualidade una e única.

Um mergulho de superfície na caridade não é de desperdiçar. Mas daí a acreditar-se que o problema de a assimilar é imediato e rápido vai um longo caminho que desmente essa ilusão: o da experiência.

CARIDADE É:
Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas.

DOAÇÃO MATERIAL
Caridade é doação afectiva, desinteressada, espontânea. Traz aos destinatários um bem-estar real, não um gozo periférico. O espírito Emmanuel, numa mensagem ensina que ficamos apenas com o que damos.

CARIDADE É  a fraternidade que acompanha o gesto, a atitude interior. Não é o gesto visualizado. Este pode apenas querer parecer, para merecer o aplauso mundano, conforme descreve o Evangelho.

Pensar nos outros, nas suas dificuldades. Ajudar... sem atrapalhar.

Neste cenário, contudo, quando uma mão se estende para auxiliar, torna-se necessário, em geral, que haja uma mão que queira receber. Este é um dos maiores entraves ao processo de aproximação que envolve a caridade. Os espíritos mais sábios sabem «convencer» o necessitado a aceitar a contribuição fraterna, ao cativá-lo, sensibilizando-o.

A caridade vai-se sedimentando no nosso comportamento tanto mais quanto mais o quisermos, sem angústias ou pressas. E começa nas mais pequeninas coisas. Às vezes ajuda reflectir no lado bom das pessoas mais próximas, em casa, no trabalho, na rua, ou das circunstâncias. Pensar na caridade sem ser de cima para baixo, como sendo eu o bom e o outro o desgraçado. Somos seres que caminhamos lado a lado, todos necessitados do amparo recíproco. Temos momentos melhores umas vezes, de outras têm os outros.

O que não resulta, por certo, é fazer cobranças a outrem, porque é melhor convencermo-nos, em benefício próprio, que ninguém - mas mesmo ninguém - tem qualquer obrigação de ser caridoso connosco, mas, de facto, nós próprios temos a maior obrigação de ser caridosos com os demais, entendendo-os, perdoando o que houvesse a perdoar, agradecendo a quota de generosidade com que de uma forma ou de outra nos beneficiam...

E aí, caridade pode ser o silêncio de alguém que nos tolera algum desassossego.

OS AMIGOS
Às vezes, irreflectidamente, acreditamos que os nossos amigos são aqueles que jamais nos apontam os enganos, que nos dizem que somos os maiores do mundo, que nos batem nas costas, mesmo quando estamos quase a caminho de um colapso de consciência.

Caridade não é aplaudir, apoiar a asneira. É manter a fraternidade de, na altura certa, sem violência, dizer o que se pensa, mesmo que não nos seja perguntado directamente.

Dar mais espaço a alguém em caminhada acelerada para estertorosa queda não é ser seu amigo. Aparecer como se lhe desse apoio, isso não é ajudá-lo.

A caridade não exclui a disciplina nem uma conduta coerente, mas sem agressividade.

CARIDADE SOCIAL
A nossa tendência a tomar os conteúdos pela forma conduz a confusões como as de considerar que a prática da caridade para ser autêntica obriga a participar necessariamente - e em casos extremos até a criar - em obras de assistência social como orfanatos, hospitais, lares de idosos. Diz-se que o movimento espírita brasileiro passou a ser respeitado pelas obras dessa índole que foi criando com muito altruísmo. Até pode ser. Mas o facto é que o que dignifica mesmo, e passa uma boa impressão para quem não é espírita, é a conduta da pessoa em causa: o seu equilíbrio, a sua brandura, a sua paz, a sua capacidade de perdoar, numa palavra o seu timbre de caridade.

Esta virtude não nasce de fora para dentro, a partir de regulamentos: é manifestação afectiva de dentro para fora. A base da caridade assenta na sensibilidade, no conhecimento, no discernimento.

Depois, a caridade não tem rótulo. Não existe uma caridade espírita, outra budista, etc.. O amor em movimento - a caridade - é universalista, ajuda sem olhar a quem, levantando o ser para a dignificação de si próprio. É louvável matar a fome e a sede a quem a tem, inquestionavelmente. Mas proporcionar-lhe educação para prover a si próprio é o mais desejável. A maior caridade não será a divulgação do espiritismo?




