segunda-feira, 27 de setembro de 2010

EDUCAÇÃO EM VALORES ESPIRITA

Chegou-nos às mãos um jornal espírita trazendo uma interessante matéria sobre um método de educação criado por Sri Sathya Sai Baba, na Índia, denominado “Educação em Valores Humanos”. O que nos chamou a atenção foi esse tipo de preocupação numa casa espírita. Um Centro Espírita, segundo nosso entendimento, deve ser um centro, por excelência, de divulgação da Doutrina Espírita. Não se entenda que os espíritas não possam ou não devam se interessar por outras áreas, mas o Centro Espírita não deve se preocupar a não ser em difundir a mensagem espírita em seu tríplice aspecto: Filosofia, Ciência e Religião; mais especificamente, Jesus e Kardec.

O irmão leitor deve então se perguntar: Em que difere o método Sathya Sai de Educação em Valores Humanos da metodologia espírita? A metodologia espírita está toda calcada no evangelho de Jesus e a do método “Educação em Valores Humanos” está baseada nele mesmo, o Sathya Sai. A Doutrina Espírita tem em Jesus seu guia e modelo, veja-se a questão 625 de O Livro dos Espíritos. Para Sri Sathia Sai Baba, Jesus é “imagination” como nos disse o médium Divaldo Pereira Franco, em palestra. Sai Baba é, para alguns, um AVATAR, que significa a encarnação de um Deus, uma encarnação divina. No livro “El Yoga de La Accion Correcta”, segunda edição, abril de 1988, tradução de Herta Pfeifer, que contém discursos escritos por Bagavan Sri Sathya Sai Baba, à página 68, ele coloca seu pensamento dessa maneira: “Apariciones causativas de la Divindad como Rama y Krishna, maestros religiosos como Sankara, Ramanuja y Madhwa, portadores de la Sabiduría como Buddha, Jesús el Cristo y Mahoma (...)”. Uma tradução que se pode dar da expressão: “Apariciones causativas de la Divindad” é a mesma de AVATAR, encarnações divinas, como ele próprio, Sri Sathya Sai Baba. Veja-se que Jesus está dois degraus abaixo de onde ele se coloca, portanto o método criado por Sai Baba não inclui Jesus. As perguntas que fazemos são as seguintes: Deve um Centro Espírita basear seu ensino em uma doutrina estranha? Deve-se divulgar o Espiritismo sem Jesus?

Outra questão que também se torna pertinente levantarmos é a seguinte: Com que finalidade surgiu o método Sathya Sai de “Educação em Valores Humanos”? No livro, “Educacion Sathya Sai en Valores Humanos”, primeira edição em espanhol, agosto de 1990, traduzido por Elizabeth Espósito, que contém discursos de Sai Baba, recompilados por Loraine Turrows. Logo na introdução se pode responder a esta pergunta. Falando sobre “El propósito de la educación”, ele diz que a educação como está atualmente, desenvolve o intelecto e as habilidades, mas nada faz para desenvolver as boas qualidades; que o sucesso do homem nos campos da ciência e da tecnologia tem contribuído apenas para melhorar as condições materiais de vida; mas o de que precisamos nos dias atuais é de uma transformação do espírito; que isso só acontece quando se promove o cultivo do espírito junto com a educação nas ciências físicas; a educação moral e espiritual prepararão o homem para levar uma vida disciplinada. Conquanto as idéias em si sejam boas, há aí um viés que hoje não tem mais sentido se propor, que é a imposição do ensino religioso nas escolas. Mais adiante Sai Baba diz o que transcrevemos textualmente, “ La educación debe inculcar temor y fe en el estudiante”, sabe-se que a pedagogia do medo é algo que não encontra mais lugar na escola moderna. Logo adiante ele pergunta: ?Quien es responsable del estado deplorable de la educación actual, de la falta de disciplina entre os estudiantes y la ausência de valores morales entre las personas instruídas? Ele mesmo reponde mais abaixo, “Por dicha situación hay que culpar a los padres, a los maestros, a la administración y al Gobierno”. Como se observa o objetivo principal é criticar o governo. No método Sathya Sai de educação conforme ele mesmo diz, “Los estudiantes y maestros deben observar una regla básica. Deben evitar totalmente la política.(...) Yo no tengo nada contra la política o los políticos. (...) Pero insisto en que uno no debe aventurarse en ella en una etapa inmadura y adolescente. Cuando un estudiante se entrega a la política, non puede ser bueno en sus estudios o en ella, solo malgastará su vida preciosa. No hay lugar para que los maestros se entreguen a la política. (...) Los maestros que se dedican a la política lo hacen para sus propios fines egoístas, para mejorar su posición e influencia.” Quem conhece um pouco da Índia, da região onde Sri Sathya Sai Baba atua, sabe que ele fundou muitas escolas, inclusive universidades, hospitais, etc. Por isso ele não quer nem a ingerência do Governo nem a presença de Sindicatos porque, então, ele reina sozinho, essa é a verdade.
Sem interferir na educação convencional a cargo do Governo e de particulares, a Educação em Valores Espíritas que é conhecida como “Evangelização Espírita” tem como objeto, o homem no seu sentido integral, ou seja, como ser bio-psico-socio-cultural e espiritual e como objetivo a integração deste, como espírito encarnado, com Deus, consigo mesmo e com o próximo. Essa, na nossa modesta opinião, deve ser a maior preocupação dos Centros Espíritas, como Lar, Escola, Hospital de Almas, e Oficina de Trabalho, verdadeiras células básicas do Movimento Espírita.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

OS PROBLEMAS DA MEDIUNIDADE

O Espiritismo tem ocupado espaço na mídia nacional. De repente, remakes de telenovelas, filmes ou mesmo um ou outro take publicitário, vêm tratar de questões pertinentes à comunicação com Espíritos desencarnados, reencarnação, fenômenos mediúnicos, etc., fazendo, às vezes, alusão explícita à mensagem da Doutrina dos Espíritos. E isso tem despertado a atenção dos brasileiros, que, sensibilizados pelo tema, vão bater às portas dos Centros Espíritas em busca de respostas às suas indagações existenciais, à procura de remédio para suas crises e consolo para suas dores.

Neste momento, cresce a responsabilidade dos espíritas, daqueles que colaboram com a difusão da Doutrina. Porque um número cada vez maior de pessoas virá solicitar esclarecimentos a respeito da problematização de sua vida, a respeito do passado, do futuro, da razão das contradições conjunturais que estejam enfrentando. E os agentes do Espiritismo não poderão enganar nem ser levianos, sob pena de diluir a grandeza da verdade doutrinária em resoluções imediatistas e simplórias - montadas de improviso para atender aos reclames do povo vitimado pela comunicação de massa.

Facilitar o acesso à mensagem dos Espíritos não significa simplificar a ponto de comprometer o seu conteúdo. O Espiritismo é uma doutrina que requer muita leitura, estudo, reflexão, requisitos insubstituíveis e inevitáveis à sua compreensão.

Dai a tarefa dos colaboradores. Num serviço voluntário, os que estão há mais tempo na militância espiritista se prestam a auxiliar os recém-chegados, não raro estabelecendo um verdadeiro processo de alfabetização.

Importa saber que o Espiritismo representa para os espíritas a dedicação ao estudo disciplinado e permanente, a fim de se manter a atualização abrangente dos vários outros códigos de conhecimento que se entrelaçam com o código da Doutrina. Não dá para estacionar só no saber que se transmite oralmente. Ninguém pode se afirmar conhecedor do Espiritismo só na base do "ouvi dizer".

Todavia, o Brasil ainda tem sua realidade social muito voltada para essa cultura oral do "ouvi dizer", que tem subempregado os conceitos espiritistas, transformando-os em preconceitos. Nessa esteira trafegam descrições controvertidas, vulgarizadas na "voz do povo" e que se constituem em camisas-de-força à expansão do entendimento doutrinário. Uma delas diz respeito à mediunidade.

Há um clichê disseminado por aí que perversamente associa mediunidade com um quadro patológico. São muitas as pessoas que vão aos centros espíritas devido a um "problema de mediunidade". Porque o vizinho, um parente, alguém na rua, lhes disseram que aquela dor-de-cabeça, aquela insônia, aquela irritabilidade constante, seriam provenientes da influência de um Espírito desencarnado. Este, desequilibrado, se aproximaria, se encostaria ( daí a vulgarização do termo encosto) nas pessoas, provocando-lhes inúmeras mazelas.

É impressionante como existem centros - que se dizem - espíritas fazendo uso dessa maneira leviana de interpretar o fenômeno mediúnico.

O cidadão aparece no centro espírita pela primeira vez; ninguém o conhece, ninguém sabe da sua história de vida, ninguém sabe do seu cotidiano, dos seus hábitos; ninguém sabe se ele tem, ou não, família, muito menos se essa família seria equilibrada e feliz; ninguém sabe a profissão dele, se ela é vocacionada ou apenas suportada por uma questão de sobrevivência ou de comodismo; ninguém sabe se o cidadão se alimenta corretamente, se dorme bem, se pratica, ou não, algum tipo de esportes.Todavia, mesmo não se sabendo coisa alguma a respeito de tal pessoa, há dirigentes de casas espíritas que se atrevem a afirmar, "categoricamente" que o problema da pessoa é "de mediunidade", e que ele precisa "desenvolvê-la".

Isso quando não diagnosticam, desde logo, um quadro de "obsessão", encaminhando o referido cidadão para trabalhos de desobsessão, fazendo com que se manifeste o espírito que está incomodando, a fim de ser doutrinado.

