sexta-feira, 25 de junho de 2010

10 ERROS DA DOUTRINA ESPIRITA, SEGUNDO UM ADVENTISTA

P.Moryah.
O Sr. Azenilto Brito, aponta desafiadoramente 10 erros da Doutrina; evidentemente, entendemos sua posição de querer impor sua crença aos outros; entretanto, devia seguir o princípio básico da reforma: liberdade de interpretação. Vamos, portanto, analisá-los, sem qualquer pretensão de convencê-lo, já que a essa altura do campeonato nem mesmo o próprio Cristo o convenceria de alguma coisa.

1º. Erro da Doutrina Espírita Claramente Definido: Usar a Bíblia só segundo pareça conveniente, incoerentemente segmentando seu texto, usando e abusando de textos, sentenças e mesmo palavras isoladas, sem levar em conta O TEOR GLOBAL de seu ensino, mesmo desqualificando-a como um livro indigno de confiança, quando não pareça conveniente, encontrando "contradições gritantes" em seu texto, o que torna o seu emprego pelos próprios espíritas como injustificável, já que é um livro que não serve para defender doutrinas (a não ser as espíritas, em segmentos seletos).

"Interessante ver pessoas nos acusarem com tanta ênfase, naquilo em que se reprovam. Quando a Bíblia diz, por exemplo, que Samuel depois de morto falou com Saul, aí então ela não pode ser considerada. Na prática, só a consideram Palavra de Deus quando convém, pois sua autoridade é rejeitada nesse ponto, em nome de interesses dogmáticos, já enraizados, que se opõem a qualquer evidência de consciência e comunicabilidade entre os vivos e os mortos."

"O que os detratores do Espiritismo ainda não conseguiram entender é que somente pelo fato de usarem da Bíblia para nos atacar, é que a usamos para nos defender, mostrando a incoerência em que se encontram; não fizessem isso, não a usaríamos, por isso sempre os alertamos: “não faça da Bíblia uma arma, a vítima pode ser você”."

"A liderança religiosa de antanho, para se impor aos fiéis, usou e abusou da expressão “a palavra de Deus”, aplicando-a à Bíblia, pois foi um meio fácil de encabrestá-los a seus interesses, prática essa que se perpetua com as lideranças atuais, que vêem nisso uma ótima fonte de recursos para se regalarem com os seus lucros."

"Mas por que falamos que não seguimos a Bíblia? Porque, para segui-la, teríamos que abraçar os ensinamentos de Moisés, quando a nossa opção, inarredável, é seguir a Jesus. Isso porque, a bem da verdade, com Jesus, os ensinamentos mosaicos foram revogados, pois foi ele próprio quem disse: “A lei e os profetas vigoraram até João; desde então é anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo homem forceja por entrar nele”. (Lc 16,16), ou seja, a Lei e os Profetas, reportando-se ao Antigo Testamento, vigorou, isto é, prevaleceu até João, pois, depois do Batista, o que vigora é o Evangelho trazido por Jesus. Vejamos outras passagens que confirmam isso:"

"Rm 7,4-6: Meus irmãos, o mesmo acontece com vocês: pelo corpo de Cristo, vocês morreram para a Lei, a fim de pertencerem a outro, que ressuscitou dos mortos, e assim produzirem frutos para Deus. De fato, quando vivíamos submetidos a instintos egoístas, as paixões pecaminosas serviam-se da Lei para agir em nossos membros, a fim de que produzíssemos frutos para a morte. Mas agora, morrendo para aquilo que nos aprisionava, fomos libertos da Lei, a fim de servirmos sob o regime novo do Espírito, e não mais sob o velho regime da letra."