sábado, 13 de novembro de 2010

MEDIUNIDADE


Acena-nos a antiguidade terrestre com brilhantes manifestações mediúnicas, a reportarem da História.
Discípulos de Sócrates referem-se, com admiração e respeito, ao amigo invisível que o acompanhava constantemente.
Reporta-se Plutarco ao encontro de Bruto, certa noite, com um dos seus perseguidores desencarnados, a visitá-lo em pleno campo.
Em Roma, no templo de Minerva, Pausânias, ali condenado a morrer de fome, passou a viver, em Espírito, monodeizado na revolta em que se alucinava, aparecendo e desaparecendo aos olhos de circunstantes assombrados, durante largo tempo.
Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa, ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo.
Os Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que, depois de lhe enterrarem os restos nos jardins de Lâmia, eram ali vistos, freqüentemente, até que lhe exumaram os despojos para a incineração.
Todavia, onde a mediunidade atinge culminâncias é justamente no Cristianismo nasciturno.
Toda a passagem do Mestre inesquecível, entre os homens, é um cântico de luz e amor, externando-lhe a condição de Medianeiro da Sabedoria Divina.
E, continuando-lhe o ministério, os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em médiuns notáveis, no dia de Pentecostes ( Atos, 2:1 - 13 ), quando, associadas as suas forças, por se acharem “todos reunidos”, os emissários espirituais do Senhor, através deles produziram fenômenos físicos em grande cópia, como sinais luminosos e vozes diretas, inclusive fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas.
Desde então, os eventos mediúnicos para eles se tornaram habituais.
Espíritos materializados libertavam-nos da prisão injusta (Atos, 5:18 - 20).
O magnetismo curativo era vastamente praticado pelo olhar (Atos, 3:4 - 6) e pela imposição das mãos (Atos,9:17).
Espíritos sofredores eram retirados de pobres obsessos, aos quais vampirizavam (Atos 8:7).
Um homem objetivo e teimoso, quanto Saulo de Tarso, desenvolve a clarividência, de um momento para outro, vê o próprio Cristo, às portas de Damasco, e lhe recolhe as instruções (Atos,9:3 - 7). E porque Saulo, embora corajoso, experimente enorme abalo moral, Jesus, condoído, procura Ananias, médium clarividente na aludida cidade, e pede-lhe socorro para o companheiro que encetava a tarefa (Atos, 9:10 - 11).
Não somente na casa dos apóstolos em Jerusalém mensageiros espirituais prestam contínua assistência aos semeadores do Evangelho; igualmente no lar dos cristãos, em Antioquia, a mediunidade opera serviços valiosos e incessantes. Dentre os médiuns aí reunidos, um deles, de nome Agabo (Atos,11:28), incorpora um espírito benfeitor que realiza importante premonição. E nessa mesma igreja, vários instrumentos mediúnicos aglutinados favorecem a produção da voz direta, consignando expressiva incumbência a Paulo e Barnabé. (Atos,13:1 - 4).
Em Tróade, o apóstolo da gentilidade recebe a visita de um varão, em Espírito, a pedir-lhe concurso fraterno (Atos,16:9 - 10).
E, tanto quanto acontece hoje, os médiuns de ontem, apesar de guardarem consigo a Bênção Divina, experimentavam injustiça e perseguição. Quase por toda à parte, padeciam inquéritos e sarcasmos, vilipêndios e tentações.
Logo no início das atividades mediúnicas que lhes diziam respeito, vêm-se Pedro e João segregados no cárcere. Estevão é lapidado. Tiago, filho de Zebedeu, é morto a golpes de espada. Paulo de Tarso é preso e açoitado várias vezes.
A mediunidade, que prossegue fulgindo entre os mártires cristãos, sacrificados nas festas circenses, não se eclipsa, ainda mesmo quando o ensinamento de Jesus passa a sofrer estagnação por impositivos de ordem política. Apenas há alguns séculos, vimos Francisco de Assis exalçando-a em luminosos acontecimentos; Lutero transitando entre visões; Tereza d´Ávila em admiráveis desdobramentos; José de Copertino levitando ante a espantada observação do papa Urbano VIII, e Swedenborg recolhendo, afastado do corpo físico, anotações de vários planos espirituais que ele próprio filtra para o conhecimento humano, segundo as concepções de sua época.