Ora, senhores espíritas: a Doutrina dos Espíritos dá conta da existência, sim, dessa influência dos espíritos desencarnados sobre os encarnados.Mas não desse jeito! "Diagnosticar" todo e qualquer problema - seja de ordem física, moral e financeira - como um "problema de mediunidade", assim, de primeira vista, sem um estudo de caso, é demais!

Muitos centros espíritas têm insistido nessa leviandade. Acomodam-se numa visão absolutamente passiva do fenômeno mediúnico, como se nós, os encarnados, fôssemos vítimas perpétuas e indefesas de desencarnados desavisados.

Mesmo uma simples interpretação gramatical do Livro dos Espíritos já comprova que os seres humanos, os encarnados, não são sujeitos passivos no processo da influência mediúnica. Explicando a Allan Kardec o porquê de haver espíritos capazes de incitar os encarnados ao mal, os Espíritos disseram: "Nossa missão é a de te por no bom caminho, e quando más influências agem sobre ti, és tu que as chamas, pelo desejo do mal, porque os Espíritos inferiores vêm em teu auxílio no mal, quando tens a vontade de o cometer; eles não podem ajudar-te no mal, senão quando tu desejas o mal".(LE ).

E à indagação sobre se era possível afastar a influência desses Espíritos inferiores, eles responderam: "Sim, porque eles só se ligam aos que os solicitam por seus desejos ou os atraem por seus pensamentos". (LE).

Por mais superficial que seja a leitura desse texto, depreende-se que é a vontade do encarnado que estabelece seus vínculos espirituais. Portanto, no processo da influenciação mediúnica o ser humano é totalmente ativo, totalmente agente. Se assim não fosse, qual seria o significado do livre-arbítrio?

De nada adianta, então, submeter uma pessoa a sessões corridas de desobsessão, se essa pessoa não for sensibilizada a modificar seus comportamentos, se ela não se auto-educar, se ela não se autoconhecer.

A maioria desses "problemas de mediunidade" são problemas de caráter pessoal, são problemas de falta de educação. Colocar uma vitima desses ( assim) problemas sociais como um sujeito passivo, involuntário, de más influências, é vitimá-la duas vezes. Daí ser preferível falar em mediunidade deseducada, ao invés de problema de mediunidade. Mediunidade não é problema. Conhecida, compreendida, disciplinada, é um importante fator de aperfeiçoamento da leitura do mundo às pessoas.

Os espíritas precisam disso, pois o centro espírita deve ser, cada vez mais, um centro de liberdade que se alcança através do conhecimento e do auto-conhecimento - e não um local onde se cultive a mentalidade de submissão e ignorância.

O PAPEL DO DIRIGENTE ESPÍRITA

A função do dirigente espírita, portanto, é da mais alta gravidade diante de Deus.

► "O dirigente espírita nunca deve esquecer que se encontra revestido de um encargo que, embora nada seja entre os homens, é de grande importância perante Deus".

Esta afirmativa foi feita por Miguel Vives, um missionário que viveu em Barcelona no final do século passado, e que deixou preciosos ensinamentos de como se proceder em relação à direção do centro espírita.

► Dirigir uma casa espírita é tarefa das mais difíceis e requer de quem tem o encargo, além de um entendimento mais amplo das coisas, um profundo senso de responsabilidade.

Sabe-se que não é por acaso que algumas pessoas assumem esse pos to. É corrente no meio espírita a idéia de que ninguém aceita essa tarefa de livre e espontânea vontade, mas levado pelas circunstâncias e por falta de trabalhadores que queiram "sacrificar-se". Por conta desse torto pensamento, em muitas situações o desempenho dessa missão se torna penoso e desgastante.

► Muitos dirigentes chegam mesmo a declarar que estão no cargo apenas por falta de quem o substitua.

Parecem carregar pesado fardo, do qual querem se ver livres o mais rápido possível. Entendemos que os que assim procedem, infelizmente ainda não alcançaram a real compreensão sobre a missão de que estão imbuídos e tampouco a enorme oportunidade de crescimento que lhes foi dada pela Vida.

Nesse grave momento de descontrole por que passa a humanidade, o dirigente espírita deveria buscar compreender a importância do centro espírita. Se não tiver dentro de si os valore s necessários para o cumprimento de sua tarefa, a casa sob sua responsabilidade poderá seguir por caminhos outros que não os dos núcleos onde se vivencia e ensina a mensagem cristã. Se os centros espíritas são a cátedra do Espírito de Verdade, muito mais razão terá quem o dirige de tentar chegar o mais perto possível desse entendimento, a fim de que possam os bons Espíritos efetivamente fazer uso dele, espargindo entre os homens a mensagem de esclarecimento e libertação.

► A função do dirigente espírita, portanto, é da mais alta gravidade diante de Deus.

Pois ele, mais que os outros trabalhadores espíritas, faz o papel do "sal que salga", conforme nos exorta Jesus, no seu inesquecível Sermão da Montanha. Entretanto, o sucesso de sua tarefa administrativa depende do seu preparo em muitos aspectos, primordialmente no campo do conhecimento doutrinário e de sua conduta moral. El e deve ser antes de tudo o espelho, o exemplo que muitos tentarão seguir, a conduta que tantos procurarão imitar. Mas não somos santos, dirão os que vêem nisso um exagero. Decerto que não, mas essa mentalidade de pseudo-humildade é de suspeita modéstia. Esconde também um estado de acomodação bastante favorável para os que não querem esforçar-se em lutar por vencer suas más inclinações.

► Dirigentes há, que exercem um papel para o qual não estão preparados e deixam crescer nos centros espíritas toda sorte de desvios, tanto doutrinários quanto morais, preparando inconscientemente um campo perfeito para a ação nefasta dos Espíritos atrasados.

Diremos mais: serão casas que acabam sendo dirigidas por essas entidades, que sob nomes pomposos se locupletam em mantê-las no atraso, envolvendo as pessoas que ali estão (trabalhadores e freqüentadores), em fantasias, ilusões e fa scinações. Enganam-se os que pensam que tais desvios ocorrem somente em casas mais simples ou menores. Hoje, observam-se essas distorções disseminadas por todo o Movimento Espírita. Os jornais, os folhetos, os programas e eventos espíritas dão exemplo disso a todo instante. Quem tem olhos de ver, que veja.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

ENTREVISTA COM ALBERTO ALMEIDA (orador espirita de Belem do Pará)

P: - Neste momento, no Brasil, em que as Federações estão bem estruturadas, o que falta para se efetivar a unificação do Movimento Espíita?

R: - A palavra unificação, tomada ao pé da letra, significa a ação de ficar unido, manter junto para viabilizar a Doutrina Espírita no atendimento do Centro Espírita, para que ele alcance a sua finalidade maior, que é estudar o Espiritismo, expor a Doutrina para a vivência de tudo o que é divulgado, dentro das suas paredes e além delas.

A proposta de unificação é uma atividade-meio, objetivando a célula do Movimento Espírita, que é o Centro Espírita, para que ele alcance a sua real finalidade, que seria desdobrar a Doutrina Espírita no estudo, vivência e divulgação.

Nessa perspectiva, a unificação é uma tarefa de relevância, posto que se propõe a que possamos ombrear-nos uns com os outros, somarmos esforços, dividirmos experiências, avaliarmos soluções para os problemas que enfrentamos, procurarmos socializar o conhecimento espírita e apoiar as casas mais frágeis.

A unificação tende a potencializar o Movimento Espírita em qualidade e disponibiliza ao movimento a possibilidade de fazermos correções de rumo, sem nenhuma preocupação de tornar o Movimento Espírita uniforme, mas sim respeitando as idiossincrasias de cada região, de cada estado, de cada país.

O trabalho de unificação objetiva assegurarmos a vivência do conteúdo espírita que ganha diversos designs, de acordo com as diversas localidades.

O Centro Espírita localizado no centro de uma cidade trabalha a Doutrina Espírita de um jeito; o grupo de periferia, que tem uma outra vocação, trabalha numa outra perspectiva. Entretanto, todos estão identificados com a mesma base kardequiana, estão vinculados aos mesmos princípios doutrinários e podem guardar a mesma fidelidade doutrinária, sem prejuízo da diversificação das suas atividades.

A unificação é a proposição de podermos estar integrados, unidos, reunidos amorosamente, dando como conseqüência um trabalho mais solidário, mais fraterno, mais amigo e mais fecundo, sem nenhuma imposição, sem nenhum constrangimento, sem nenhuma violência a ninguém, sem nenhum patrulhamento a esta ou àquela entidade, sem nenhum tipo de ação que possa representar cerceamento da liberdade de qualquer grupo.

É um trabalho, portanto, assentado sobre a fraternidade.

Acho que Bezerra de Menezes é o Espírito que melhor traduziu o trabalho de unificação, depois de Kardec, quando ele propôs que esse trabalho se estabeleça em regime de urgência mas que não seja apressado. Urgência define objetivos bem claros a serem alcançados e não apressado, diz ele, porque não nos é lícito violentar a consciência alguma.

O trabalho de unificação, no fundo, é uma tarefa-meio, que objetiva um fim que todos nós espíritas desejamos, que é de colocar a Doutrina Espírita ao alcance de todas as pessoas e ele tem como objetivo máximo o Centro espírita, que é a unidade fundamental do Movimento Espírita.