"2Cor 3,6-14: Foi ele que nos tornou capazes de sermos ministros de uma aliança nova, não aliança da letra, mas do Espírito; pois a letra mata, e o Espírito é que dá a vida. O ministério da morte, gravado com letras sobre a pedra, ficou tão marcado pela glória, que os israelitas não podiam fixar os olhos no rosto de Moisés, por causa do fulgor que nele havia - fulgor, aliás, passageiro. Quanto mais glorioso não será o ministério do Espírito! Na verdade, se o ministério da condenação foi glorioso, muito mais glorioso será o ministério da justiça. Mesmo a glória que aí se verificou, já não pode ser considerada glória, em comparação com a glória atual, que lhe é muito superior. De fato, se foi marcado pela glória o que é passageiro, com maior razão há de ser glorioso o que é permanente. Fortalecidos por tal esperança, estamos plenamente confiantes: nós não fazemos como Moisés que colocava um véu sobre a face para que os filhos de Israel não percebessem o fim daquilo que era passageiro... No entanto, os espíritos deles se tornaram obscurecidos. Sim, até hoje, quando eles lêem o Antigo Testamento, esse mesmo véu permanece; não é retirado, porque é em Cristo que ele desaparece".

"Gl 2,21: Portanto, não torno inútil a graça de Deus, porque, se a justiça vem através da Lei, então Cristo morreu em vão."

"Gl 3,23-24: Antes que chegasse a fé, a Lei tomava conta de nós, à espera da fé que devia ser revelada. A Lei, portanto, é para nós como um pedagogo que nos conduziu a Cristo, para que nos tornássemos justos mediante a fé."

"Hb 7,18-19: Assim, fica abolida a lei anterior, por ser fraca e inútil; de fato, a Lei não levou nada à perfeição. Por outro lado, introduziu-se uma esperança melhor, graças à qual nos aproximamos de Deus."

"Hb 8,6-8.13: Jesus, porém, foi encarregado para um serviço sacerdotal superior, pois é mediador de uma aliança melhor, que promete melhores benefícios. De fato, se a primeira aliança não tivesse defeito, nem haveria lugar para segunda aliança. Mas Deus, queixando-se contra o seu povo, diz: "Eis que virão dias, fala o Senhor, nos quais concluirei uma aliança nova com a casa de Israel e com a casa de Judá. Dizendo "aliança nova", Deus declara que a primeira ficou antiquada; e aquilo que se torna antigo e envelhece, vai desaparecer logo."

"Está aí a prova do que dissemos; entretanto, o nosso desafiador segue a Moisés, não a Cristo, que, aliás, nunca se preocupou com a religião que os outros seguiam, para impor sua maneira de pensar."

"Podemos dividir os crentes na Bíblia em duas classes. A primeira é a dos líderes que fazem de tudo para manter seu status de poder ou sua fonte de renda, e, por isso, distorcem os textos às suas conveniências. A segunda são os fiéis, aqueles que, morrendo de medo de questionar seus líderes, se lhes submetem incondicionalmente, não enxergando o que de Jesus já alertara: São cegos guiando cegos!"

"Esses líderes ficam indignados conosco, porquanto, “examinamos tudo e retemos o que é bom” (1Ts 5,21) e, com isso, mesmo, sem ser o nosso objetivo, tornamo-nos um obstáculo à suas pretensões, já que jamais abriremos mão do direito de questionar, seja lá o que for, mas, principalmente, o que eles dizem, colocando, assim, em evidência que seguem a seus próprios interesses, não a Jesus."


2º. Erro da Doutrina Espírita Claramente Definido: Ter uma visão distorcida da Divindade, negando que tenhamos um "Deus pessoal" e deixando de entender que Deus é não só AMOR, como JUSTIÇA. Esse tipo de Deus "Saci Pererê" do espiritismo (que se apóia só sobre uma "perna"--do amor), com a imagem do Deus bíblico condenada por espíritas como injusto por causa de relatos do Velho Testamento que não conseguem entender à luz de sua contextuação cultural, histórica, e dentro do TEOR GLOBAL do ensino bíblico, impede-os de realmente entender que na cruz houve o encontro de AMOR e JUSTIÇA (Salmo 85:10).

"Essa de “o Espírita tem visão distorcida da divindade” é de morrer de rir. Pela visão da Doutrina Espírita Deus é Deus, não de um bando de fanáticos, mas de todos os seres humanos, já que, quer gostem ou não, somos todos seus filhos. E justiça é dar a todos tudo o que se dá a qualquer um, sem estabelecer privilégio de espécie alguma; aliás, uma frase de Jesus deixa isso bem claro: “... porque ele faz o sol nascer sobre maus e bons, e a chuva cair sobre justos e injustos” (Mt 5,45)."

