sexta-feira, 27 de agosto de 2010

ASSIM FUNCIONA O PASSE ESPIRITA


"E Deus, pelas mãos de Paulo, fazia milagres extraordinários, a ponto de levarem aos enfermos lenços e aventais do seu uso pessoal, diante dos quais as enfermidades fugiam das suas vítimas, e os Espíritos malignos se retiravam" - (Atos, cap. 19 - 11 e 12).

7.0 - O QUE É O PASSE

Desde os tempos mais antigos, a imposição das mãos é uma das fórmulas usadas pelas pessoas para auxiliar os enfermos ou afastar deles as más influências espirituais atraves de rediações fluídicas criadas pela força do pensamento concentrado ou seja pelo poder da mente que está sempre na base de todo e qualquer  processo medoúnico. Em muitos trechos da Bíblia, vemos Jesus e seus discípulos imporem as mãos sobre os necessitados, rogando a Deus que os curassem ( ou seja a imposição das mãos e a concentração do pensamento no objetivo da cura). Jesus fez largo uso dessa prática e disse que, se quiséssemos, poderíamos fazer o mesmo.

E desde aquele tempo o homem utiliza-se desse recurso para aliviar, consolar, melhorar e até curar doenças físicas e espirituais. Antes do advento do Espiritismo, sabia-se pouco sobre a prática desse costume. Os fenómenos de curas eram envoltos em mistérios e tidos como acontecimentos sobrenaturais.

Ao menos publicamente, ninguém se aventurou a dar explicações para o estranho poder que tinham as mãos para curar e aliviar os males físicos e espirituais. Com a chegada da Doutrina Espírita, os Espíritos superiores explicaram o porquê das coisas. Ensinaram que as mãos serviam como um instrumento para a projecção de fluidos magnetizados, doados pelo operador, e fluidos espirituais, trazidos pelos Espíritos. Segundo eles, os fluidos curativos eram absorvidos pela pessoa necessitada por meio dos centros vitais (chacras), acumuladores e distribuidores de energias, localizados no perispírito e pelo próprio corpo astral que age como uma esponja. Estavam assim explicadas, teoricamente, as curas promovidas por Jesus e pelos curadores de todos os tempos.

Entre nós, seguidores de Allan Kardec, a imposição de mãos sobre uma criatura com a intenção de aliviar sofrimentos, curá-la de algum mal, ou simplesmente fortalecê-la, ficou conhecida como "passe". O passe é um dos métodos utilizados nos centros espíritas para o alívio ou cura dos sofrimentos das pessoas. Quando ministrado com fé, o passe é capaz de produzir verdadeiros prodígios. Têm como objectivo o reequilíbrio do corpo físico e espiritual.

7.1 - O PASSISTA

O passista é aquele que ministra o passe. Ser um passista espírita é uma tarefa de grande responsabilidade( algumas pessoas parece desconhecer isto), pois trata-se de ajudar e abençoar as pessoas em nome de Deus. Pessoas carentes e sedentas de melhoria, procuram no centro espírita o recurso do passe como forma de alívio das pressões psicológicas e sustentação para suas forças morais e físicas.

O passista não precisa ser um santo, mas necessita esforçar-se na melhoria íntima e no aprendizado intelectual. Armado do desejo sincero de servir e na facilitação do trabalho dos espíritos para que estes os possam ajudar, quase todos os iniciantes podem trabalhar neste sagrado ministério. O passista deve procurar viver uma vida sadia, tanto física quanto moralmente. Aos poucos, os vícios terrenos têm que ceder lugar às virtudes. O uso do cigarro e da bebida devem ser evitados. Como o passista doa de si uma parte dos fluidos que vão fortalecer o lado material e espiritual do necessitado, esses fluidos precisam estar limpos de vibrações deletérias oriundas de vícios.

No aspecto mental, o passista deve cultivar bons pensamentos no seu dia-a-dia. O orgulho, o egoísmo, a maledicência, a sensualidade exagerada e a violência nas atitudes devem ser combatidos constantemente. A Espiritualidade superior associa equipes de Benfeitores aos trabalhadores que se esforçam, multiplicando-lhes a capacidade de serviço.