P: - Quais seriam hoje os principais obstáculos para a unificação?

R: - Acho que é o personalismo, que constitui um obstáculo imenso ao trabalho de unificação.

Somos espíritos que trazemos dificuldades imensas no campo do orgulho, somos muito egoístas. Nossa prepotência às vezes nos coloca acima da tarefa, acima da causa. Achamos que a Casa tem de ser às vezes maior do que a Causa. Isso faz-nos limitar a percepção, faz-nos reivindicar idéias que às vezes são pessoais e às vezes são de grupos e que se colocam em detrimento do coletivo, da maioria, e faz com que a nossa posição seja de inflexibilidade, de intolerância, de preconização da verdade exclusiva, e isso causa uma impermeabilidade no contato com o outro. Todas as vezes que nos manifestamos assim, criamos um grande vácuo na relação com o outro.

A unificação prevê a manutenção da individualidade de cada instituição, o perfil de cada região, a idiossincrasia de cada Centro Espírita.

A imagem do feixe de varas é significativa. Um feixe é constituído de diversas varas que têm diversos polos, diversos jeitos, diversos tempos, diversas texturas. Solitariamente, essas varas são frágeis, são facilmente quebráveis, mas quando se agrupam elas formam uma união de forças, na linguagem de Bezerra de Menezes, e se tornam realmente invulneráveis.

O Movimento Espírita, quando se une, se vincula, necessariamente não uniformiza todos os Centros Espíritas, impondo que as varas tenham a mesma textura, o mesmo comprimento, a mesma constituição, mas respeita e assegura a liberdade de cada um poder ser como queira ser, tendo entretanto como base fundamental a codificação kardequiana, inspirada naturalmente no Evangelho que ela ressuscita.

O personalismo faz com que assumamos uma posição de dono do movimento, de a nossa fala ser mais importante que a dos outros e a gente assume a condição de ser o porta-voz da verdade, em detrimento, às vezes, da maioria. Isso cria dificuldade imensa.

Um outro problema que encontramos para que a unificação se estabeleça é a falta de encontro. Para que possamos nos unir, precisamos nos reunir. Se não nos reunimos, como é que vamos nos unir? Penso que essa é uma dificuldade que se coloca na contramão do trabalho de unificação. Precisamos nos encontrar, estar juntos, conviver, para podermos viver bem e o obstáculo sem dúvida maior é a ausência da perspectiva amorosa de cada tarefeiro.

Só há unificação se houver união; só há união se houver reunião; só há unidade se houver fraternidade e só há fraternidade se houver amor nas almas. Talvez por isso Jesus tenha afirmado de forma bastante eloqüente que seus discípulos seriam reconhecidos por muito se amarem, e os espíritas, na fala do Espírito da Verdade, viessem, de forma categórica, dizer que o primeiro mandamento era "amai-vos".

Penso que se não conseguirmos experimentar o exercício da amorosidade entre nós, trabalhadores espíritas, a unificação se tornará uma utopia, mas se conseguirmos fazer esse esforço, então nos daremos conta de que somos diferentes mas podemos estar juntos; podemos divergir mas não precisamos nos separar; podemos pensar diferente sem brigar; apresentamos às vezes idéias que não combinam, mas não precisamos agredir pessoalmente um ao outro e, nesse processo de convivência amorosa, nós vamos lapidando as nossas experiências, ajustamos nossos pensamentos e vamos encontrando os nexos que são naturalmente as posições de equilíbrio.

Já que o Movimento Espírita, na tarefa de unificação, tem uma base espiritual, que os espíritos trabalham nos inspirando, penso que à medida que nós nos abrimos para a capacidade de aceitar o outro como ele é, de uma forma incondicional, que seja possível ao nosso coração, nós encontramos aí uma inspiração superior. Os espíritos conseguem nos favorecer com suas energias, com seus pensamentos, com suas intuições e nós conseguimos superar os obstáculos que são próprios de seres humanos.

P: - Qual seria o papel da Federação Espírita na unificação?

R: - O trabalho de uma federativa é coordenar, dinamizar, propor, favorecer encontros, porque a federativa, na verdade, não é uma pessoa e não é um grupo de pessoas. A bem da verdade, ela deve ser a reunião da manifestação dos espíritas de um determinado Estado, de um determinado país ou região. A federativa do Estado representa os espíritas daquele Estado, portanto, tem a função de dinamizar o Movimento Espírita naquela jurisdição, por assim dizer.

Enquanto federativa, o seu trabalho é de facilitar esses encontros, de propiciar a catalização das atividades espíritas, de ajudar o Movimento Espírita a trocar experiências para fazer correção de rumos, de poder estar primando para que o Movimento Espírita valorize eventos dentro de uma base kardequiana. Essa é a tarefa das federativas.

Não é tarefa da federativa mandar, obrigar, impor, constranger, determinar, porque não há no Movimento Espírita uma organização hierárquica religiosa, mas há uma organização fraternal, e esse é o vínculo federativo.

As Casas se unem numa adesão espontânea, inteiramente voluntária e sem nenhuma subordinação a qualquer autoridade, o que faz a gente ver o movimento de unificação, portanto, de uma forma bastante diferente das outras organizações religiosas, porque é um movimento horizontal, é um movimento no qual a Doutrina Espírita deve estar preconizada como sendo a base das nossas relações e onde nós somos companheiros de jornada. Não há, portanto, uma figura que encarne, por assim dizer, a pessoa do sacerdote, de um sumo sacerdote, como dizia Kardec.

Nós não temos a formatação religiosa cultista. Isto nos dá bastante flexibilidade para entender que uma federativa tem como meta, como missão, unificar o Movimento.

O Centro Espírita é o maior beneficiário da unificação e a Federação Espírita só existe para de alguma forma apoiar o Centro nas suas atividades fundamentais, porque é o Centro Espírita que faz esse trabalho na linha de frente; é ele que atende o público, é ele que recebe, que aplica o passe, que divulga, que faz atividades comemorativas, e a Federação vai dotar o Centro Espírita para que ele esteja aparelhado e possa receber assim a população e fazer face à demanda que o alcança, exigindo-lhe uma posição equilibrada doutrinariamente, lúcida, adequada e a Federação, portanto, representa o esforço dos espíritas em salvaguardar a Doutrina Espírita na sua pureza, na sua beleza, e socializar o pensamento espírita entre todas as Casas, as que têm mais, as que têm menos, aquelas que já superaram o problema em si e aquelas que estão passando por problemas, por sua vez e assim nós vamos caminhando, no âmbito da fraternidade, tendo como canais de interlocução a Federação, os Conselhos Regionais, as Uniões Regionais, os órgãos departamentais federativos, que são todos mecanismos que tentam agenciar o grande objetivo de uma entidade federativa.

P: - Como o espírita, no seu canto de trabalho, pode colaborar na unificação?

R: - O espírita colabora quando vende a idéia da unificação.

Eu comparo o Centro Espírita com uma família. O trabalhador que veste a camisa do Centro Espírita, dá a vida pela equipe em que trabalha, vamos dizer que seja o setor de infância. Ele dá a vida pela infância, mas não consegue ver o Centro Espírita. Ele só consegue ver o trabalho da infância. É como se o Centro Espírita fosse só a evangelização infantil. Se alguém lhe dissesse: "olha, vem aqui, venha ajudar a limpar o Centro para a atividade adulta", ele diria: "não, eu sou do departamento de infância". Ele é um espírita que tem uma visão setorizada do Movimento Espírita.

Tem um outro espírita que freqüenta a mesma Casa e que tem um outro perfil. Ele consegue ver todas as atividades, as equipes, os departamentos. Ele tem uma visão mais global. Ele se movimenta tanto num departamento quanto noutro, mas se você disser: "olha, vamos a um outro Centro fazer uma palestra, ajudar, porque eles têm lá uma dificuldade de expositores", ele diria: "não, não, meu Centro Espírita é este". Ele está restrito ao seu Centro Espírita, que ele chama o "seu" Centro, porque a visão dele é restrita. É maior do que aquela do trabalhador da equipe que fica restrito ao seu departamento, mas é menor do que a daquele outro que, participando da mesma instituição, é convidado e vai a um outro Centro Espírita, para fazer uma doação de telhas, porque o Centro está com dificuldades financeiras. O que tem este perfil já tem uma visão de Movimento mais ampla. Ele começa a ver a Causa acima da Casa. Ele já sabe que ali é um espaço onde a Doutrina Espírita é elaborada, mas a Doutrina não é a Casa. A Doutrina faz parte, e se desloca, e se movimenta em inúmeras Casas, fazendo aquilo que Kardec chamaria a grande família espírita. A gente sente que ele faz parte de uma grande família.

Quem pensa grande desse jeito, que consegue vislumbrar o todo, esse é o trabalhador da unificação. Esse consegue pensar no Espiritismo como sendo a doutrina que deverá estar animando a Casa. A Casa é o corpo. A alma que alimenta a Casa é o Espiritismo. Ele vislumbra a Doutrina Espírita de uma forma mais ampla, mais abrangente. Ele não tem aquele amor egoísta do "meu Centro Espírita". O amor dele se espraia além das fronteiras do seu grupo para ver o Movimento Espírita. Ele está preocupado com o Movimento Espírita.