"Somente pela visão Espírita poder-se-á conciliar o amor de Deus e Sua justiça com tantas desigualdades que existem ao nosso redor. Mas se a nossa vida for única, como acredita a maioria dos cristãos, não haverá explicação alguma para essas aparentes distorções, dentro, obviamente, de um senso mínimo e aceitável de justiça."

"Por outro lado, se o destino de alguns for o inferno, ou quem sabe a segunda morte, como outros crêem, somente porque freqüentam determinada Igreja ou seguem determinadas regras, for compatível com justiça, preferimos continuar acreditando num Deus “saci-pererê”, mas que não aplica penas eternas e nem destrói sua própria criação."

"Dos ensinamentos de Jesus concluímos que nada atingirá a Deus; até poderemos dizer que Ele é “inofendível”, já que, para Deus, mil anos são como se fossem um dia (Sl 90,4); portanto não há pena eterna por aquilo que fazemos, uma vez que Ele é infinitamente misericordioso e compassivo; por isso, não repreende perpetuamente, pois não conservando sua ira para sempre (Sl 103,8-10); até mesmo por que a maldade do homem só afeta outro homem (Jó 3,58); bem contrário ao que se prega por aí. Mas, se não fizerem assim, como manter sob domínio seus fiéis? Como extorquir-lhes o dízimo? Ou como mantê-los encabrestados?"

"Querendo abrandar os absurdos bíblicos atribuídos a Deus, justifica-se dizendo da contextualização histórica; mas sendo Deus o senhor dos tempos e imutável por natureza, nada do que fazia antes poderá ser mudado. Assim, por coerência, não atribuímos esses absurdos como provindo da divindade, absurdos que amesquinham Deus fazendo a Bíblia perder a couraça de infalível, nós, ao contrário, preferimos atribuí-los aos homens que a escreveram, colocando nela seus próprios pensamentos, uma vez que foram eles que criaram um Deus a sua imagem e semelhança e não o contrário."


3º. Erro da Doutrina Espírita Claramente Definido: A noção de que Cristo veio trazer uma nova e revolucionária legislação, eliminando os 10 Mandamentos como normativos aos cristãos e trocando-os pela "lei áurea" de "amor a Deus" e "amor ao próximo", quando em tal "lei áurea" Ele apenas repete o que Moisés já havia dito em Lev. 19:18 e Deu. 6:5, sintetizando a lei divina. Sempre, em todos os tempos, a lei de Deus teve como princípio subjacente o amor--a Deus e aos semelhantes, pelo que Cristo não apresentou nenhuma "novidade cristã" como pensam os espíritas e outros mais.

"E ainda tem o descaramento de acusar a nós Espíritas de distorcer os textos bíblicos; haja paciência! Mas não adianta esconder a verdade, pois Jesus, por várias vezes, disse em alto e bom som “aprendestes o que foi dito” (Mt 5,21.27.31.38.43), o que não tem outro significado senão o de “aprendestes com Moisés”. Em algumas de suas recomendações percebe-se que muda radicalmente o que constava na legislação mosaica, como a questão do adultério, a do olho por olho e sobre o divórcio (Dt 19,21; 20,14; 24,1), sem contar aquela em que recomenda amar até os inimigos quando a Lei, ou seja, Moisés, permitia odiá-los (Lv 19,18"

Vejamos essa passagem:

"Mt 22,34-40: Os fariseus ouviram dizer que Jesus tinha feito os saduceus se calarem. Então eles se reuniram em grupo, e um deles perguntou a Jesus para o tentar: "Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?" Jesus respondeu: "Ame ao Senhor seu Deus com todo o seu coração, com toda a sua alma, e com todo o seu entendimento. Esse é o maior e o primeiro mandamento. O segundo é semelhante a esse: Ame ao seu próximo como a si mesmo. Toda a Lei e os Profetas dependem desses dois mandamentos."

"Assim, quem disse que a Lei e os Profetas se resumem no “amar a Deus” e no “amor ao próximo” não foi outra pessoa que não o próprio Mestre Jesus. Não bastasse isso, até Paulo, o “mestre” a quem segue, também afirmou que: “De fato, os mandamentos: não cometa adultério, não mate, não roube, não cobice, e todos os outros se resumem nesta sentença: 'Ame o seu próximo como a si mesmo'”. (Rm 13,9; Gl 5,14). Entretanto, como um bom fundamentalista, para justificar seus próprios dogmas, contradiz essa verdade; mas como não passa de “cego guiando cegos”... é perfeitamente aceitável isso. Aliás, há um pensamento formidável de Paulo que muito bem lhe aplica: “Fiquem longe deles, porque não servem a Cristo nosso Senhor, mas ao próprio estômago; com palavras doces e bajuladores, eles enganam o coração das pessoas simples” (Rm 16,18)."