- MEDIUNIDADE COM JESUS

“Restituí a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Daí gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido”.
Foi esta a recomendação de Jesus a seus discípulos e com isto querendo dizer “... que ninguém se faça pagar daquilo que nada pagou. Ora, o que eles haviam recebido gratuitamente era a faculdade de curar doentes e de expulsar demônios, isto é, os maus espíritos. Esse dom Deus lhes dará gratuitamente, para alívio dos que sofrem e como meio de propagação da fé. Jesus, pois, recomendava-lhes que não fizesse dele objeto de comércio, nem de especulação, nem meio de vida”.
Estas orientações dadas por Jesus continuam mais atuais do que nunca, porque a mediunidade evangelizada jamais poderá ser transformada em profissão ou fonte de rendas. (...) sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo”.
Deve-se compreender que a mediunidade só existe pelo concurso dos espíritos. “Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da Seara da verdade e do amor.
Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos”.
“... Mediunidade não basta só por si. É imprescindível saber que tipo de onda mental assimilamos para conhecer da qualidade de nosso trabalho e ajuizar de nossa direção”.
“O médium moralizado, que encontra na vivência evangélica a conduta de vida, é uma pessoa de bem, que procura ser humilde, sincero, paciente, perseverante, bondoso, estudioso e trabalhador. Cumpre o mandato mediúnico com amor”.
“... Ao exercício da mediunidade com Jesus, isto é, na perfeita aplicação dos seus valores a benefícios da criatura, em nome da caridade, é que o ser atinge a plenitude das suas funções e faculdades, convertendo-se em celeiro de bênçãos, semeador da saúde espiritual e da paz nos diversos terrenos da vida humana, na Terra”.
Aí está, como a prática mediúnica exerce um papel de renovação social. “... o espírito humano segue em marcha conveniente, imagem da graduação que experimenta tudo o que povoa o Universo, visível e invisível. Todo progresso vem na sua hora: a da elevação moral soou para a humanidade”. “E o médium evangelizado, exercendo o mandato com amor e espírito de serviço em benefício do próximo, contribui em grande escala para o progresso geral”.
No serviço da mediunidade, como traço de união entre o Céu e a Terra, o homem, sob a inspiração de Jesus, poderá apresentar as mais sublimes expressões de fraternidade, na prática de amar ao próximo como a si mesmo. Em síntese, diz Martins Peralva, em “Estudando a Mediunidade”, cap. XXIX, que os principais objetivos do exercício mediúnico com Jesus são. Para os encarnados:
Cooperação com os encarnados e desencarnados no serviço de reconforto e esclarecimento.
Auto-educação, pela renovação dos sentimentos, com aproveitamento das mensagens de elevado teor.
Construções de afeições preciosas no Plano Espiritual, ,consolidando, assim, as bases da cooperação e da amizade superior.

Para os desencarnados:
Preparação de facilidades para os que tiverem de reiniciar o aprendizado, pela reencarnação, mediante o auxilio aos atuais desencarnados.
Auxílio aos reencarnados e desencarnados no esforço de libertação das teias da ignorância e do sofrimento.
Transmissão, aos reencarnados, dos esclarecimentos edificantes dos grandes Instrutores que operam com Jesus na redenção da humanidade.
Estes objetivos sedimentarão, desta forma, a base para a multiplicação dos talentos recebidos e conquistados ao longo de multimilenar experiência. Não se pode esquecer, ainda, em termos de mediunidade, de que ela assume todas as características de exaltação divina, em Jesus. O Cristo cedo começou seu apostolado excelso, porquanto já aos doze anos estava entre os doutores d a lei, esclarecendo aos homens os valores da vida espiritual. Ao final da vida terrena deixou na Boa Nova a lição imortal do amor divino; entretanto, até hoje, os homens, em sua maioria, apenas se preocupam com os fenômenos e somente falam de sues “milagres”, sem se preocuparem em seguir os ensinamentos que deixou.
Quando os apóstolos não conseguiam os “milagres”, socorriam-se dele, e ele os incentivava a terem mais confiança em Deus, mais Fé do tamanho de um grão de mostarda.
Em Jesus como em seus continuadores encontram-se as mediunidades puras e espontâneas, como deve ser, distante de particularismos inferiores. Neles, estão os valores mediúnicos a serviço do Amor e da Sabedoria, exercidos com a mais elevada responsabilidade mora, segundo as propostas do Divino Mestre.
O Evangelho não é um livro de um povo, mas um CÓDIGO DE PRINCÍPIOS MORAIS, adaptável a todas as Pátrias, a todas as raças e a todas as criaturas, e representa a carta de conduta para a ascensão da consciência à imortalidade. Jesus empregou a mediunidade sublime como agente de luz eterna, exaltando a vida e aniquilando a morte, abolindo o mal e glorificando o bem, a fim de que as leis humanas se purificassem, se engrandecessem, se santificassem e se elevassem para integração com as Leis de Deus.