Esses tarefeiros são muito poucos. Se formos analisar, formamos como que uma pirâmide. São poucos aqueles que estão no ápice, que têm essa compreensão da pirâmide como um todo. Quem está na base não se dá conta da totalidade da pirâmide. É como se alguém abrisse uma janela e visse o tronco de uma árvore; outro abrisse a mesma janela e dissesse: "mas que bosque extraordinário" e outro ainda abrisse a janela e dissesse: "este mundo tem uma floresta que nós precisamos proteger". Cada um olha pela mesma janela, mas tem uma percepção diferente.

O trabalhador da unificação é aquele que consegue vislumbrar a Doutrina Espírita de uma forma grandiosa e vai além das fronteiras do seu Centro, da sua União Regional, do seu Estado. Ele pensa no Movimento Espírita no âmbito da Terra.

Esse é o trabalho de unificação. É um desafio, portanto, estabelecer a construção dessa consciência crítica e crística que deve ter o trabalhador espírita identificado com a tarefa da unificação.

O VERDADEIRO CENTRO ESPIRITA

Existe uma confusão muito grande a respeito do que é ou não é Doutrina Espírita ou Espiritismo. Isto porque há pessoas que não sabem que as palavras "espírita" e "espiritismo" foram criadas em 1857, na França, pelo codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec. Somente deveriam utilizarem-se destes termos os locais religiosos ou pessoas que seguissem os postulados desta doutrina.

Assim, cultos e religiões que de alguma forma têm em suas práticas a comunicação de Espíritos e a crença na reencarnação são confundidas erroneamente com o Espiritismo.

Na verdade, embora mereçam todo o respeito dos espíritas verdadeiros, estas seitas são adeptas do espiritualismo ou esoterismo, e não do Espiritismo.

Todos aqueles que acreditam na existência do Espírito são espiritualistas. Mas nem todos os espiritualistas são espíritas, praticantes do Espiritismo.

Para que uma casa religiosa seja espírita, ela deve seguir os ensinamentos contidos nas Obras Básicas da Doutrina Espírita e no Evangelho de Jesus. Geralmente, os locais espíritas recebem o nome de: Centro, Grupo, Casa, Sociedade, Instituição ou Núcleo Espírita. Deve ser legalmente constituído, de acordo com as leis vigentes no país em que está instalado. Mesmo ostentando este nome, quem os visita necessita estar atento para quais as atividades e as formas como as mesmas são praticadas por seus dirigentes e auxiliares (veja o que um centro espírita faz).

Visando ajudar àqueles que não conhecem o Espiritismo, mostraremos abaixo o que se encontra e o que não deve ser encontrado em uma casa espírita verdadeira.

Palestras: todo centro espírita tem o seu momento de esclarecimento doutrinário. As exposições geralmente são sobre a Codificação espírita e o Evangelho de Jesus, em uma ligação direta com nosso cotidiano. Não há nenhum ritual antes dos trabalhos, a não ser uma prece evocando a proteção de Jesus e dos bons Espíritos (geralmente, a oração é feita em pensamento). Em algumas oportunidades, antes ou no final das palestras, alguns grupos fazem a apresentação de corais musicais, quase sempre formados por grupos de jovens. Porém, este tipo de procedimento não é aconselhável, sendo indicado que seja praticado em datas e horários diferentes dos trabalhos espirituais e de esclarecimento ao público, exatamente para se evitar confusões e mal-entendidos.

Explanações e orações ao som de músicas, batuques, atabaques: o Espiritismo não utiliza instrumentos musicais para exortar o público ou evocar Espíritos. Não há o uso de qualquer instrumento durante os trabalhos.

Trajes normais: os trabalhadores de uma casa espírita trajam-se normalmente, de forma simples. A discrição deve fazer parte dos que trabalham no local, pois ali estão para auxiliar as pessoas que buscam orientação para seus problemas materiais e espirituais.

Trajes especiais: o Espiritismo não tem roupas especiais para os dias de trabalhos ou mesmo no dia-a-dia das seus adeptos. Enfeites, amuletos, colares, vestimentas com cores que significariam o bem (branca) ou o mal (negra, vermelha) não têm fundamento para o espírita.

Inexistência de rituais, amuletos e imagens: o verdadeiro centro espírita não pratica em suas atividades nenhum tipo de ritual. A Doutrina Espírita segue o que o Mestre Jesus ensinou: que Deus é Espírito, e deve ser adorado em espírito e verdade. Portanto, sem a necessidade de nada material para contatarmos com a espiritualidade.

Presença de rituais como: ajoelhar-se frente a algo ou alguém, beijar a mão ou louvar os responsáveis pela casa, benzer-se, sentar-se no chão ou ficar levantando e sentando durante os trabalhos, proferir determinadas palavras (mantras) para evocar os Espíritos. Nas sedes dos verdadeiros centros espíritas não são encontradas imagens de santos ou personalidades do movimento espírita, amuletos de sorte, figuras que afastam ou atraem maus Espíritos, incensos, velas e tudo o mais que seja material e que teoricamente serviria de ligação com o mundo espiritual. Animais para sacrifício: o local que possui este tipo de prática ou decoração não é espírita. O Espiritismo é contrário a qualquer tipo de sacrifício animal. Espíritos que pedem este tipo de atividade são Espíritos atrasados, ignorantes da Lei de Deus e muitas vezes maléficos, que podem prejudicar a vida de quem dá ouvidos aos seus baixos desejos.

Comunicação particular com os Espíritos: os grupos espíritas têm reuniões específicas e íntimas para que os trabalhadores da casa, APTOS E PREPARADOS DURANTE LONGOS ESTUDOS PARA TAL, possam comunicar-se com os Espíritos. E através deles, obter informações do mundo espiritual, orientações e mesmo ajudar no afastamento de perturbações espirituais que porventura estejam prejudicando alguém. Todo este cuidado baseia-se na orientação dos próprios Espíritos superiores, responsáveis pela elaboração do Espiritismo, como também no alerta de João, o Evangelista, que em sua 1ª Epístola, capítulo IV, versículo 1, diz: "Amados, não creiais em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus". Agindo assim, o centro espírita evita o máximo possível a influência de Espíritos zombeteiros e maldosos, que muitas vezes vêem neste contato com os encarnados a oportunidade de tecer comentários mentirosos e doutrinas esdrúxulas. A seriedade de reuniões fechadas os intimida, favorecendo a presença dos Espíritos esclarecidos.

Há alguns tipos de trabalhos mediúnicos, principalmente de psicografia (escrita dos Espíritos através de médiuns), onde pessoas levam até lá o nome de entes desencarnados para tentarem a comunicação dos mesmos através da mediunidade, e ficam observando a manifestação. O médium Francisco Cândido Xavier, conhecido como Chico Xavier, da cidade mineira de Uberaba, é um destes exemplos. Porém, nestes casos, o Espírito não se comunica diretamente com seu parente. Apenas influencia o médium, que escreverá, de forma discreta e ordenada, a mensagem do além.

Comunicação de Espíritos em público: a Doutrina Espírita é contrária a este tipo de manifestação, cercada geralmente de curiosidades e interesses materiais, ao invés do bom senso que deve permear toda comunicação espiritual. Há locais em que os médiuns recebem seus "guias" ou "Espíritos protetores", teoricamente responsáveis pelo funcionamento da casa, e orientam os consulentes sobre qualquer tipo de dúvida. Muitas vezes, as respostas dadas por este tipo de Espírito não têm base científica ou doutrinária alguma, seguindo apenas seu próprio conhecimento, que pode ser limitado. Em vários destes lugares em que há a manifestação pública, as entidades espirituais são servidas de fumo, bebida, comida, ingeridas pelo médium incorporado. Com isso, mostram a limitação destes Espíritos, ainda muito apegados aos vícios e prazeres materiais.

DESENVOLVIMENTO CAUTELOSO DA MEDIUNIDADE: a Doutrina Espírita explica que todo ser vivo tem mediunidade, pois é através dela que os encarnados recebem influências boas e más do mundo espiritual, que servirão de ajuda ou aprendizado no decorrer de suas existências terrenas. São chamados de médiuns aqueles capazes de proporcionar a manifestação dos espíritos. O Espiritismo adverte que para poder ampliar esta ligação com o mundo espiritual, é necessário que o médium passe por uma série de preparativos. Anos de estudo, maturidade, modificação moral constante, vida regrada, abstendo-se dos vícios mais grosseiros, como o fumo e a bebida, são algumas das regras básicas para que o indivíduo possa vir a desenvolver sua mediunidade, e estão contidas em "O Livro dos Médiuns" . Os centros espíritas verdadeiros não aconselham a pessoa a trabalhar mediunicamente sem antes passar por este período e preparação citados. Muito menos diz que alguém "precisa" desenvolver a mediunidade. Ninguém é obrigado a nada, afirma a Doutrina. Todos têm seu livre-arbítrio, e mesmo que o ser tenha um canal mediúnico amplo, próprio para o desenvolvimento da mediunidade, e não quiser desenvolvê-lo, não há problema. TUDO O QUÉ FORÇADO AO HOMEM É PREJUDICIAL.
Desenvolvimento mediúnico forçado: se ao chegar em um ambiente espiritualista lhe afirmarem que sua mediunidade "precisa" ser desenvolvida, caso contrário você sofrerá as consequências materiais e espirituais; sua vida será um transtorno; que os Espíritos estão lhe chamando para o trabalho; que esta é a sua missão; com certeza este não é um local que segue a Doutrina Espírita. Há seitas e religiões afro-brasileiras que obrigam a pessoa a desenvolver-se mediunicamente e depois as ameaçam com terríveis problemas futuros se elas deixarem de "trabalhar". Isto gera angústia, medo e desespero nos envolvidos, que geralmente acabam vítimas de graves obsessões (influência maléfica persistente de um Espírito atrasado sobre outro ser). Cuidado!

