sexta-feira, 30 de setembro de 2011

ASSISTENCIA SOCIAL ESPIRITA



Muito ouvi falar nestas duas ultimas semanas de “Assistência Social em diferentes fóruns espirita, todos eles estranhamente voltados apenas a visão puramente material, em detrimento ao objetivo maior da doutrina, e o que de melhor temos a oferecer as comunidades que é a visão espiritual.

Espiritismo e Evangelho

1. Diz-nos Emmanuel: “O Espiritismo, sem Evangelho, pode alcançar as melhores expressões de nobreza, mas não passará de atividade destinada a modificar-se ou desaparecer, como todos os elementos transitórios do mundo”.
2. E o espírita, que não cogitou da sua iluminação com Jesus Cristo, pode ser um cientista e um filósofo, com as mais elevadas aquisições intelectuais, mas estará sem leme e sem roteiro no instante da tempestade inevitável da provação e da experiência, porque só o sentimento divino da fé pode arrebatar o homem das preocupações inferiores da Terra para os caminhos supremos dos páramos espirituais" (O Consolador, item 236).
2. Aludindo ao ensino moral contido no Evangelho, Allan Kardec pondera: "Diante desse código divino, a própria incredulidade se curva. É o terreno em que todos os cultos podem encontrar-se, a bandeira sob a qual todos podem abrigar-se, por mais diferentes que sejam as suas crenças. Porque nunca foi objeto de disputas religiosas, sempre e por toda parte provocadas pelos dogmas. Se o discutissem, as seitas teriam, aliás, encontrado nele a sua própria condenação, porque a maioria delas se apegou mais à parte mística do que à parte moral, que exige a reforma de cada um. Para os homens, em particular, é uma regra de conduta, que abrange todas as circunstâncias da vida privada e pública, o princípio de todas as relações s ociais fundadas na mais rigo-rosa justiça. É, por fim, e acima de tudo, o caminho infalível da felicidade a conquistar, uma ponta do véu erguida sobre a vida futura" (O Evangelho segundo o Espiritismo, Introdução, item I).
3. Diante de tais ensinamentos, não se concebe falar em assistência social espírita sem evangelização, porquanto ensinar a Doutrina Espírita direcionando o indivíduo para a prática dos ensinos do Cristo é favorecer lhe o caminho da felicidade. Existe objetivo mais nobre do que esse? O objetivo da assistência social espírita não é, portanto, como muitos pensam tão-somente saciar corpos perecíveis, mas iluminar consciências, formar indivíduos saudáveis do ponto de vista físico, psicológico e espiritual, fazer homens de bem, porque "o homem que se ilumina conquista a ordem e a harmonia para si mesmo" (O Consolador, item 234).