"Quando dos comentários do 1º item nós apresentamos várias passagens que corroboram aquilo que acreditamos, e não aceito pelo autor que ora argumentamos, mas ainda poderíamos acrescentar mais essa: “Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa o pano, e o rasgo fica maior ainda. Também não se põe vinho novo em barris velhos, senão os barris se arrebentam, o vinho se derrama e os barris se perdem. Mas vinho novo se põe em barris novos e assim os dois se conservam.” (Mt 9,16-17). Nessa passagem o Antigo Testamento, é simbolicamente retratado na roupa velha e no odre velho, enquanto que o Novo Testamento o é no pano novo e odre novo; só cego não enxerga isso. Ah! sim,... cego guiando cegos..".

"Cristo não apresentou nenhuma novidade cristã? Ele é a própria novidade cristã, apesar dos que ainda insistem em seguir a Moisés. Embora tenha citado isso por várias vezes, vale a pena repetir, para provar a incoerência dos bibliólatras de plantão. Que nos provem que os homens de suas igrejas obrigatoriamente apresentam atestado médico de que estão com todas “as coisas” no lugar; caso não o exijam, então nos digam se fazem um exame “in loco” para ver se eles estão “tinindo”... Não é nenhuma apelação; veja: “Aquele a quem forem trilhados os testículos, ou cortado o membro viril, não entrará na assembléia do Senhor”. (Dt 23,2). Deveriam seguir esse absurdo, se ele não foi revogado por Jesus, conforme acreditamos. Se não acreditam que foi revogado, então estão desobedecendo a palavra de Deus, mais uma vez."

4º. Erro da Doutrina Espírita Claramente Definido: A negação do castigo final dos pecadores, e da própria existência de Satanás e demônios a seu serviço, o que torna a Jesus um mentiroso, pois Ele deu testemunho claro da existência de tal ser ao dizer: "Eu via Satanás, como raio, cair do céu" (Luc. 10:18). A negação do castigo final é fruto da tese de salvação universal, uma noção que não inspira ninguém a crescer espiritualmente, já que sempre se pode deixar para depois o devido preparo e progresso ético, moral, espiritual, já que no final todos terão o mesmo destino, mais cedo ou mais tarde. Jesus não disse para ninguém ser cristão "mais ou menos" e sim desafiou a todos: "Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus" (Mat. 5:48).

"Demorou a apresentar um dos “fortes” argumentos para a prática do terrorismo religioso, empregado a mãos-cheias pelos líderes a fim de dominar seus fiéis. Sobre isso, leia o nosso texto Satanás, ser ou não ser eis a questão, onde falamos desse assunto."
"O que questionamos é: tudo quanto se tem no Evangelho deve ser tomado ao pé da letra? Seria interessante que buscássemos algum trecho bíblico para ver isso. Vejamos, então, Zacarias em sua quarta visão:"

"Depois Javé me fez ver Josué, o chefe dos sacerdotes, parado na frente do anjo de Javé. E Satanás estava em pé, à direita de Josué, para acusá-lo. E o anjo falou a Satanás: "Que Javé segure você, Satanás, que Javé o segure, pois ele escolheu Jerusalém. Esse aí não é, por acaso, um tição tirado do fogo?" Josué estava vestido com roupas sujas e parado na frente do anjo. (Zc 3,1-3)"

"Ora, percebe-se claramente que satanás não é um ser dedicado ao mal, mas um que exerce a função de acusar as pessoas perante o tribunal divino, seria uma espécie de promotor. Na passagem em que Jesus chama Pedro de satanás, não o estava dizendo um ser diabólico, mas alguém que estava, no momento, querendo desviá-lo de sua missão; por isso o acusa de pedra de tropeço."