Não há promessas de curas: o verdadeiro centro espírita não promete a cura para quem o procura. A Doutrina afirma que a cura de uma influência espiritual ou doença material depende de uma série de fatores, entre os quais a modificação moral do enfermo, sua necessidade, seus problemas relacionados com encarnações anteriores e acima de tudo, se há ou não a permissão de Deus para que haja a solução da dificuldade. Muitas vezes, o sofrimento é um período necessário para o ser refletir sobre sua existência, e o único que sabe quando é a hora disso terminar é o Criador.O que o centro espírita faz é um pronto-socorro aos necessitados de amparo e esclarecimento, é de todas as formas possíveis (orações, tratamentos espirituais, passes, orientações morais e materiais) tenta minimizar o sofrimento alheio, rogando a Jesus que se o Pai permitir, que interceda junto ao indivíduo.

Promessas de cura: qualquer lugar que prometa a cura de problemas espirituais ou materiais, sem levar em consideração os fatores já citados, não é um local espírita. Condicionar uma cura à frequência exclusiva naquele ambiente, ao pagamento de dinheiro ou bens materiais, ou mesmo à "força da casa" não tem base no Espiritismo e foge do bom senso que regula as leis de Deus. Estas, não podem ser modificadas de acordo com nossa vontade. Por isso, prometer algo que não depende apenas de nós mesmos beira a irresponsabilidade e pode levar a pessoa desesperada ao desequilíbrio total ou à descrença em Deus.

Passes simples: o passe é um método utilizado dentro dos centros espíritas. Nada mais é do que a simples imposição das mãos de médiuns sobre a fronte de outras pessoas, transmitindo-lhes fluidos magnéticos e espirituais (energias positivas do próprio médium e de bons Espíritos), no intuito de fortalecer-lhes o corpo e a parte espiritual. Tem duração em média de 30 segundos a 01 minuto. Geralmente, é aplicado dentro de salas específicas, após a palestra, individual ou coletivamente, com o público sentado e o passista de pé. Apenas são feitas orações, em pensamento, pelos médiuns, rogando o amparo de Jesus àqueles que estão recebendo os fluidos. Os passistas não ficam incorporados pelos Espíritos, apenas recebem sua influência mental e fluídica.Importante: nunca há necessidade do passista tocar a pessoa que recebe o passe. Toques, apertos, carícias têm grandes possibilidades de serem mal-interpretados, gerando confusões, e por isso são dispensados no centro espírita.

Passes com movimentos: locais em que os passes são aplicados com movimentos bruscos, utilizando objetos, baforadas de cigarro ou charuto, estalando-se os dedos, repetindo mantras e cânticos, tocando várias partes do corpo do receptor não são centros espíritas. Passistas que transmitem os passes incorporados por entidades, fazendo orientações ou conversando normalmente, não são médiuns espíritas.



Todo o serviço espiritual é gratuito: o verdadeiro centro espírita não cobra nenhuma orientação ou ajuda espiritual de seu público, nem condiciona o recebimento de curas ou salvação às doações. Dar de graça o que de graça receber, ensinou Jesus, em alusão aos conhecimentos espirituais. Não aceita dinheiro por serviços prestados mediunicamente. Seus dirigentes e trabalhadores têm profissões próprias, que lhes dão o sustento financeiro necessário para suas vidas. Quem sustenta materialmente a casa espírita são seus trabalhadores, através de doações mensais, destinadas ao pagamento de aluguéis, manutenção, divulgação doutrinária e aquisição de alimentos, roupas e demais objetos a serem distribuídos às famílias carentes ou instituições filantrópicas que sejam assistidas pelo grupo. Todo valor arrecadado será exposto em balanços mensais, para que tanto trabalhadores como frequentadores tenham acesso sobre onde é investido o dinheiro do centro espírita. Caso algum frequentador da casa queira doar algo ao núcleo, é preferível que a doação seja feita em gêneros alimentícios, roupas, materiais de construção e afins, que poderão ser destinados aos carentes ou mesmo utilizados na manutenção da casa. Se houver por algum motivo uma doação em dinheiro, o centro espírita deverá fornecer um recibo ao doador e inscrever esta doação no balanço mensal do grupo.

Cobrança pela ajuda espiritual: todo local que cobra dinheiro, favores ou exige qualquer coisa ou favor material devido à ajuda espiritual prestada não é um centro espírita. A cobrança financeira é própria de pessoas que vivem da exploração da crença alheia, contrariando os ensinos de Jesus. Há seitas que pedem dinheiro aos seus assistidos afirmando que será usado para o feitio de trabalhos espirituais, como a compra de velas, comida, roupas e coisas do gênero. Isso não é Espiritismo. Espíritos que se prestam a fazer serviços espirituais em troca de coisas materiais são entidades atrasadas, que nada de bom podem trazer aos que os procuram.

Não podemos comprar a paz de espírito e tranquilidade que buscamos, é isto que prega a Doutrina Espírita. Se não for esta a orientação do local, com certeza não é um ambiente espírita.




sexta-feira, 17 de setembro de 2010

SERÁ QUE SOMOS TÃO DIFERENTES DOS EVANGELICOS ?


Guardadas as devidas proporções (de nomes e entendimentos) lá se faz o mesmo que fazemos. (Estou partindo do pressuposto de fenomenos sejam legitimos, e não armações, ok?)

1) Os espíritas aplicam passes para curar - evangélicos fazem imposição de mãos para curar.

2) No espiritismo temos a mediunidade da xenoglossia - nas igrejas evangélicas tem o dom de falar "línguas estranhas".

3) No espiritismo temos a desobsessão - Nas igrejas evangélicas tem a "expulsão dos demônios".

4) Os espíritas tem Jesus como Mestre e maior guia e modelo que Deus nos deu - Os evangélicos tem Jesus como salvador.

5) Os espiritas tem a psicofonia e a vidência - os evangélicos profetizam.

6) Os espíritas oram a Deus - os evangélicos também.

7) os evangélicos temem o inferno, os espiritas o umbral

8) os evangelicos cobram o dizimo e os espíritas,  não???

9) algumas denominações praticam o terrorismo religioso, e o espiritismo...não???

Parafraseando João Paulo II, será que o que nos afasta (evangelicos e espiritas) é maior do que o que nos une? Pois é comum ouvir-se do lado evangélico que espírita é adorador do demonio e que o espiritismo nao agrada a Deus e de alguns, do lado espirita, que evangelico nao pensa e que tem fé cega e é fanatico.

Será que as diferenças entre espiritas e evangelicos são apenas de acirramento de interpretaçoes religiosas, ou tem raízes espirituais mais profundas?

P.Moryah.

 


terça-feira, 14 de setembro de 2010

KARDEC OU RAMATIZ

(não se pode agradar a dois senhores)

Através do médium Hercílio Moraes, o Espírito Ramatis escreveu várias obras que seriam úteis para um melhor conhecimento do Mundo Espiritual e da passagem de Jesus pela Terra, não fossem determinadas revelações e profecias. Essas obras se desenvolvem em forma de perguntas e respostas, estas desnecessariamente longas, se comparadas com a objetividade com que Emmanuel respondeu as perguntas contidas em “O Consolador”. Para melhor compreensão, veja-se em “O Livro dos Espíritos”, 2ª Parte, cap. I, item 104, que trata de “Espíritos pseudo-sábios”.

Se, à época em que essas obras surgiram, já pareciam fantasiosas, o que dizer agora, com o não-cumprimento das profecias nelas contidas?

Na obra “Mensagens do Astral”, é afirmada a existência de um planeta visitante, que deveria sugar os Espíritos que não mais permaneceriam na Terra, mediante uma aproximação física, que deveria provocar a verticalização do eixo da Terra.

Em “A Gênese” (cap. XVII, item 63), e em “A Caminho da Luz” (cap. III), há o relato do exílio de Espíritos rebeldes, que perturbavam o progresso de um planeta do Sistema Cabra ou Capela. Esses Espíritos foram encaminhados aqui para a Terra, há muitos milênios. Não há nenhuma notícia que a Terra se tenha deslocado para lá, a fim de “sugar” esses Espíritos. Entretanto, qualquer pessoa que tenha estudado a Doutrina Espírita sabe que há uma transmigração contínua de Espíritos no Universo, sem que haja necessidade de os planetas se deslocarem, a fim de recebê-los. São os Espíritos que se mudam – ou são mudados – e não os planetas que se deslocam à semelhança de ônibus ou aviões a buscarem passageiros.

Analisemos algumas afirmativas, à luz da Ciência e da Doutrina Espírita:

“A verticalização, quando for percebida, será incondicionalmente atribuída à periodicidade espontânea dos movimentos naturais do orbe. Dificilmente a vossa ciência haverá de aceitar a “absurda” notícia da aproximação de um planeta desconhecido nas cartas astronômicas.”

