sábado, 13 de novembro de 2010

MEDIUNIDADE


Acena-nos a antiguidade terrestre com brilhantes manifestações mediúnicas, a reportarem da História.
Discípulos de Sócrates referem-se, com admiração e respeito, ao amigo invisível que o acompanhava constantemente.
Reporta-se Plutarco ao encontro de Bruto, certa noite, com um dos seus perseguidores desencarnados, a visitá-lo em pleno campo.
Em Roma, no templo de Minerva, Pausânias, ali condenado a morrer de fome, passou a viver, em Espírito, monodeizado na revolta em que se alucinava, aparecendo e desaparecendo aos olhos de circunstantes assombrados, durante largo tempo.
Sabe-se que Nero, nos últimos dias de seu reinado, viu-se fora do corpo carnal, junto de Agripina e de Otávia, sua genitora e sua esposa, ambas assassinadas por sua ordem, a lhe pressagiarem a queda no abismo.
Os Espíritos vingativos em torno de Calígula eram tantos que, depois de lhe enterrarem os restos nos jardins de Lâmia, eram ali vistos, freqüentemente, até que lhe exumaram os despojos para a incineração.
Todavia, onde a mediunidade atinge culminâncias é justamente no Cristianismo nasciturno.
Toda a passagem do Mestre inesquecível, entre os homens, é um cântico de luz e amor, externando-lhe a condição de Medianeiro da Sabedoria Divina.
E, continuando-lhe o ministério, os apóstolos que se lhe mantiveram leais converteram-se em médiuns notáveis, no dia de Pentecostes ( Atos, 2:1 - 13 ), quando, associadas as suas forças, por se acharem “todos reunidos”, os emissários espirituais do Senhor, através deles produziram fenômenos físicos em grande cópia, como sinais luminosos e vozes diretas, inclusive fatos de psicofonia e xenoglossia, em que os ensinamentos do Evangelho foram ditados em várias línguas, simultaneamente, para os israelitas de procedências diversas.
Desde então, os eventos mediúnicos para eles se tornaram habituais.
Espíritos materializados libertavam-nos da prisão injusta (Atos, 5:18 - 20).
O magnetismo curativo era vastamente praticado pelo olhar (Atos, 3:4 - 6) e pela imposição das mãos (Atos,9:17).
Espíritos sofredores eram retirados de pobres obsessos, aos quais vampirizavam (Atos 8:7).
Um homem objetivo e teimoso, quanto Saulo de Tarso, desenvolve a clarividência, de um momento para outro, vê o próprio Cristo, às portas de Damasco, e lhe recolhe as instruções (Atos,9:3 - 7). E porque Saulo, embora corajoso, experimente enorme abalo moral, Jesus, condoído, procura Ananias, médium clarividente na aludida cidade, e pede-lhe socorro para o companheiro que encetava a tarefa (Atos, 9:10 - 11).
Não somente na casa dos apóstolos em Jerusalém mensageiros espirituais prestam contínua assistência aos semeadores do Evangelho; igualmente no lar dos cristãos, em Antioquia, a mediunidade opera serviços valiosos e incessantes. Dentre os médiuns aí reunidos, um deles, de nome Agabo (Atos,11:28), incorpora um espírito benfeitor que realiza importante premonição. E nessa mesma igreja, vários instrumentos mediúnicos aglutinados favorecem a produção da voz direta, consignando expressiva incumbência a Paulo e Barnabé. (Atos,13:1 - 4).
Em Tróade, o apóstolo da gentilidade recebe a visita de um varão, em Espírito, a pedir-lhe concurso fraterno (Atos,16:9 - 10).
E, tanto quanto acontece hoje, os médiuns de ontem, apesar de guardarem consigo a Bênção Divina, experimentavam injustiça e perseguição. Quase por toda à parte, padeciam inquéritos e sarcasmos, vilipêndios e tentações.
Logo no início das atividades mediúnicas que lhes diziam respeito, vêm-se Pedro e João segregados no cárcere. Estevão é lapidado. Tiago, filho de Zebedeu, é morto a golpes de espada. Paulo de Tarso é preso e açoitado várias vezes.
A mediunidade, que prossegue fulgindo entre os mártires cristãos, sacrificados nas festas circenses, não se eclipsa, ainda mesmo quando o ensinamento de Jesus passa a sofrer estagnação por impositivos de ordem política. Apenas há alguns séculos, vimos Francisco de Assis exalçando-a em luminosos acontecimentos; Lutero transitando entre visões; Tereza d´Ávila em admiráveis desdobramentos; José de Copertino levitando ante a espantada observação do papa Urbano VIII, e Swedenborg recolhendo, afastado do corpo físico, anotações de vários planos espirituais que ele próprio filtra para o conhecimento humano, segundo as concepções de sua época.