"Mas se quer tomar tudo ao pé da letra, então vamos seguir a narrativa: “Vejam: eu dei a vocês o poder de pisar em cima de cobras e escorpiões e sobre toda a força do inimigo, e nada poderá fazer mal a vocês." (Lc 10,19). Então, poderia se submeter a um teste pisando em cobras e escorpiões para ver se nada lhe atinge como está dito aqui? Segundo Marcos (16,17), esses são os sinais que acompanharão aqueles que acreditarem."

"Quanto ao “castigo”, bem entre aspas, nós não o negamos, pois a regra é: “a cada um segundo suas obras” (Mt 16,27); só que isso acontecerá todas as vezes que voltarmos ao mundo espiritual; o do final dos tempos, entendemos, aquele julgamento em que todos os espíritos serão julgados para separar o joio do trigo, na época em que Jesus determinar que os maus devam ser afastados do planeta para mundos inferiores, onde “haverá prantos e ranger de dentes” (Mt 8,12), pois os “mansos irão possuir a Terra” (Mt 5,5). A grande diferença entre o “castigo” em que acreditamos e o em que os adventistas acreditam é que, pelo nosso entendimento, se paga até o último ceitil (Mt 5,26), e uma vez pago estaremos livres da dívida, de forma tal que nenhuma das ovelhas se perderá (Mt 18,14), ao contrário do pensamento adventista em que não há possibilidade alguma de remissão do erro. Entendemos por “castigo” apenas o resultado decorrente do funcionamento da lei de causa e efeito, pela qual respondemos, na própria pele, pelo mal praticado contra o próximo; quer dizer, ele é fruto de nossas próprias ações."

"Mentiroso se tornará Jesus se não acreditarmos que poderemos ser perfeitos. O que acontece à nossa volta, em nosso dia-a-dia, deixa isso como praticamente impossível; daí outras vidas serem necessárias para que possamos atingir essa meta. Evolução constante e infinita, até podermos estar junto ao Pai, está é a regra. Certamente, isso, ainda, não desperta os valores morais nas criaturas, devido a seu atraso espiritual; entretanto, o fogo do inferno também não fez grandes coisas, apesar de ter sido pregado nas igrejas por mais dois mil anos. Aliás, pena inócua para muitos, já que, pelo simples fato de acreditarem em Jesus, ou pelo fato dele ter morrido na cruz, acham que isso lhes garante um lugar no reino dos céus, o que contraria e torna inúteis os ensinamentos do Mestre."

5º. Erro da Doutrina Espírita Claramente Definido: A idéia de salvação dever-se às obras humanas, uma impossibilidade que contraria o TEOR GLOBAL do seu ensino, sobretudo diante da exposição clara, didática, insofismável de Paulo [o "codificador dos evangelhos"] quanto ao papel da graça de Deus como única fonte de salvação, sendo as obras mera demonstração da genuinidade da fé salvadora. Qualquer noção de que obras humanas, imperfeitas como sempre serão, "contem pontos" para a salvação é uma afronta ao Senhor e Salvador Jesus Cristo. É o mesmo que dizer-Lhe que o Seu supremo sacrifício expiatório foi incompleto, daí precisamos acrescentar algo de nossa própria experiência à experiência Dele, num impossível paralelo do humano e imperfeito com o divino e absolutamente perfeito.




Diz-nos ainda o teólogo Holger Kersten:



" A insistência na interpretação literal da Bíblia e na cega observância dos dogmas propiciou o declínio do cristianismo eclesiástico, mesmo entre aqueles que não tinham uma postura frontalmente anti-religiosa ou anticristã."

Realmente, o que chamamos hoje de cristianismo tem pouco a ver com os preceitos de Jesus e as idéias que ele desejava difundir.  O teólogo protestante Manfred Mezger cita, a respeito, Emil Brunner: "Para Emil Brunner a Igreja é um grande mal-entendido. De um testemunho construiu-se uma doutrina; da livre comunhão, um corpo jurídico; da livre associação, uma máquina hierárquica. Pode-se afirmar que, em cada um dos seus elementos e na sua totalidade, tornou-se, exatamente, o oposto do que se esperava". Por isso é válido questionar as bases que alicerçam a legitimidade das instituições vigentes. Uma pessoa que freqüenta uma igreja cristã não pode deixar de assumir uma postura crítica frente à proliferação de obscuros artigos de fé, e dos deveres e obrigações que a envolvem. Sem termos tido outros conhecimentos, e por termos crescido sob a única e exclusiva influência do estabelecido, somos levados a acreditar que, por subsistirem há tanto tempo, devem, necessariamente, ser verdade."