A fé racional e a certeza no amparo dos bons Espíritos são sentimentos que devem estar presentes no coração de todos os passistas. É fundamental no trabalho de passe, doar-se com sinceridade à tarefa sob sua responsabilidade, vendo em todo sofredor uma alma carente de amparo e orientação. O passista não deve ter preferência por quem quer que seja. Seu auxílio deve ser igualmente distribuído a todas as criaturas. As elevadas condições morais do passista são fundamentais para que ele consiga obter um resultado satisfatório no serviço do passe. Portanto, todos podemos ministrar passes, porém é necessário um mínimo preparo moral a fim de que a ajuda seja o mais eficaz possível. Como todas as tarefas realizadas dentro do centro espírita, esta também carece de cuidados e atenção por parte de quem se propõe a executá-la.

"Como a todos é dado apelar aos bons Espíritos, orar e querer o bem, muitas vezes basta impor as mãos sobre a dor para a acalmar; é o que pode fazer qualquer um, se trouxer a fé, o fervor, a vontade e a confiança em Deus" - (Allan Kardec - Revista Espírita, Setembro, 1865).

O que é necessário para ser um bom passista?

Allan Kardec nos instrui a respeito: "A primeira condição para isto é trabalhar em sua própria depuração (moral e ética), a fim de não alterar os fluidos salutares que está encarregado de transmitir. Esta condição não poderia ser executada sem o mais completo desinteresse material e moral. O primeiro é o mais fácil, e o segundo é o mais raro, porque o orgulho e o egoísmo são sentimentos difíceis de se extirpar, e porque várias causas contribuem para os superexcitar nos médiuns" - (Allan Kardec - Revista Espírita, Novembro, 1866).

Condições básicas para o exercício do passe espírita

Fé; Amor ao próximo; Disciplina; Vontade; poder de concentração, Conhecimento; Equilíbrio psíquico; Humildade; Devotamento; Abnegação.

"Se pretendes, pois guardar as vantagens do passe, que em substância, é ato sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o coração e o cérebro" - (Espírito Emmanuel, no livro Segue-me).

Factores negativos físicos, que prejudicam o passe

Uso do fumo e do álcool ; Desequilíbrio nervoso; Alimentos inadequados.

Factores negativos espirituais e morais, que prejudicam o passe

Mágoas, más paixões, egoísmo, orgulho, vaidade, cupidez, vida desonesta, adultério etc.

"O fluido humano está sempre mais ou menos impregnado de impurezas físicas e morais do encarnado; o dos bons Espíritos é necessariamente mais puro e, por isto mesmo, tem propriedades mais activas, que acarretam uma cura mais pronta. Mas, passando através do encarnado pode alterar-se. Daí, para todo médium curador, a necessidade de trabalhar para seu melhoramento moral" - (Allan Kardec - Revista Espírita, Setembro, 1865).

7.2 - TIPOS DE PASSES

Os passes podem ser classificados em três categorias: Passe magnético, Passe espiritual e Passe misto.

a) Passe magnético

É um tipo de passe em que a pessoa doa apenas seus fluidos, utilizando a força magnética existente no próprio corpo perispiritual. Pelo menos em tese, qualquer criatura pode ministrá-lo. Suas qualidades variam segundo a condição moral do passista, sua capacidade de doar fluidos e seu desejo sincero de amparar o próximo. No passe magnético, geralmente se recebe assistência espiritual. Isso acontece porque os Espíritos superiores sempre ajudam aqueles que, imbuídos de boa vontade, atendem aos mais carentes. Lembramos aqui, que o socorro dos Benfeitores é independente da crença que o passista ou magnetizador possa ter em Deus ou na Espiritualidade. Os Espíritos disseram a Allan Kardec, em "O Livro dos Médiuns", questão 176 :
"...muito embora uma pessoa desejosa de fazer o bem não acredite em Deus, Deus acredita nela".


b) Passe espiritual

É uma espécie de magnetização feita pelos bons Espíritos, sem intermediários, directamente no perispírito das pessoas enfermas ou perturbadas. No passe espiritual o necessitado não recebe fluidos magnéticos de médiuns, mas outros, mais finos e puros, trazidos dos planos superiores da Vida, pelo Espírito que veio assisti-lo. Pelo fato de não estar misturado ao fluido animalizado, o passe espiritual é bem mais limitado que as outras modalidades de passes. Com isso, pode-se compreender que os recursos oferecidos nas reuniões públicas de Espiritismo, onde participam grande quantidade de encarnados e Espíritos desencarnados, são bem maiores do que aqueles que podemos contar em nossas residências, só com a ajuda do anjo guardião.