- MEDIUNIDADE COM JESUS

“Restituí a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os demônios. Daí gratuitamente o que gratuitamente haveis recebido”.
Foi esta a recomendação de Jesus a seus discípulos e com isto querendo dizer “... que ninguém se faça pagar daquilo que nada pagou. Ora, o que eles haviam recebido gratuitamente era a faculdade de curar doentes e de expulsar demônios, isto é, os maus espíritos. Esse dom Deus lhes dará gratuitamente, para alívio dos que sofrem e como meio de propagação da fé. Jesus, pois, recomendava-lhes que não fizesse dele objeto de comércio, nem de especulação, nem meio de vida”.
Estas orientações dadas por Jesus continuam mais atuais do que nunca, porque a mediunidade evangelizada jamais poderá ser transformada em profissão ou fonte de rendas. (...) sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo”.
Deve-se compreender que a mediunidade só existe pelo concurso dos espíritos. “Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da Seara da verdade e do amor.
Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos”.
“... Mediunidade não basta só por si. É imprescindível saber que tipo de onda mental assimilamos para conhecer da qualidade de nosso trabalho e ajuizar de nossa direção”.
“O médium moralizado, que encontra na vivência evangélica a conduta de vida, é uma pessoa de bem, que procura ser humilde, sincero, paciente, perseverante, bondoso, estudioso e trabalhador. Cumpre o mandato mediúnico com amor”.
“... Ao exercício da mediunidade com Jesus, isto é, na perfeita aplicação dos seus valores a benefícios da criatura, em nome da caridade, é que o ser atinge a plenitude das suas funções e faculdades, convertendo-se em celeiro de bênçãos, semeador da saúde espiritual e da paz nos diversos terrenos da vida humana, na Terra”.
Aí está, como a prática mediúnica exerce um papel de renovação social. “... o espírito humano segue em marcha conveniente, imagem da graduação que experimenta tudo o que povoa o Universo, visível e invisível. Todo progresso vem na sua hora: a da elevação moral soou para a humanidade”. “E o médium evangelizado, exercendo o mandato com amor e espírito de serviço em benefício do próximo, contribui em grande escala para o progresso geral”.
No serviço da mediunidade, como traço de união entre o Céu e a Terra, o homem, sob a inspiração de Jesus, poderá apresentar as mais sublimes expressões de fraternidade, na prática de amar ao próximo como a si mesmo. Em síntese, diz Martins Peralva, em “Estudando a Mediunidade”, cap. XXIX, que os principais objetivos do exercício mediúnico com Jesus são. Para os encarnados:
Cooperação com os encarnados e desencarnados no serviço de reconforto e esclarecimento.
Auto-educação, pela renovação dos sentimentos, com aproveitamento das mensagens de elevado teor.
Construções de afeições preciosas no Plano Espiritual, ,consolidando, assim, as bases da cooperação e da amizade superior.

Para os desencarnados:
Preparação de facilidades para os que tiverem de reiniciar o aprendizado, pela reencarnação, mediante o auxilio aos atuais desencarnados.
Auxílio aos reencarnados e desencarnados no esforço de libertação das teias da ignorância e do sofrimento.
Transmissão, aos reencarnados, dos esclarecimentos edificantes dos grandes Instrutores que operam com Jesus na redenção da humanidade.
Estes objetivos sedimentarão, desta forma, a base para a multiplicação dos talentos recebidos e conquistados ao longo de multimilenar experiência. Não se pode esquecer, ainda, em termos de mediunidade, de que ela assume todas as características de exaltação divina, em Jesus. O Cristo cedo começou seu apostolado excelso, porquanto já aos doze anos estava entre os doutores d a lei, esclarecendo aos homens os valores da vida espiritual. Ao final da vida terrena deixou na Boa Nova a lição imortal do amor divino; entretanto, até hoje, os homens, em sua maioria, apenas se preocupam com os fenômenos e somente falam de sues “milagres”, sem se preocuparem em seguir os ensinamentos que deixou.
Quando os apóstolos não conseguiam os “milagres”, socorriam-se dele, e ele os incentivava a terem mais confiança em Deus, mais Fé do tamanho de um grão de mostarda.
Em Jesus como em seus continuadores encontram-se as mediunidades puras e espontâneas, como deve ser, distante de particularismos inferiores. Neles, estão os valores mediúnicos a serviço do Amor e da Sabedoria, exercidos com a mais elevada responsabilidade mora, segundo as propostas do Divino Mestre.
O Evangelho não é um livro de um povo, mas um CÓDIGO DE PRINCÍPIOS MORAIS, adaptável a todas as Pátrias, a todas as raças e a todas as criaturas, e representa a carta de conduta para a ascensão da consciência à imortalidade. Jesus empregou a mediunidade sublime como agente de luz eterna, exaltando a vida e aniquilando a morte, abolindo o mal e glorificando o bem, a fim de que as leis humanas se purificassem, se engrandecessem, se santificassem e se elevassem para integração com as Leis de Deus.