 PERDA E SUSPENSÃO DA MEDIUNIDADE

A faculdade mediúnica está sujeita a intermitências e a suspensões momentâneas tanto para as manifestações físicas, quanto para a escrita(inteligentes). Causas:
Livre arbítrio dos Espíritos que se comunicam.
Impossibilidade dos Espíritos.
Uso que o médium faz de sua faculdade mediúnica influi sobre os bons espíritos; futilidades, ambição.
Provar o médium, a sua paciência , a sua perseverança.
Estimular o estudo, a prece e a meditação.
Vide n°220.Livro dos Médiuns de A Kardec.
Ainda a respeito da perda e suspensão da mediunidade.

Podem ser de três categorias as causas que determinam a perda ou suspensão da mediunidade:
1-Advertência: Quando os Espíritos que sempre se comunicam por um médium deixam de fazer, para provar ao médium e a todos, que eles são indispensáveis para que haja a comunicação e que o seu concurso simpático nada se obtém.
No mais das vezes, tal atitude se prenda à forma qual o médium vem se conduzindo, deixando a desejar sob o ponto de vista moral e doutrinário. “Este dom de Deus não é concedido ao médium para seu deleite e ainda menos, para a satisfação de suas ambições, mas para dar a conhecer aos homens a verdade. Se os Espíritos verificam que o médium já não corresponde às suas visitas e, já não aproveita das instruções nem dos conselhos que lhe dá, afasta-se, em busca de protegido mais digno.”(Idem, 3ª questão.)
Geralmente este tipo de suspensão é por algum tempo, e a faculdade volta a funcionar, cessada a causa que a produziu.

2-Benevolência: Quando as forças do médium estão esgotadas e seu poder de defesa fica reduzido, para que não caia como presa fácil nas mãos dos obsessores, sua faculdade é suspensa, temporariamente, até que volte ao seu estado normal e a possa exercitar com eficiência. Assim, a interrupção da faculdade nem sempre é uma punição; demonstra às vezes a solicitude do Espírito para com o médium a quem consagra afeição, tendo por objetivo proporcionar-lhe um repouso material de que o julga necessitado, caso em que não permite que outros espíritos o substituam”. (Idem, 5ª questão).
“Por que sinal de pode reconhecer a censura nesta interrupção? - Interrogue o médium a sua consciência e inquira de si mesmo qual o uso que tem feito da sua faculdade, qual o bem que dela tem resultado para os outros, que proveito há tirado dos bons conselhos que se lhe têm dado e terá a resposta.” (Idem, 10 questão.).
Mas, quando os bons Espíritos se afastam por acharem que um médium não está agindo corretamente, isto não seria falta de caridade ? Inicialmente eles sempre advertem os médiuns com ensinos que estes nem sempre tomam para si mas sim, endereçam às pessoas de seu círculo de relações. Várias são as tentativas que lhes fazem no sentido de evitar que o médium caia, mas, desde que o mesmo se torne rebelde aos avisos de disciplina, estudo, preparo doutrinário e contudo deixarem de se interessar pela sua sorte. Velam à distância, ainda aqui continuam a amparar o decaído de longe, esperando a primeira oportunidade de reabilitação para incentivarem-no a aproveita-la. Fazem o papel do pai que diante de filho teimoso que por toda a lei quer por a mão no fogo, apesar dos conselhos e explicações, deixam que ele sofra as conseqüências para aprender.
Os mentores espirituais não abandonam o médium que tem a sua faculdade suspensa. “O médium se encontra então na situação de uma pessoa que perdesse temporariamente a vista, a qual, não deixaria de estar rodeada de seus amigos, embora impossibilitado de os ver.” (Idem, 8ª questão).

3-Provação: Quando o médium, apesar de se conduzir com acerto, ter merecimento por boa conduta moral e não necessitar de descanso, tem suas possibilidades mediúnicas diminuídas. Com que fim isto ocorre? “Servem para lhes pôr a paciência à prova e para lhes experimentar a perseverança. Por isso é que os Espíritos nenhum termo em geral, assinam à suspensão da faculdade mediúnica; é para verem se o médium descoroçoa. É também para lhe dar tempo de meditar as instruções recebidas. Por essa meditação dos nossos ensinos é que reconhecemos os espíritas verdadeiramente sérios. Não podemos dar esse nome aos que, na realidade, não passam de amadores de comunicações”. (Idem. 5ª questão) Vê-se, por esta resposta que a finalidade da comunicação é a de instruir as criaturas humanas de como devem se comportar na vida, a fim de evitar os seus percalços e deles saber tirar o bom resultado quando são inevitáveis.
Meditar, significa ler com atenção; procurar entender o verdadeiro significado do que lê, pensar cuidadosamente sobre o que aprendeu e buscar aplicar o aprendido. Eis os objetivos que o médium deve atingir.
No caso de não mais funcionar a faculdade mediúnica, isto jamais se deve ao fato de o médium ter encerrado a sua missão, como de costuma dizer, porque toda missão encerrada com sucesso, é prenuncio de nova tarefa que logo se lhe segue e assim sucessivamente. O que ocorre nestes casos é perda por abusos da mediunidade ou por doença grave.



quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CAMPANHA NA CAMPANHA

Aproxima-se mais um natal, e como em todos os anos, campanhas e mais campanhas fervilham nos templos de todas as religiões cristãs, sempre direcionadas as crianças pobres e as familias menos afortunadas,em nome do social e da caridade cristã.

