quinta-feira, 6 de outubro de 2011

REFLEXÕES SOBRE PRÁTICAS MEDIÚNICAS



Lembrando que e a questão fenomênica é acessória e não constitui ponto essencial para as propostas doutrinárias, Emmanuel admoesta: “São muito poucas as casas espíritas que se podem entregar ao exercício da mediunidade”.

Os dirigentes vigilantes devem intensificar reuniões de estudos teóricos, meditação e debates racionais para entendimentos seguros, fugindo de um prematuro intercâmbio com as forças advindas do além-túmulo.

Para melhor compreendermos os objetivos do exercício da mediunidade nos seus pontos básicos, temos que separar, com discernimento, a prática mediúnica, propriamente dita, dos postulados Espíritas e a partir daí definirmos fenômeno [mediúnico] por elemento material de análise e Doutrina Espírita como a base teórica que esclarece os processos fenomênicos. Esse procedimento é para nos libertamos das fantasias ilusórias, mitos e crendices. Ressaltamos a urgente necessidade do estudo continuado do Livro dos Médiuns, um compêndio monumental e insuperável para o entendimento da prática dos fenômenos psíquicos.

A terminologia médium advém do latim, médium, ou seja: meio, intermediário. Pessoa que pode servir de intermediário entre os Espíritos e os homens conforme instrui Allan Kardec. Destarte, incorreremos em grave distorção doutrinária se concluirmos que todos somos mais ou menos médiuns no sentido restrito e usual da palavra, ou seja, se julgarmos que todos podemos produzir manifestações ostensivas, tais como psicofonia, psicografia, efeitos físicos etc.

Outro aspecto essencial relativo à natureza da mediunidade encontra-se exposto na resposta à indagação que Kardec endereçou aos Espíritos: O DESENVOLVIMENTO DA MEDIUNIDADE GUARDA PROPORÇÃO COM O DESENVOLVIMENTO MORAL DOS MÉDIUNS? “Não” disseram os mentores, “a faculdade propriamente dita prende-se ao organismo; independe do moral”.

“O mesmo, porém, não se dá com o seu uso, que pode ser bom ou mau, conforme as qualidades do médium”.

Infere-se do exposto que mediunidade [ostensiva] é faculdade especial que certas pessoas possuem para servir de intermediárias entre os Espíritos e os homens.

Ela tem origem orgânica, e independe da condição moral do médium, de suas crenças, de seu desenvolvimento intelectual.

No parágrafo 200 de O Livro dos Médiuns, Allan Kardec deixa explícito que não há senão um único meio de constatar a existência da faculdade mediúnica em alguém: a experimentação.

Ou seja, só poderemos saber que uma pessoa é médium observando que efetivamente é capaz de servir de intermediário aos Espíritos desencarnados.

Isso naturalmente remete-nos à importante questão do estudo metódico e educação da mediunidade.

O desenvolvimento da faculdade mediúnica depende da natureza mais ou menos expansível do períspirito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação das energias dos Espíritos; depende, portanto, do organismo e pode ser desenvolvida quando exista o princípio; não pode, porém, ser adquirida quando o princípio não exista.

Incorre em sério equívoco quem queira forçar a todo custo o desenvolvimento de uma faculdade que não possua.

Sobre isso, Emmanuel explica à pergunta 384 no livro O Consolador “A mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele setor da atividade doutrinária, porquanto, em tal assunto, toda a espontaneidade é indispensável, considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores do plano espiritual.

E reitera na questão 386: “Ninguém deverá forçar o desenvolvimento dessa ou daquela faculdade, porque, nesse terreno, toda a espontaneidade é necessária; observando-se contudo, a floração mediúnica espontânea, nas expressões mais simples, deve-se aceitar o evento com as melhores disposições de trabalho e boa-vontade

Urge estarmos vigilantes quanto à prática às vezes tão recorrente em centros espíritas, onde as pessoas que aparecem nos centros espíritas devem, cedo ou tarde, ser encaminhada às chamadas reuniões de desenvolvimento mediúnico.

Alguns argumentos frequentemente alegados para esse tipo de procedimento: são os desequilíbrios múltiplos de saúde ou de comportamento que apresente, especialmente quando venham desafiando a perícia da medicina, e /ou empenho e dedicação com que alguém se interesse pelo Espiritismo, sugerindo, segundo julgam, que tem todas as condições para exercer a mediunidade.

Nas reflexões que expomos recordemos que a educação mediúnica a ser promovida nos centros espíritas não deve jamais ser entendida como o aprendizado de técnicas e métodos para fazer surgir a mediunidade, em quem não possua nem indícios, mas exclusivamente como o aperfeiçoamento e norteamento eficaz e equilibrado das faculdades brotadas naturalmente, o que resulta o aperfeiçoamento moral do médium, por meio do estudo sério e de seus esforços continuados para ajustar suas práticas às recomendações evangélicas.

Indaga Kardec: “OS MÉDIUNS QUE FAZEM MAU USO DE SUAS FACULDADES, QUE NÃO SE SERVEM DELAS PARA O BEM, OU QUE NÃO AS APROVEITAM PARA SE INSTRUÍREM, SOFRERÃO AS CONSEQÜÊNCIAS DESSA FALTA?” Os Benfeitores explicam que “se delas fizerem mau uso, serão punidos duplamente, porque têm um meio a mais de se esclarecerem e não o aproveitam. Aquele que vê claro e tropeça é mais censurável do que o cego que cai no fosso.”

Emmanuel no livro Encontro Marcado alerta: “O exercício da mediunidade nas tarefas espíritas exige larga disciplina mental, moral e física, assim como grande equilíbrio das emoções”

Por isso, a maior necessidade do médium “é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão”

Se mal empregada, a mediunidade significará o cultivo da confusão, da disseminação da dúvida e da mentira, do insuflamento do egoísmo e do orgulho, da vaidade. Até porque mediunidade sem um estudo sério e sem Jesus sedimenta a emissão de forças mentais deletérias abrindo espaço às perseguições dos Espíritos que teimam em permanecer nas trevas.

P.Moryah.





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