“A partir do próximo ano de 1950, manifestar-se-á, junto à aura da Terra a primeira vibração sensível desse astro intruso, mas ainda de maneira profundamente magnética; será uma expansão endógena, isto é, de dentro para fora; uma ação astro-etérea pois, na realidade, o fenômeno terá início na esfera interior do vosso orbe. A princípio, dar-se-á um acasalamento de forças íntimas da Terra com as energias agressivas e primárias do planeta visitante, por cujo motivo os cientistas – que estão na dependência de instrumentos materiais – só poderão assinalar o fenômeno quando ele aflorar à superfície dos cinco sentidos humanos.” (pá g. 81)

Qualquer pessoa dotada de um mínimo de bom-senso refutará essa afirmativa, pois sabemos que a lua, que é 49 vezes menor do que a Terra, quando se aproxima um pouco provoca o fenômeno das marés. Imaginemos então o que produziria a aproximação de um astro 3.200 vezes maior do que a Terra! Haveria uma perturbação geral no Sistema Solar. Esses argumentos serviriam para rebater as afirmativas perturbadoras de Ramatis à época em que o livro foi publicado, porque hoje os argumentos contrários são outros, de vez que nada disso aconteceu! Todas as suas profecias foram desmentidas com o passar do tempo!

“A fase mais intensa da modificação física situar-se-á entre os anos de 1982 e 1992, e os efeitos catastróficos se farão sentir até o ano de 1999, pois o advento do terceiro milênio será sob os escombros que, em todas as latitudes geográficas, revelarão o maior ou menor efeito dos “fins dos tempos”. Daqui a mais alguns anos, os vossos geofísicos anunciarão, apreensivos, a verdade insofismável: – O eixo da Terra está se verticalizando!!!” (pág. 81).

Nenhum geofísico se pronunciou até agora – passados quase 60 anos dessas absurdas predições, que atemorizaram tanta gente à época e, que infelizmente, ainda encantam encarnados que se recusam ver a verdade, raciocinar e rejeitar esses absurdos. É realmente de estarrecer que ainda existam grupos que se dizem espíritas e tenham esse Espírito como guia ou mentor. Que houvesse aqueles que se encantaram com suas “revelações”, àquela época, é até admissível. Mas, agora, depois de passado todo o tempo previsto, sem que suas predições se tenham concretizado, e pessoas continuem a se organizar em torno desse Espírito, isso só pode ser explicado como um processo de fascinação.

A ser verdade a “profecia” abaixo, a população da Terra, agora, deveria estar reduzida a um terço:

“Até o final deste século, libertar-se-ão da matéria dois terços da humanidade, através de comoções sísmicas, inundações, maremotos, furacões, terremotos, catástrofes, hecatombes, guerras e epidemias estranhas.” (pág. 190).

Para explicar tanto absurdo, só o velho adágio: “O falso tem mais brilho do que o verdadeiro.” Será que essas pessoas que se apoiam em Ramatis, dizendo-se espíritas, já estudaram a Codificação? Será que conhecem Kardec?

E não é só esta obra de Ramatis passível de refutação. Todos os seus livros contém absurdos, escritos de forma pomposa, em linguagem pretensamente erudita, numa verbosidade impressionante, bem própria dos Espíritos pseudo sábios, conforme classificação de Kardec.

A respeito de Jesus, há afirmativas que merecem destaque pelo absurdo gritante:

“Sob a inspiração e pedagogia dos Essênios amigos da família e que reconheciam em Jesus um homem incomum, ele desenvolveu suas forças ocultas sob rigorosa disciplina e aprendizado terapêutico pois, embora curando até pela sua simples presença junto aos enfermos, não podia tangenciar as leis naturais que determinam as direções, intensificações e dispersões fluídicas. (...) Submisso e fiel ao mecanismo natural da vida humana criada por Deus, sabia curar com a simples imposição de mãos, como aprendera com os Essênios, e usava uma terapêutica afim com o seu tipo psico-físico e temperamento espiritual.” (pág. 458)

Só para exemplificar o falar do pseudo sábio, verifique-se o que quer ele dizer com a frase: não podia tangenciar as leis naturais que determinam as direções, intensificações e dispersões fluídicas.

Além do mais, se agia curando até pela sua simples presença junto aos enfermos, por que precisaria ir aprender alguma coisa com os essênios?

Dando cores próprias, Ramatis repetiu afirmativas que já haviam sido feitas sobre uma pretensa preparação de Jesus, entre os Essênios, para o cumprimento de sua missão.

Dezoito anos antes, Emmanuel, na obra citada, no cap. 12, contesta de forma clara e veemente a freqüência do Mestre, como discípulo, em qualquer grupo religioso: “Muitos séculos depois da sua exemplificação incompreendida, há quem o veja entre os essênios, aprendendo as suas doutrinas, antes do seu messianismo de amor e de redenção. As próprias esferas mais próximas da Terra, que pela força das circunstâncias se acercam mais das controvérsias dos homens que do sincero aprendizado dos espíritos estudiosos e desprendidos do orbe, refletem as opiniões contraditórias da Humanidade, a respeito do Salvador de todas as criaturas. O Mestre, porém, não obstante a elevada cultura das escolas essênias, não necessitou da sua contribuição. Desde os seus primeiros dias na Terra, mostrou-se tal qual era, com a superioridade que o planeta lhe conheceu desde os tempos longínquos do princípio.”

Ramatis afirmou que o planeta intruso é 3.200 vezes maior do que a Terra. Ao ser-lhe apresentada contestação da parte de alguns encarnados, com base nas perturbações que ocorreriam no Sistema Solar diante da sua aproximação, responde:

“É que ao captardes o nosso pensamento confundistes o volume áurico do planeta com o seu volume material. Esse volume 3.200 vezes maior do que a Terra não é referente à massa rígida daquele orbe, cujo núcleo resfriado é um pouco maior que a crosta terráquea. Estamos tratando do seu campo radiante e radioativo, que é o acontecimento principal de todos os acontecimentos no “fim dos tempos”. É o volume do seu conteúdo energético, inacessível à percepção da instrumentação astronômica terrestre, mas conhecido e fotografado pelos observatórios de Marte, de Júpiter e de Saturno, cujas cartas sidérias registram principalmente a natureza e o volume das auras dos mundos observados.” (pág. 228)

“Verdadeiramente, o astro intruso é maior do que a Terra, em seu núcleo rígido ou a sua matéria resfriada, mas não há correspondência aritmética entre os núcleos e auras de ambos. O volume etérico do primeiro é mais extens o ou expansivo, porque também é mais radioativo, no sentido de energia degradada, e mais radiante no sentido de interceptação de energia pura ou livre. Embora seja um mundo oriundo da “massa virgem” do Cosmo, com que também se forjou o globo terrestre, ele se situa como um tipo especial a parte, comparado ao vosso orbe e que variou desde o tempo de coesão molecular, resfriamento, volume e distância com que circunavega no seu campo constelatório.” (pág. 229)

Diante desse palavrório sem nexo, será possível se acredite na seguinte “revelação”?

“Já que quereis saber a verdade, dir-vos-emos que o corpo de Jesus foi transferido, altas horas da noite, por Pedro e José de Arimatéia, para um jazigo de propriedade deste último, que era devotadíssimo ao Mestre, e que, assim, evitavam que os sacerdotes incentivassem os fanáticos a depredarem o túmulo do Messias, a quem não queriam reconhecer como líder espiritual.” (pág. 419).

EVOLUÇÃO ESPIRITUAL

Um dos grandes e maiores problemas da humanidade em geral é o imediatismo. Somos a geração fast food, tudo tem que ser muito rápido ou desistimos.

O problema é que quando o assunto é espiritualidade isso não se aplica. Por lá, mais é menos.

Como esperar que consigamos evolução espiritual num estalar de dedos se nossos próprios mentores espirituais em que nos espelhamos levaram milhares de anos para conseguir a evolução almejada?

Evolução espiritual significa trabalhar com afinco e não esmorecer nunca. É se lapidar sempre. É enfrentar as próprias dificuldades, dores e ir se lapidando aos poucos. Levando linimento a alma e abrigo ao coração, extirpando sem dó os próprios defeitos, lapidando a alma.

Dia após dia, um passo de cada vez, sempre.

No início, a grossa camada de erros seculares nos impede de ver qualquer avanço, vê-se muito esforço e pouco retorno.

Mas aos poucos, depois de retirada a grossa camada, começamos a perceber alguma luz. No início, parecemos um vaga-lume pirilampo, acende e apaga uma pequena luzinha interna.

Mas com perseverança, calma e um coração aberto seguimos adiante até que, um dia, nossa luz já passa a ser perceptível e a partir daí começamos a servir de instrumento ao Pai e a espiritualidade superior cumprindo seus desígnios.

É a partir dessa hora que começamos a ver os primeiros frutos amadurecerem, que começamos a descobrir de verdade que aquilo que costumávamos chamar de amor era na realidade um conceito equivocado de qualquer outra coisa menos amor.

E a vida vai seguindo, vamos evoluindo, tendo prazer em ajudar e trabalhar para a luz, para o Pai. E os que antes chamávamos de mentores da espiritualidade superior você passa a chamar de companheiros. E os vê com outros olhos, como pessoas com qualidades humanas, que acertam, mas erram também, que amam e gozam da vida como qualquer um.

É aí que você olha em volta e percebe um universo inteiro para você descobrir, para você amar e seguir subindo na escala evolutiva sempre. De coração aberto, sem preconceitos, misticismos ou qualquer conceito limitante, pois perante esse universo somos menores que um grão de areia. E num grão de areia não caberiam todas as belezas e diversidades do universo, muito menos todo o conhecimento.