«Campanha», além de outros significados na sinonímica, pode também figuradamente expressar «esforço para conseguir alguma coisa».

Possuímos, desse modo, campanhas múltiplas no terreno da solidariedade, como simples dever; todas, porém, rogando a campanha da indulgência, no âmago de si mesmas.

Ouçamos, assim, o que nos diz semelhante campanha íntima.

-Ajuda a construir o templo de tua fé, mas não creias que os outros devam crer conforme crês.

-Ergue um lar que recolha os infortunados da via pública; entretanto, não expulses do coração as vítimas do mal, para que o mal não as aniquile.

-Agasalha a epiderme desnuda do companheiro; todavia, não exponhas a vida do próximo às rajadas mortíferas da censura.

-Estende o prato reconfortante ao faminto; contudo, não te falte apoio moral para os sedentos de compreensão.

-Traze a cadeira de rodas à necessidade do paralítico; no entanto, não deixes de levantar os caídos em desapreço.

-Protege os obsidiados como puderes, mas desculpa incondicionalmente os amigos perturbados da própria rota, quando te compliquem a experiência.

-Dá remédio aos enfermos; entretanto, não negues algum bálsamo de esperança aos corações tombados no vício.

-Ampara a criança menosprezada; contudo, não a escravizes à tua exigência.

-Promove a pregação da virtude; no entanto, atende ao culto incessante da gentileza para com todos, começando da própria casa.

-Presta serviço aos irmãos do caminho, mas não lhes cobres favores especiais.

-Pede a colaboração alheia, somente após teres efetivado a tua colaboração, afinal, é muito facil fazer caridade somente com os valores alheios.

-Realmente, em quaisquer campanhas de redenção, não te despreocupes da campanha da indulgência na campanha a que te afeiçoes.

-Indulgência exprime «entendimento» e «entendimento» quer dizer «simpatia fraterna».

-Jesus, entre os homens, partilhou campanhas , inclusive aquelas do amor pelos inimigos e da oração pelos que perseguem e caluniam.

-Entretanto, fosse na tolerância aos sarcasmos da rua ou no perdão aos ingratos, em momento algum se esqueceu da própria consagração à campanha da bênção.




terça-feira, 9 de novembro de 2010

SOLICITAÇÃO FRATERNA DE UM TRABALHADOR ESPÍRITA

Ajude com a sua oração a todos os irmãos: que jamais encontram tempo ou recursos para serem úteis a alguém; que se declaram afrontados pela ingratidão, em toda a parte; que trajam os olhos de luto para enxergarem o mal, em todas as situações; que contemplam mil castelos nas nuvens, mas que não acendem nem uma vela no chão; que somente cooperam na torre de marfim do personalismo, sem lhe descerem os degraus para colaborar com os outros; que se acreditam emissários especiais e credores dos benefícios de exceção; que devoram precioso tempo dos ouvintes, falando exclusivamente  de si; que desistem de continuar aprendendo na luta humana; que exibem o realejo da desculpa para todas as faltas; que sustentam a vocação de orquídeas no salão do mundo; que se julgam centros compulsórios das atenções gerais; que fazem o culto sistemático à enfermidade e ao obstáculo. São doentes graves que necessitam do Amparo Silencioso.

IRMÃOS EM PERIGO

* Os que pretendem transformar o próximo, de um dia para outro, a golpes verbais.

* Os que descobrem pareceres inteligentes e bons conselhos para todas as pessoas, distraídos dos problemas que lhes são próprios.

* Os que colocam a mente em outro mundo, de maneira absoluta, sem atender aos deveres do mundo em que respiram.

* Os que permanecem incessantemente preocupados em se defenderem.

* Os que fazem dez projetos maravilhosos por dia sem concretizar nenhum deles em dez anos.

* Os que reconhecem a grandeza das verdades divinas, mas que jamais dispõem de tempo para cultivá-las, em favor da própria iluminação.

* Os que adiam indefinidamente para amanhã o serviço da compreensão e do amor ao próximo.

* Os que se sentem senhores exclusivos de todos os trabalhos no campo da caridade, sem distribuir oportunidades de serviço aos outros.