 PERDA E SUSPENSÃO DA MEDIUNIDADE

A faculdade mediúnica está sujeita a intermitências e a suspensões momentâneas tanto para as manifestações físicas, quanto para a escrita(inteligentes). Causas:
Livre arbítrio dos Espíritos que se comunicam.
Impossibilidade dos Espíritos.
Uso que o médium faz de sua faculdade mediúnica influi sobre os bons espíritos; futilidades, ambição.
Provar o médium, a sua paciência , a sua perseverança.
Estimular o estudo, a prece e a meditação.
Vide n°220.Livro dos Médiuns de A Kardec.
Ainda a respeito da perda e suspensão da mediunidade.

Podem ser de três categorias as causas que determinam a perda ou suspensão da mediunidade:
1-Advertência: Quando os Espíritos que sempre se comunicam por um médium deixam de fazer, para provar ao médium e a todos, que eles são indispensáveis para que haja a comunicação e que o seu concurso simpático nada se obtém.
No mais das vezes, tal atitude se prenda à forma qual o médium vem se conduzindo, deixando a desejar sob o ponto de vista moral e doutrinário. “Este dom de Deus não é concedido ao médium para seu deleite e ainda menos, para a satisfação de suas ambições, mas para dar a conhecer aos homens a verdade. Se os Espíritos verificam que o médium já não corresponde às suas visitas e, já não aproveita das instruções nem dos conselhos que lhe dá, afasta-se, em busca de protegido mais digno.”(Idem, 3ª questão.)
Geralmente este tipo de suspensão é por algum tempo, e a faculdade volta a funcionar, cessada a causa que a produziu.

2-Benevolência: Quando as forças do médium estão esgotadas e seu poder de defesa fica reduzido, para que não caia como presa fácil nas mãos dos obsessores, sua faculdade é suspensa, temporariamente, até que volte ao seu estado normal e a possa exercitar com eficiência. Assim, a interrupção da faculdade nem sempre é uma punição; demonstra às vezes a solicitude do Espírito para com o médium a quem consagra afeição, tendo por objetivo proporcionar-lhe um repouso material de que o julga necessitado, caso em que não permite que outros espíritos o substituam”. (Idem, 5ª questão).
“Por que sinal de pode reconhecer a censura nesta interrupção? - Interrogue o médium a sua consciência e inquira de si mesmo qual o uso que tem feito da sua faculdade, qual o bem que dela tem resultado para os outros, que proveito há tirado dos bons conselhos que se lhe têm dado e terá a resposta.” (Idem, 10 questão.).
Mas, quando os bons Espíritos se afastam por acharem que um médium não está agindo corretamente, isto não seria falta de caridade ? Inicialmente eles sempre advertem os médiuns com ensinos que estes nem sempre tomam para si mas sim, endereçam às pessoas de seu círculo de relações. Várias são as tentativas que lhes fazem no sentido de evitar que o médium caia, mas, desde que o mesmo se torne rebelde aos avisos de disciplina, estudo, preparo doutrinário e contudo deixarem de se interessar pela sua sorte. Velam à distância, ainda aqui continuam a amparar o decaído de longe, esperando a primeira oportunidade de reabilitação para incentivarem-no a aproveita-la. Fazem o papel do pai que diante de filho teimoso que por toda a lei quer por a mão no fogo, apesar dos conselhos e explicações, deixam que ele sofra as conseqüências para aprender.
Os mentores espirituais não abandonam o médium que tem a sua faculdade suspensa. “O médium se encontra então na situação de uma pessoa que perdesse temporariamente a vista, a qual, não deixaria de estar rodeada de seus amigos, embora impossibilitado de os ver.” (Idem, 8ª questão).

3-Provação: Quando o médium, apesar de se conduzir com acerto, ter merecimento por boa conduta moral e não necessitar de descanso, tem suas possibilidades mediúnicas diminuídas. Com que fim isto ocorre? “Servem para lhes pôr a paciência à prova e para lhes experimentar a perseverança. Por isso é que os Espíritos nenhum termo em geral, assinam à suspensão da faculdade mediúnica; é para verem se o médium descoroçoa. É também para lhe dar tempo de meditar as instruções recebidas. Por essa meditação dos nossos ensinos é que reconhecemos os espíritas verdadeiramente sérios. Não podemos dar esse nome aos que, na realidade, não passam de amadores de comunicações”. (Idem. 5ª questão) Vê-se, por esta resposta que a finalidade da comunicação é a de instruir as criaturas humanas de como devem se comportar na vida, a fim de evitar os seus percalços e deles saber tirar o bom resultado quando são inevitáveis.
Meditar, significa ler com atenção; procurar entender o verdadeiro significado do que lê, pensar cuidadosamente sobre o que aprendeu e buscar aplicar o aprendido. Eis os objetivos que o médium deve atingir.
No caso de não mais funcionar a faculdade mediúnica, isto jamais se deve ao fato de o médium ter encerrado a sua missão, como de costuma dizer, porque toda missão encerrada com sucesso, é prenuncio de nova tarefa que logo se lhe segue e assim sucessivamente. O que ocorre nestes casos é perda por abusos da mediunidade ou por doença grave.



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