c) Passe misto

É uma modalidade de passe onde se misturam os fluidos do passista com os da Espiritualidade. A combinação é muito maior do que no passe puramente magnético e seus efeitos bem mais salutares. Este é o tipo de passe que é aplicado nos centros espíritas, contando com a ajuda de equipes espirituais que trabalham nessa área, para ajuda dos necessitados. Os benfeitores espirituais comparecem no momento do passe, atendendo aos encarnados e também ministrando eficiente socorro às entidades do plano espiritual. Eles agem aumentando, dirigindo e qualificando nossos fluidos. Mas para que se possa contar sempre com a ajuda dos bons Espíritos, é necessário observar os cuidados já ditos anteriormente sobre a depuração íntima de cada um dos que estão imbuídos do desejo de fazer o bem.

"...Para curar pela acção fluídica, os fluidos mais depurados são os mais saudáveis; desde que esses fluidos benéficos são dos Espíritos superiores, então é o concurso deles que é preciso obter. Por isto a prece e a evocação são necessárias. Mas para orar e, sobretudo, orar com fervor, é preciso fé. Para que a prece seja escutada é preciso que seja feita com humildade e dilatada por um real sentimento de benevolência e de caridade. Ora, não há verdadeira caridade sem devotamente, nem devotamente sem desinteresse" - (Allan Kardec - Revista Espírita, Janeiro, 1864).

7.3 - O PASSE NO CENTRO ESPÍRITA

O passe destina-se ao tratamento e profilaxia de enfermidades físicas e espirituais junto aos necessitados que procuram o centro espírita. A equipe de passistas deve estar alinhada no mesmo pensamento de ajudar essas pessoas carentes de amparo. O serviço de aplicação do passe requer critério, discernimento, responsabilidade e conhecimento doutrinário. É um complemento aos recursos de automelhoramento e de reeducação espiritual utilizados normalmente.

a) A Técnica do Passe Espírita

Há uma certa discussão no meio espírita sobre como deveria ser aplicado o passe. Alguns defendem a tese de que os passes deveriam ser ministrados movimentando-se as mãos ao redor do corpo do indivíduo, de modo que as energias espirituais pudessem melhor atingir seus objectivos de cura. Outros, acham que o ato de apenas impor as mãos sobre a cabeça de quem vai receber o passe já é suficiente. André Luiz nos informa em "Conduta Espírita" que o passe dispensa qualquer recurso espectacular. José Herculano Pires, no livro "Mediunidade", diz que o passe é tão simples que não se pode fazer nada mais do que dá-lo.

Allan Kardec, referindo-se ao assunto na Revista Espírita, número de Setembro de 1865, diz aos médiuns que: "Apenas sua ignorância lhes faz crer na influência desta ou daquela forma. Às vezes, mesmo, a isto misturam práticas evidentemente supersticiosas, às quais se deve emprestar o valor que merecem".

Oficialmente, a Doutrina Espírita não prescreve uma metodologia para o passe. Cada grupo é livre para se posicionar de um modo ou de outro, desde que sem exageros. A técnica deve ser o mais simples possível, evitando-se fórmulas, exageros e gesticulação em torno do paciente. Cada grupo deve ter o bom senso de trabalhar da forma que achar mais conveniente desde que dentro de uma fundamentação doutrinária lógica. O que é preciso levar em conta é que nenhuma das duas formas de aplicar o passe surtirá efeito se o médium não tiver dentro de si a vontade de ajudar e condições morais salutares para concretizá-lo. Mesmo que se aplique a melhor metodologia, não se conseguirão bons resultados se o passista for pessoa de má índole.

b) Quando o Passe deve ser aplicado?

A variação das condições fluídicas perispirituais de qualquer criatura viva produz desequilíbrios orgânicos e psicológicos, que podem dar origem a enfermidades. Alterações psicológicas ou traumas orgânicos podem provocar mudanças fluídicas na camada exterior do perispírito, agravando doenças ou iniciando estados mórbidos. Daí, a importância da terapia energética dos passes como tratamento, mas principalmente como profilaxia das enfermidades. Por isso o passe deve ser aplicado regularmente, desde que seja esclarecido que o procedimento não é obrigatório, para desvinculá-lo de ritual ou dogma.

P.Moryah

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