* Os que declaram perdoar a ofensa, mas que nunca conseguem esquecer o mal.

* Os que encontram ensejo de se entediarem da vida.

P.Moryah.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

PARA OS QUE SÃO COLOCADOS A MARGEM DO PROCESSO

Todos os dias, recebemos via email, telefonemas ou relatos ao vivo, reclamações de trabalhadores espíritas de diversos centros, que se sentem por um motivo ou por outro, “marginalizados” pela direção, que os trata com visível desigualdade, ou seja “a lei para uns, e o rigor da lei para outros”, nos que já sentimos na própria carne o problema, enviamos a todos estes irmãos, a mensagem abaixo, que sempre norteou nossas atitudes e levantou a nossa Auto-estima.

Batido no ideal de bem fazer, desculpa e avança à frente.
Açoitado no coração, enxuga as lágrimas e segue adiante.
A indulgência é a vitória da vítima e o olvido de todo mal é a resposta do justo.
Acúleos despontam no corpo da haste verde, mas a rosa, em silêncio, floresce, triunfante, por cima deles, enviando perfume ao céu.

Sombras da noite envolvem a paisagem terrestre na escuridão do nadir; todavia, o Sol, sem palavras, expulsa as trevas, cada manhã, recuperando-a para a alegria da luz.

Lembra-te dos perseguidos sem causa, que se refugiaram na paz da consciência, em todas as épocas.

Sócrates bebe a cicuta que lhe impõem à boca; entretanto, ergue-se à cuhninância da filosofia.

Estêvão morre sob pedradas, abrindo caminho a três séculos de flagelação contra o Cristianismo nascente; contudo, faz-se o padrão do heroísmo e da resistência dos mártires que transformam o mundo.

Gutenberg é processado como devedor relapso, mas cria a imprensa, desfazendo o nevoeiro medieval.

Jan Hus é queimado vivo, mas imprime novos rumos à fé.

Colombo expira abandonado numa enxerga em Valladolid; no entanto, levanta-se, para sempre, na memória da América.

Galileu, preso e humilhado, desvenda ao homem nova contemplação do Universo.

Lutero, vilipendiado, ressuscita as letras do Evangelho.

Giordano Bruno, atravessando pavoroso suplício, traça mais altos rumos ao pensamento.

Lincoln tomba assassinado, mas extingue o cativeiro no clima de sua pátria.

Pasteur é ironizado pela maioria de seus contemporâneos; no entanto, renova os métodos da ciência e converte-se em benfeitor de todos os povos.

E, ainda ontem, Gandhi cai sob golpe homicida, mas consagra o princípio de não-violência.

Entre os perseguidores, contam-se os obsidiados, os intemperantes, os depravados, os infelizes, os caluniadores, os calculistas e os criminosos, que descem pelas torrentes do remorso para a necessária refundição mental nos alambiques do tempo, mas, entre os perseguidos sem razão, enumeram-se quase todos aqueles que lançam nova luz sobre as rotas da vida.

É por isso que Jesus, o Divino Governador da Terra, preferiu alinhar-se entre os escarnecidos e injuriados, aceitando a morte na cruz, de maneira a estender a glória do amor puro e a força do perdão, para que se aprimore a Humanidade inteira.

CONDENAR E FÁCIL...O DIFICIL É CORRIGIR !

Toda corrigenda, antes de qualquer critica ou expressão em palavras, há de vazar-se nas sendas do amor para que haja evolução.

Não amaldiçoarás a terra seca, mas trabalharás nela a graça da fonte para que retorne a produtividade.

Não condenarás o terreno em que a lama se acumulou, provocando a inutilidade, mas drenar-lhe-ás o leito de lodo, a fim de que se restaure em leira fecunda.

Não reprovarás simplesmente a vestimenta que os detritos desfiguraram, mas mergulhá-la-ás na água pura, recompondo-lhe a forma para a bênção da serventia.

Não martelarás indiscriminadamente a máquina, cuja engrenagem se nega à função devida, e sim lhe examinarás, com atenção, os implementos defeituosos, de modo a recuperá-la para o justo exercício.

Não derrubarás a plantação nascente que a praga invadiu, mas mobilizarás carinho e cuidado para libertá-la do elemento destruidor, propiciando-lhe recurso preciso ao refazimento.

Não aniquilarás certa província corpórea, porque se mostre enfermiça, mas fornecer-lhe-ás adequado remédio, normalizando-lhe os movimentos.

Repreensão sem paciência e esperança, ainda mesmo quando se fundamente em razões respeitáveis, é semelhante ao punhal de ouro fulgurando rara beleza, mas carreando consigo a visitação da morte.

