Mistificações
Mistificar significa enganar, burlar, ludibriar, abusar da credulidade dos outros. O exercício correto da mediunidade requer determinadas normas e disciplinas, seriedade e propósitos elevados para que o fenômeno seja equilibrado e produtivo.
Porque a faculdade mediúnica está radicada no organismo humano, seu uso deverá ser controlado, regular, sem abusos.
Embora todos os cuidados que o exercício da mediunidade exigem, nenhum médium está isento de ser mistificado.
Nas mistificações, o medianeiro é colocado em situações ridículas, apresentando comunicações absurdas, mentirosas, vazias em seu conteúdo. Os Espíritos agem e o médium não participa da farsa. Ele poderá, algumas vezes, deixar passar informações de sue próprio inconsciente, sem a presença de entidades espirituais, mas, neste caso, é um fenômeno anímico e não se trata de mistificação.
Geralmente, as mistificações ocorrem com maior freqüência nos fenômenos subjetivos, de natureza inteligente, como a psicofonia e a psicografia.
Allan Kardec nos aconselha:
“Como garantia contra a mistificações, não devemos exigir do Espiritismo, senão o que ele pode e deve nos oferecer; seu fim é a melhoria moral da humanidade; se nós não nos afastarmos deste ponto, jamais seremos enganados, porque não há duas maneiras de compreender a verdadeira moral, aquela que pode ser admitida por todo homem de bom senso.”
E continua a nos orientar:
“O papel dos Espíritos não é de ensiná-los as coisas deste mundo, mas de guiá-los de modo seguro naquilo que lhes pode ser útil no outro.”
Em [LM-it 303] Kardec indaga:
“Por que Deus permite que pessoas sinceras e que aceitam o Espiritismo de boa fé, sejam mistificadas, isto não lhes acarretaria o inconveniente de abalar a crença?”
R – “Se isto lhes abalar a crença, é porque sua fé não é muito sólida, quem renuncia ao Espiritismo por um simples desapontamento prova que não o compreende e não o toma em sua parte séria. Deus permite as mistificações para provar a perseverança dos verdadeiros adeptos e punir os que fazem do Espiritismo um objeto de divertimento.”
As mistificações mais comuns são:
- Revelação de tesouros ocultos;
- Anúncios de herança ou outras fontes de riqueza;
- Predição com épocas determinadas;
- Indicações relativas a interesses materiais;
- Teorias ou sistemas científicos ousados;
Enfim, tudo o que se afasta do objetivo moral das comunicações.
Contradições
São pontos de atrito, de divergências nos ensinos dos Espíritos. As contradições podem ser:
- Devidas aos homens;
- Em virtude de ensinos dos Espíritos.
Devemos considerar que as divergências devidas aos homens são decorrentes de nossa condição moral. Há diversos graus de evolução e o conhecimento humano é diferenciado pela compreensão e interpretação dos ensinos dados pelos Espíritos.
Tudo o que for elaborado pela mente humana e não estiver coerente com os ensinos dados pelos Espíritos superiores na codificação espírita, deverá ser rejeitado. Mas as divergências doutrinárias ainda existem em virtude de nossa pouca evolução espiritual.
As contradições devidas aos ensinamentos dos Espíritos é conseqüência também dos diferentes graus de evolução que apresentam. Na escala espírita, somente os Espíritos perfeitos possuem a sabedoria e a superioridade moral.
Assim como na Terra existem os falsos sábios, também no mundo espiritual há os pseudo-sábios, semi-sábios denotando sua inferioridade moral.
Allan Kardec [LM-it 299] diz:
“As contradições de origem espírita não têm outra causa senão a diversidade das inteligências, os conhecimentos, o raciocínio e a moralidade de certos Espíritos que ainda não estão em condições de tudo conhecer e de tudo compreender.”
As contradições que se apresentam nas comunicações espíritas podem ser devidas às causas seguintes:
- Ignorância de certos Espíritos;
- Velhacaria de Espíritos inferiores usurpando nomes, etc.;
- À interpretação que cada um pode dar a uma palavra ou a uma explicação segundo seus preconceitos;
- À insuficiência dos meios de comunicação que sempre permite ao Espírito transmitir todo o seu pensamento;
- À insuficiência da linguagem humana para expressar o que existe no mundo espiritual.
Recomenda-nos Allan Kardec [LM-it 302],
“O estudo, a observação, a experiência e abjuração de todo sentimento de amor-próprio são os únicos que podem ensinar a distinguir estes diversos matizes.”
P.Moryah.
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