P.Moryah.




























segunda-feira, 13 de setembro de 2010

PARA QUE HAJA HARMONIA ENTRE TRABALHADORES OS ESPÍRITAS TEM QUE PRIMEIRO, APRENDER A DISCUTIR

Foi dada a partida: uma nova discussão entre trabalhadores de um centro espirita  tem seu início com uma sentença acusativa. Quem escuta sente-se agredido e, na maioria das vezes, responde na mesma moeda. Esse infértil debate de "quem está fazendo o que a quem" gera apenas mais indignação e desconforto. Desta forma, o que parece uma conversa, na realidade, é apenas uma descarga emocional, quer dizer, uma sequência de monólogos carregados da frustração de emoções não digeridas.

Uma discussão pode se tornar uma boa conversa. Mas para tanto é preciso cultivar um interesse genuíno em melhorar nossos relacionamentos.

Quem quer só acusar não está interessado em ouvir. Sem escuta não há conversa. Então, para que discutir se não quer chegar a lugar nenhum?

Se a situação já está ruim, uma discussão baseada em acusações pode ainda piorá-la. A base de uma discussão saudável encontra-se na motivação com a qual ela deu início. Queremos discutir para mudar para melhor ou apenas para desabafar nossa indignação? Se a intenção for melhorar, podemos conversar, do contrário, é melhor parar: depois que ambos expuseram suas queixas, é preferível dar um tempo para sentir e refletir sobre o que foi dito.

Quando uma discussão está baseada apenas na indignação, torna-se uma avalanche de reações. Não há tempo para sentir a empatia necessária para gerar um novo entendimento. Não há espaço de escuta quando a prioridade é defender-se. Enquanto o outro fala agressivamente, aquele que escuta só tem tempo para elaborar sua defesa. Como ouvir o outro verdadeiramente se a concentração está voltada para atacá-lo de volta?

Por exemplo, quanto mais tentarmos coagir o outro a mudar, de acordo nosso ponto de vista e necessidades emocionais, mais frieza emocional e distância física desencadearemos entre ele e nós. Pois, ele, intuitivamente, irá se distanciar para poder encontrar clareza em seu posicionamento.

A armadilha da chantagem emocional tem suas consequências: os relacionamentos tornam-se artificiais na medida em que precisam seguir regras impostas por um dos parceiros.

Muitas vezes, exigimos do outro o que não foi acordado previamente. Ironicamente, quanto maior a entrega afetiva, maior são as exigências! Sem nos darmos conta, projetamos idealismos e expectativas exageradas nos relacionamentos à medida em que eles se tornam mais íntimos... Nem sempre ouvimos o que queremos ouvir!

Uma coisa é defender-se do outro, outra é buscar por solução. O caminho está em encontrar uma saída em vez de criar uma constante briga de forças, para ver quem tem mais razão.

Se quisermos discutir com a intenção de solucionar um conflito, teremos que rever nosso posicionamento, seja de dominador, seja de dominado (papel de vítima). Pois, ironicamente, o agressor agride porque se sente agredido e a vítima reage de forma agressora. Quando uma discussão está baseada na intenção de controlar o outro, ambos se sentem sufocados. Para superar um atrito é preciso deixar de lutar. Mas isso não quer dizer se deixar abater.

O que desejamos pode estar certo e ser válido, mas ainda assim, não podemos impor aos outros a nossa demanda. Podemos ter clareza sobre nossas necessidades emocionais, mas ao mesmo tempo, se nos colocarmos de modo exigente, impondo ao outro os cuidados sobre nossa vulnerabilidade, desencadearemos mal-estar e em nada ajudará a situação a mudar.

Revelar ao outro nossa vulnerabilidade é saudável; o que não funciona é transferir ao outro a responsabilidade de zelar por nosso bem-estar. Quando tentamos repassar os cuidados de nossa vulnerabilidade para outro, este gradualmente perde admiração por nós, pois, inevitavelmente, irá se sentir sobrecarregado ao ter que gerir todas nossas frustrações e incapacidades, mesmo que temporariamente.

Se quisermos ter relacionamentos saudáveis teremos que abandonar a atitude de autopiedade. Ficar no papel de vítima é uma armadilha perigosa, pois nos tornamos facilmente reféns da disponibilidade afetiva do dominador. Transferimos a ele as condições que irão nos gerar tanto tensão como alívio. É sempre a velha história baseada na co-dependência, isto é, quando saberemos o que vamos sentir conforme o outro estiver sentindo. Se ele estiver afetivo e de bom humor "estaremos" felizes, caso contrário, teremos que aguardar por sua disponibilidade...

É claro que estar ao lado de uma pessoa mal-humorada gera desconforto. Mas, mesmo assim ainda podemos preservar nosso equilíbrio interno. Nestes momentos, é importante saber gerar um distanciamento saudável. Tal como fazemos ao nos aproximar do fogo: intuitivamente sabemos a distância correta para gerar calor e conforto e quando o seu excesso pode nos queimar!

Toda discussão tem um ponto de partida, mas raramente ele é a causa desencadeadora do conflito. Enquanto não abrirmos o jogo do porquê realmente estamos incomodados, o outro irá se sentir (mesmo que inconscientemente) manipulado. Sem saber o porquê original de toda discussão, ele reagirá contraindo-se, perdendo sua espontaneidade.

 "O melhor jeito de terminar com esse tipo de contenda de poder é convidar o parceiro a sair das luzes do palco e vir conosco para os bastidores. Quando duas pessoas permitem uma à outra o acesso ao que se passa nos bastidores, elas começam a elaborar um laço mais profundo e solidário. E é isto que as ajudará a porem fim aos socos entre seus egos". (Alquimia do Amor, Ed. Ediouro). Nestes momentos de abertura é importante não tentar consertar ou melhorar nada. Não é preciso concordar nem discutir. Apenas admitir as dificuldades.

Estranhamente, o mesmo ocorre interiormente: nos momentos de maior tensão emocional costumamos nos distanciar de nós mesmos. Ao invés de sentirmos nossas emoções, costumamos rejeitá-las. Como isso ocorre? Quando nos tornamos reativos às nossas próprias emoções. Ainda que desconfortáveis, podemos olhar nos bastidores de nossa dor emocional. Revelar para nós mesmos o que se passa por trás de nossa indignação. Há um momento em que temos que parar de tentar nos consertar, pois quanto mais implicamos conosco mesmos, mais solidez iremos gerar em nossos conflitos.

É preciso superar o hábito de separar-se de si mesmo. Isto ocorre quando vemos nossa falta interna como uma falha ao invés de reconhecê-la como mais uma etapa de percepção natural do caminho do autoconhecimento. Aqui há uma briga interna entre o que sentimos e não queremos sentir. É preciso deixar de sermos reativos a nós mesmos para superarmos uma angústia emocional.

A emoção não é uma experiência estática. O que parece nos desequilibrar num certo momento, pode ter um efeito menos dramático em outro. A clareza de que podemos perceber uma mesma emoção de formas diferentes nos ajuda a não antecipar nossas avaliações. Quanto mais reagimos aos nossos pensamentos, mais sólido eles se tornam.

A questão é que aprendemos mais o pensar do que o sentir. Nos tornamos inseguros para lidar com nossas próprias emoções porque desenvolvemos um conhecimento intelectual que não é capaz de tocar nossa experiência interna. Por isso, diante de uma discussão nem tudo o que dizemos ou escutamos é capaz de surtir o efeito almejado. Mas não devemos desistir. Pois só interagindo é que aprendemos a arte de nos comunicar.

É saudável aprender a lutar. Se nos tornarmos passivos diante de um ataque agressivo nos tornaremos cada vez mais fracos e vulneráveis à agressão alheia.  é o que ocorre com o  câncer por exemplo: "a defesa do corpo não identifica as células cancerígenas como estranhas ou perigosas e por isso as deixa à vontade..." É saudável nos defender!

Para concluir, podemos guardar um alerta dado por um espírito amigo: "Onde recusamos a enfrentar um problema, ele nos será ensinado contra a nossa vontade". A coragem em lidar com os confrontos e defender nossos projetos, princípios e valores desperta o instinto de força e vida.

P.Moryah.

sábado, 11 de setembro de 2010

OS DESERTORES DA CASA ESPIRITA


De vez em quando encontramos um irmão hesitante entre não continuar ou prosseguir na Doutrina Espírita. Ou ainda aqueles que, não encontrando o que estavam buscando, "desertam" em busca de ilusões materialistas onde possam satisfazer suas vontades, não importando o que Jesus deixou como herança para a Humanidade, ou seja, uma "Formula de Bem Viver", inserida no Novo Testamento e em o "Evangelho Segundo o Espiritismo". Este último, esclarecendo com nitidez as palavras do Messias não dando azo a interpretações dúbias.

Muitos desses irmãos adentram um Centro Espírita pela dor. Aconselhados por espíritas ou outras pessoas que foram beneficiadas pelos fenômenos mediúnicos ou pela momentânea fé que se fez presente por alguns momentos tendo como resultado, uma cura de curta duração quando o mal é de origem espiritual. Digo curta, pois, geralmente, as pessoas não buscam se reformar intimamente e, certamente, terão suas mazelas de volta em pouco tempo. Se houver persistência na luta contra os vícios morais e materiais que todos nós carregamos, teremos uma qualidade de vida material e espiritual bem melhor até o desencarne e após ele.

No Capítulo XXIV do "Evangelho Segundo o Espiritismo", CORAGEM E FÉ, item 15, há uma frase que se destaca no texto: "aqueles que tiverem medo de se confessarem discípulos da verdade, não são dignos de serem admitidos no reino da verdade¹".