Corrigir é ensinar e ensinar será repetir a lição, com bondade e entendimento, tantas vezes quantas se fizerem necessárias.

Unge-te, pois, de compaixão, se desejas retificar e servir.

Lembra-te de que o próprio Cristo, embora portador de sublimes revelações no tope do monte, antes de ministrar a Verdade à mente dos ouvintes sequiosos de luz, ao reparar-lhes a fome do corpo, deu-lhes, compassivo, um pedaço de pão.

Ésta é pois a sublime missão, que a tí foi confiada, corrigir pelo exermplo, para então mereceres o galardão terreno de “DIRIGENTE ESPÍRITA”







terça-feira, 2 de novembro de 2010

REFLEXÕES SOBRE O "DIA SE FINADOS?"

 Realmente o tema desperta algumas dúvidas. Mesmo alguns companheiros espíritas perguntam se devem ou não ir aos cemitérios no dia 2 de novembro, se isto é importante ou não. Antes de tudo, lembremos que o respeito instintivo do homem pelos desencarnados, os chamados mortos, é uma conseqüência natural da intuição que as pessoas têm da vida futura. Não faria nenhum sentido o respeito ou as homenagens aos mortos se no fundo o homem não acreditasse que aqueles seres queridos continuassem vivendo de alguma forma. É um fato curioso que mesmo aqueles que se dizem materialistas ou ateus nutrem este respeito pelos mortos.

Embora o culto aos mortos ou antepassados seja de todos os tempos, Leon Denis nos diz que o estabelecimento de uma data específica para a comemoração dos mortos é uma iniciativa dos druidas, antigo povo que viveu na região que hoje é a França. Os druidas, um povo que acreditava na continuação da existência depois da morte, se reuniam nos lares, não nos cemitérios, no primeiro dia de novembro, para homenagear e evocar os mortos.

A noção de imortalidade que a maioria das pessoas tem, no entanto, ainda é confusa, fazendo com que as multidões se encaminhem para os cemitérios, como se o cemitério fosse a morada eterna daqueles que pereceram. O Espiritismo ensina o respeito aos desencarnados como um dever de fraternidade, mas mostra que as expressões de carinho não precisam ser realizadas no cemitério, nem é necessário haver um dia especial para que tais lembranças ou homenagens sejam realizadas.


 Mas para os espíritos desencarnados o dia 2 de novembro têm alguma coisa mais solene, mais importante? Eles se preparam para visitar os que vão orar sobre os túmulos?

 É preciso entender que nossa comunicação com os desencarnados é realizada através do pensamento. As preces, as orações, são vibrações do pensamento que alcançam os espíritos. Nossos entes queridos desencarnados são sensíveis ao nosso pensamento. Se existe entre eles e nós o sentimento de verdadeira afeição, se existe esse laço de sintonia, eles percebem nossos sentimentos e nossas preces, independente de ser dia de finados ou não.

Se é o aspecto consolador da Doutrina Espírita: a certeza de que nossos queridos desencarnados, nossos pais, filhos, parentes e amigos, continuam vivos e continuam em relação conosco através do pensamento. Não podemos privar de sua presença física, mas o sentimento verdadeiro nos une e eles estão em relação conosco, conforme as condições espirituais em que se encontrem. Realizaram a grande viagem de retorno à pátria espiritual antes de nós, nos precederam na jornada de retorno, mas continuam vivos e atuantes.

Um amigo incrédulo uma vez nos falou: "Só vou continuar vivo na lembrança das pessoas". Não é verdade. Continuamos tão vivos após a morte quanto estamos vivos agora. Apenas não dispomos mais deste corpo de carne, pesado e grosseiro.

Então, os espíritos atendem sim aos chamados do pensamento daqueles que visitam os túmulos. No dia 2 de novembro, portanto, como nos informam os amigos espirituais, o movimento nos cemitérios, no plano espiritual, é muito maior, porque é muito maior o número de pessoas que evocam, pelas preces e pelos sentimentos, os desencarnados.

 E se estes desencarnados pudessem se tornar visíveis, como eles se mostrariam?

 Com a forma que tinham quando estavam encarnados, para que pudessem ser reconhecidos. Não é raro que o espírito quando desencarne sofra ou provoque alterações na sua aparência, ou seja no seu corpo espiritual. Espíritos que estão em equilíbrio mental e emocional podem se apresentar com uma aparência mais jovem do que tinham quando estavam encarnados, enquanto outros podem inclusive adotar a aparência que tinham em outra encarnação. Por outro lado, espíritos que estão em desequilíbrio podem ter uma aparência muito diferente da que tinham no corpo, pois o corpo espiritual mostra o verdadeiro estado interior do espírito.