Cinco pontos fundamentais do Serviço Social espírita

. Das experiências e relatos constantes da série Nosso Lar, de André Luiz, pode extrair os seguintes pontos, que nos parecem fundamental a um trabalho de assistência social espírita:
1o) A prática do bem é mero dever:
"O Evangelho de Jesus (disse a André aquela que foi sua mãe terrena) lembra-nos que há maior alegria em dar que em receber. (...) Dá sempre, filho meu. Sobretudo, jamais esqueças dar de ti mesmo, em tolerância construtiva, em amor fraternal e divina compreensão. A prática do bem exterior é um ensinamento e um apelo, para que cheguemos à prática do bem interior. Jesus deu mais de si, para o engrandecimento dos homens, que todos os milionários da Terra congregados no serviço, sublime embora, da caridade material. Não te envergonhes de amparar os chaguentos e esclarecer os loucos que penetrem as Câmaras de Retificação (...). Trabalha, meu filho, fazendo o bem. Sempre que possas, olvida o entretenimento e busca o serviço útil" (Nosso Lar, cap. 36, pág. 198).
2o) O bem que fazemos jamais fica esquecido:
"Nos círculos inferiores, meu filho (disse-lhe sua mãe), o prato de sopa ao faminto, o bálsamo ao leproso, o gesto de amor ao desiludido, são serviços divinos que nunca ficarão deslembrados na Casa de Nosso Pai" (Idem, pág. 197).
3o) Não se concebe o trabalho de ajuda ao próximo sem o espírito de fraternidade:
que, se pudesse, iria materializar-se nos planos carnais, a fim de dizer aos religiosos, em geral, que toda caridade, para ser divina, precisa apoiar-se na fraternidade" (Nosso Lar, cap. 39, pág. 218).
4o) O padrão da obra socorrista no mundo será sempre Jesu
“Jesus (disse-lhe Vicente, que também fora médico na Terra) não foi somente o Mestre, foi Médico também”. Deixou no mundo o padrão da cura para o Reino de Deus. Ele proporcionava socorro ao corpo e ministrava fé à alma.
“Nós, porém, meu caro André, em muitos casos terrestres, nem sempre aliviamos o corpo e quase sempre matamos a fé” (Os Mensageiros, cap. 13, pág. 74).
5o) Devemos dar o pão que alimente o corpo, sem esquecer a luz que ilumine o espírito
"Nos primórdios do Cristianismo (disse-lhe Irene), a maioria dos necessitados entraria em contato com Jesus através da sopa humilde ou do teto acolhedor. Lavando leprosos, tratando loucos, assistindo órfãos e velhinhos desamparados, os continuadores do Cristo davam trabalho a si próprios, dedicavam-se aos infelizes, esclarecendo-lhes a mente, e ofereciam lições de substancial interesse aos leigos da fé viva. Como não ignoram, estamos fazendo no Espiritismo evangélico a recapitulação do Cristianismo" (Obreiros da Vida Eterna, cap. XII, pág. 190).
A recomendação de São Francisco Xavier
12. Conta-nos Manoel Filomeno de Miranda (in "Tramas do Destino", cap. 21, págs. 196 a 199, obra psicografada por Divaldo P. Franco) que, quando o Centro Espírita "Francisco Xavier", de Salvador (BA), teve a sua edificação planejada, o dirigente espiritual Natércio, profundo admirador e discípulo de São Francisco Xavier, que fora na Terra incansável propagandista da fé cristã, tendo-a levado ao Japão, China e Índia, nos idos do séc. XVI, recorreu ao fiel Apóstolo de Jesus, suplicando seu patrocínio espiri¬tual para a Casa que seria erguida. Recebido pelo Mensageiro do Senhor, Natércio expôs-lhe o programa que objetivava realizar. Sua grande meta era incrementar entre os homens o ardor da fé e a pureza dos princípi os morais, conforme as regras simples dos "seguidores do Caminho", sem os atavios do dogmatismo, da aparência e dos formalismos.
13. Terminado seu relato, o instrutor recebeu o aval do insigne Missionário, com uma condição: que se preservasse ali o Evangelho em suas linhas puras e simples, num clima de austeridade moral e serviços iluminativos disciplinados, com os resultantes dispositivos para a caridade na suas múltiplas expressões, tendo-se, porém, em vista que os socorros materiais seriam decorrência natural do serviço espiritual, prioritário, imediato, e não os preferenciais..." "Não deveriam es¬quecer-se de que a maior carência ainda é a do pão de luz da consolação moral, que o Livro da Vida propicia fartamente..."
14. Comentando o episódio, assevera Manoel Filomeno de Miranda (obra citada, págs. 198 e 199):
“Pensa-se muito em estômagos a saciar, corpos a cobrir, doenças a curar”... Sem menosprezar-lhes a urgência, o Consolador tem por meta primacial o espírito, o ser em sua realidade imortal, donde procedem todas as conjunturas e situações, que se exte¬riorizam pelo corpo e mediante os contingentes humanos, sociais, ter-renos, portanto...
“A assistência social no Espiritismo” é valiosa, no entanto, se precatem os trabalhadores da última hora' contra os excessos, a fim de que a exaustão com os labores externos não exaura as forças do entusiasmo nem derrube as fortalezas da fé, ao peso da extenuação e do desencanto nos serviços de fora.
"Evangelizar, instruir, guiar, colocando o azeite na lâmpada do coração, para que a claridade do espírito luza na noite do sofrimento, são tarefas urgentes, basilares na reconstrução do Cristianismo".
Não basta dar o pão que alimente apenas o corpo
15. É por isso que Joanna de Ângelis nos propõe (in "Dimensões da Verdade", pág. 123):
“A caridade tem regime de urgência, mas também o esclarecimento ao seu lado tem tarefa prioritária, funcionando como combustível de sustentação”.
“Pão ao esfaimado como dever imediato, e luz do ensino espírita, para que a angústia da fome seja dirimida pelo serviço dignificante”.
“Tecidos ao corpo entanguido como tarefa inadiável; no entanto, orientação espírita para agasalhar a alma na esperança, livrando-a, em definitivo, do frio”.
“Medicamento ao corpo doente como recurso urgente; todavia, diretriz espírita para que o espírito compreenda as razões profundas da dor e possa revitalizar-se”.
“Socorro ao aflito nos braços do desespero como obrigação irresistível; mas roteiro espírita para que o conhecimento o liberte de toda treva e agitação”.
“Amparo ao órfão, no próprio lar, como lição viva de amor; porém, conduta espírita diante dele, como linha de segurança para o seu engrandecimento”.
“Assistência à mulher viúva e” auxílio à miséria como impositivo da ação cristã; todavia, oferta da Doutrina Espírita a fim de que a revolução da verdade conceda luz e vida, para que novos enganos sejam evitados, libertando as mentes das ligações poderosas com o mal.
E a nobre mártir do Cristianismo nascente, hoje orientadora espiritual do trabalho de Divaldo P. Franco, arremata (obra citada, pág. 50):
“Nem Espiritismo sem assistência social, nem assistência social sem Espiritismo, para nós espiritistas encarnados e desencarnados”.
"E guardemos a certeza de que, ao lado da assistência material que possamos doar, a assistência moral e espiritual deve ter primazia."

P.Moryah.









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