O sincretismo religioso ainda é bastante visível nos centros espíritas espalhados pelo Brasil. Influenciados que foram durante séculos por dogmas criados pela Igreja Cristã e a seguir Católica, as pessoas acomodadas em apenas ouvir, durante séculos sofreram lavagens cerebrais e, agora, apenas após 150 anos de Codificação do Espiritismo, essa herança ainda persiste.

Assim, das inúmeras criaturas que buscam as Searas Espíritas, poucos aceitam os ensinamentos com fervor e ali vão apenas à busca de lenitivo. Outras, em menor número, aceitam com AMOR os ensinamentos cristãos sem as deturpações ou congruências que foram efetuadas na doutrina por interesses pessoais.

Infelizmente, conheci vários irmãos que labutavam no Espiritismo, no intuito de apenas servir. Mas a coragem e entusiasmo dos primeiros momentos se arrefeceram ao verificarem que a continuidade voluntária na seara exigia uma reforma íntima que estavam longe de cumprir. Assim, preferiram enveredar ou continuar pela Porta Larga onde os prazeres da carne poderiam ser atendidos "sem culpa".

O Espiritismo, ao contrário das outras religiões, nada proíbe; apenas esclarece e alerta para as conseqüências dos defeitos (ou males) morais e materiais se estes não forem extirpados ao longo de muitas encarnações.

Naturalmente, o "candidato a espírita" ao tomar conhecimento que os vícios materiais - álcool, fumo, luxúria etc. e os vícios morais: o ódio, o rancor, o orgulho, o ciúme e assim por diante e, principalmente que "Fora da Caridade não há Salvação" e "Fé inabalável só o é a que pode encarar frente a frente à razão, em todas as épocas da Humanidade" (Allan Kardec); e que deverá espontaneamente praticar a uma REFORMA ÍNTIMA, como disse no início deste artigo, "desertam", pois acha não ter forças de abandonar ou pelo menos atenuar, os prazeres quão a vida oferece através da "Porta Larga". Assim, como o avestruz, coloca a cabeça em um buraco para não ver o que se passa a sua volta, pensando assim escapar de seus inimigos ou da realidade, ou seja, DA VERDADE.

Esses "desertores" não conseguem ver o que a vida lhes se apresenta. E, assim, como "auto-hipnotizados" tentam acreditar que minutos antes de morrer(desencarnar) basta se arrepender para ter perdoado seus pecados e, assim, ganhar o reino dos céus.

Triste ilusão. A estatística mostra que uma grande porcentagem de católicos no Brasil acredita na reencarnação. Isso se dá em razão do Espiritismo e de religiões outras de origem orientais e afro-brasileiras; apesar de não cultuarem a doutrina de Jesus (nem todas) acreditam e se baseiam na vida após a morte e a volta do espírito para resgate de seus erros do pretérito.

Além disso, foram muitos os pioneiros do Espiritismo que influenciaram Regiões inteiras do Brasil, apesar da população mesclar o Espiritismo com o Catolicismo, Umbanda, Candomblé etc., daí o sincretismo. Mesmo assim, com a fotografia de Eurípedes Barsanulfo na parede (fato comum em cidades e vilas do Triângulo Mineiro) que chamam de "seu Euripes" e Francisco Cândido Xavier começar a ocupar as paredes de muitos "devotos", a população de uma maneira geral, salvo exceções, freqüentam o Centro local e a Igreja. Continuam a batizar seus filhos, ir a missas e casar como manda a tradição. Tudo isso se deve a falta de estudo e de uma educação mais apurada.

É interessante se observar que as pessoas aceitam a reencarnação com naturalidade, pois instintivamente, observando a natureza e, ouvindo palestras de pessoas estudiosas que se dedicam a divulgar o Espiritismo, pouco a pouco vão se acomodando as lições da Codificação, mas insistem em manter tradições milenares.

Ainda mencionando o mesmo capítulo do Evangelho (XXIV), agora em seu item 16, destacamos a frase final: "Semeiam na Terra o que colherão na vida espiritual; lá, colherão os frutos de sua coragem ou de sua fraqueza²". Cabe aos dirigentes espíritas se conscientizarem de que não devem levar em "banho-maria" a falta de conhecimentos dos freqüentadores dos Centros, com medo de estes não mais voltem. Com essa atitude (muito comum) estarão atrasando o avanço da Doutrina.

O dirigente deve e tem o dever de se aprofundar nos estudos para repassar aos ouvintes o conhecimento que adquirir e não ter nenhum receio de tocar em assuntos "nevrálgicos" como os dogmas criados pela Igreja que levaram a tradições e cultos exteriores, práticas estas, que não existem na Doutrina Espírita.












sexta-feira, 10 de setembro de 2010

SERÁ MESMO TÃO DIFICIL A HARMONIA ENTRE TRABALHADORES DE UM CENTRO ESPIRITA?

Para que se faça parte de um todo, não é necessário que se negue as próprias características pessoais. É tão errado exigirmos submissão, quanto sermos submissos, pois o que se deseja é uma aproximação fraternal para a troca de idéias e estabelecimento de princípios comuns que possam dar unidade às nossas práticas.

Unidade que não deve ser confundida com uniformidade, ou seja, todos fazendo, falando, pensando, agindo da mesma maneira. A isso se opõe a própria evolução, que nos dá um mesmo ponto de partida, simples e ignorantes, mas nos faz desiguais pelas experiências distintas que elegemos ao longo das reencarnações.

Comece-se a sentir o problema do próximo, e a melhor maneira de senti-lo é colocar-se no seu lugar, fazendo por ele o que gostaria que lhe fosse feito.

(Transcrito do livro "O Centro Espírita" J. Herculano Pires capítulo VII)

Por menor que seja, o Centro dispõe sempre de mais de um setor de atividades. Deve-se fazer o possível para que em todos eles reine um ambiente fraterno, que é o mais poderoso antídoto dos desentendimentos.

Mas a franqueza também é elemento importante na boa solução dos problemas.

A verdade deve estar presente em todos os momentos das atividades espirituais, mas a verdade nunca pode ser agressiva, sob pena de produzir o contrário do que se deseja.

A disciplina de um Centro Espírita é principalmente moral e espiritual, abrangendo todos os seus aspectos, mas tendo por constante e invariável a orientação e a pureza de intenções. Os que mais contribuem para o Centro são os que trabalham, freqüentam, estudam e procuram seguir um roteiro de fidelidade à Codificação Kardeciana. Muito estardalhaço, propaganda, agitação só pode prejudicar as atividades básicas e essenciais do Centro, humanitárias e espirituais, portanto recatadas e silenciosas.

Por isso a disciplina do Centro não pode ser a dos homens, mas a dos anjos que servem ao Senhor tatalando no Céu as asas simbólicas da Esperança. Deixemos de lado a disciplina exigente, para podermos manter no Centro a disciplina do amor e da tolerância. Não lidamos com soldados e guerreiros, mas com doentes da alma. Nossa disciplina não deve ser exógena, imposta de fora pela violência, mas a do coração. Tem de ser a disciplina endógena, que nasce da consciência lentamente esclarecida aos chamados de Deus em nossa acústica da alma.

Transcrito do livro "O Centro Espírita" J. Herculano Pires capítulo III

Mas temos de vigiar a nossa tolerância, para não cairmos no charco da hipocrisia, no fingimento de uma bondade que não possuímos. A regra de comportamento espírita deve ser a de Jesus: "mansos como as pombas, prudentes como as serpentes". O Centro Espírita guarda em seu seio as colheitas da Verdade e precisa defendê-las, mantê-las pura e viva, para com elas saciar a fome do mundo. Jesus imolou-se por essa colheita de sua própria semeadura, mas enquanto foi necessário defender a seara manteve atitudes viris contra os pregoeiros da mentira e da ilusão. Se deixarmos o Centro abandonado à fúria dos fariseus, eles o destruirão sem nenhum escrúpulo, sob rajadas de calúnias e perfídias. O Centro Espírita é a pequena e humilde fortaleza da verdade na terra da mentira. Tem a obrigação de lutar para que a verdade prevaleça em toda a sua dignidade.

Transcrito do livro: "Diálogo com dirigentes e trabalhadores espíritas" Divaldo Pereira Franco 1.24

O Espiritismo é a nossa Escola, a nossa oficina, é nosso hospital, nosso santuário e também nosso lar. O lar da fraternidade universal, onde todos nos encontramos para demonstrar que é possível viver-se fraternalmente, sem estarmos a ferir-nos uns aos outros, e, quando isso acontecer, a tolerância virá em nosso socorro, a humanização virá para auxiliar-nos, a qualificação nos dirá que não temos mais o direito de permitir-nos erros, e a espiritização no alcançará à condição de verdadeiros espíritas, mínimas qualidades do Homem de Bem, precisamente definidas em O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Transcrito da publicação: "Novos rumos para o Centro Espírita" palestra realizada por Divaldo Pereira Franco na Casa de Oração Bezerra de Menezes em 08/05/98.

Encontramos muitos companheiros cansados desse serviço e, por conseguinte, nervosos, desequilibrados, irritados, queixosos... Estão dando coisas, mas não estão dando o essencial, que é a paz, porque estão sem ela.
A Doutrina nos dá a paz necessária para promovermos a paz. Deveremos trabalhar no Serviço Social, mas não faltemos com a caridade espiritual para nós mesmos, nem para aqueles que freqüentam as nossas casas. Em tudo, o equilíbrio como diz o próprio Codificador.