 E quanto aos espíritos esquecidos, cujos túmulos não são visitados? Como se sentem?

 Isto depende muito do estado do espírito. Muitos já reconhecem que a visita aos túmulos não é fundamental para se sentirem amados. Outros, no entanto, comparecem aos cemitérios na esperança de encontrar alguém que ainda se lembre deles e se entristecem quando se vêem sozinhos.

 A visita ao túmulo traz mais satisfação ao desencarnado do que uma prece feita em sua intenção?

 Visitar o túmulo é a exteriorização da lembrança que se tem do espírito querido, é uma forma de manifestar a saudade, o respeito e o carinho. Desde que realizada com boa intenção, sem ser apenas um compromisso social ou protocolar, desde que não se prenda a manifestações de desespero, de cobranças, de acusações, como ocorre em muitas situações, a visitação ao túmulo não é condenável. Apenas é desnecessária, pois a entidade espiritual não se encontra no cemitério, e pode ser lembrada e homenageada através da prece em qualquer lugar. A prece ditada pelo coração, pelo sentimento, santifica a lembrança, e é sempre recebida com prazer e alegria pelo desencarnado.

 No ambiente espiritual dos cemitérios comparecem apenas os espíritos cujos corpos foram lá enterrados?

 Não. Segundo as narrativas, o ambiente espiritual dos cemitérios fica bastante tumultuado no chamado Dia de Finados. E isto ocorre por vários motivos. Primeiro, como já dissemos, pela própria quantidade de pessoas que visitam os túmulos. Cada um de nós levamos nossas companhias espirituais, somos acompanhados pelos espíritos familiares. Depois, porque muitos espíritos que estão vagando desocupados e curiosos do plano espiritual também acorrem aos cemitérios, atraídos pelo movimento da multidão, tal como ocorre entre os encarnados. Alguns comparecem respeitosos enquanto outros se entregam à galhofa e à zombaria.

E existem espíritos que permanecem fixado no ambiente do cemitério depois de sua desencarnação?

 Sim, embora esta não seja um ocorrência comum. Além disso, devemos nos lembrar que nos cemitérios, bem como em qualquer lugar, existem equipes espirituais trabalhando para auxiliar, dentro do possível, os que estão em sofrimento.

 Os espíritos ligam alguma importância ao tratamento que é dado ao seu túmulo? As flores, os enfeites, as velas, os mausoléus, influenciam no estado espiritual do desencarnado?

Não. Somente os espíritos ainda muito ligados às manifestações materiais poderiam se importar com o estado do seu túmulo, e mesmos estes em pouco tempo percebem a inutilidade, em termos espirituais, de tais arranjos. O carinho com que são cuidados os túmulos só tem algum sentido para os encarnados, que devem se precaver para não criarem um estranho tipo de culto. Não devemos converter as necrópoles vazias em "salas de visita do além", como diz Richard Simonetti. Há locais mais indicados para nos lembrarmos daqueles que partiram.

 E que tipo de local seria este?
O lar! Nossos entes familiares que já desencarnaram podem ser lembrados na própria intimidade e no aconchego de nosso lar, ao invés da frieza dos cemitérios e catacumbas. Eles sempre preferirão receber nossa mensagem de saudade e carinho envolvida nas vibrações do ambiente familiar. Qualquer que seja a situação espiritual em que eles se encontrem, serão alcançados pelo nosso pensamento. Por isso, devemos nos esforçar para, sempre que lembrarmos deles, que nosso pensamento seja de saudade equilibrada, de desejo de paz e bem-estar, de apoio e afeto, e nunca de desespero, de acusação, de culpa, de remorso.

 Mas a tristeza é natural, não?

Sim, mas não permitamos que a saudade se converta em angústia, em depressão. Usemos os recursos da confiança irrestrita em Deus, da certeza de Sua justiça e sua bondade. Deus é Amor, e onde haja a expressão do amor, a presença divina se faz. Vamos permitir que essa presença acalme nosso coração e tranqüilize nosso pensamento, compreendendo que os afetos verdadeiros não são destruídos pela morte física, não são encerrados na sepultura. Dois motivos portanto para não cultivarmos a tristeza: sentimos saudades – e não estamos mortos; nossos amados não estão mortos – e sentem saudades...Se formos capazes de orar, com serenidade e confiança, envolvendo a saudade com a esperança, sentiremos a presença deles entre nós, envolvendo nossos corações em alegria e paz.