"Hoje já não ouvimos diretamente a voz de Jesus em sua forma natural. Ela é mediada por especialistas privilegiados e pela arbitrariedade de um corpo profissional. Jesus foi gerenciado, mercadejado, codificado e virou livro. Onde a fé viva e verdadeira foi substituída por crenças mesquinhas e intolerantes, baseadas num racionalismo clerical, os mandamentos de Jesus, de tolerância e amor ao próximo, desapareceram, assomando, em seu lugar, o dogmatismo e o fanatismo. A luta pela supremacia de uma "fé verdadeira" exclusiva deixou um rasto de revezes, violência e sangue no caminho percorrido pelas igrejas. Luta sem tréguas, desde o tempo dos apóstolos até nossos dias, e que ainda constitui o maior empecilho à reconciliação entre os vários credos cristãos". (KERSTEN, H. Jesus viveu na Índia, São Paulo: Best Seller, 1988, pp. 12-13). (grifo nosso)."

"E sobre especificamente a salvação recomendamos o nosso texto “O que efetivamente nos salva?”, já que não cabe aqui desenvolver novamente esse tema."


6º. Erro da Doutrina Espírita Claramente Definido: A noção típica de todos os povos pagãos, do presente e do passado, de que o homem é um ser dualístico, formado por um corpo material e uma alma imortal, que prossegue viva e consciente na morte, quando o ensino bíblico é de que Deus criou o homem para viver com um ser físico, num paraíso físico, e que por conseqüência do pecado passou a experimentar a morte. A única forma de restaurar a vida é pela RESSURREIÇÃO DOS MORTOS, que representa a vitória sobre a morte e a sepultura, como diz Paulo em 1 Cor. 15:54, 55. Entre a morte e a ressurreição nada existe, pois os que morrem, como no sono, nada sabem do que se passa, não têm conhecimento de coisa alguma e adentram o mundo do silêncio (Ecl. 9:5, 6, 10; Sal. 6:5).


"Aqui é que percebemos que os adventistas continuam com a crença de alguns judeus, que, outrora, não concebiam vida do espírito separado da carne (Bíblia de Jerusalém, p. 798). Aliás, pelo valor que dão ao Antigo Testamento, embora não aceitem o que é dito em 1 Samuel 28, parecem mais judeus que qualquer outra coisa, pois nem mesmo de cristãos poderemos lhes chamar, senão estaremos contrariando sua doutrina apoiada em Paulo."

Vamos analisar algumas passagens bíblicas para elucidar essa questão.

"Gn 5,1-3: ... Quando Deus criou Adão, ele o fez à semelhança de Deus. Homem e mulher ele os criou, os abençoou e lhes deu o nome de "Homem", no mesmo dia em que foram criados. Quando Adão completou cento e trinta anos, gerou um filho à sua semelhança e imagem, e lhe deu o nome de Set".

"Interessante a relação entre a criação divina e a do homem, ambos criaram seres à sua semelhança. Quanto ao homem não há dúvida que somos a imagem e semelhança uns dos outros; muda-se, algumas vezes, a cor da embalagem. Entretanto, quanto a Deus, qual seria a nossa semelhança para com ele? Física? Certamente não seria, porquanto “Deus é Espírito” (Jo 4,24) e sabemos que também Ele é “Deus dos espíritos de todos os seres vivos” (Nm 16,22; 27,16) e, ainda, que “Deus é Pai dos Espíritos” (Hb 12,9). Disso não há outra conclusão, senão a de que a nossa semelhança para com Deus é de a sermos igualmente espíritos."

"É certo que o povo hebreu não tinha mesmo, no princípio, uma noção da vida após a morte, o que foi aos poucos se desenvolvendo em sua crença. Para se ter uma idéia, podemos citar os Dez Mandamentos, cuja recompensa ou pena para quem, respectivamente, os seguissem ou não, eram todas elas para situações do dia-a-dia; nenhuma coisa se pensava para a vida após a morte. Isso só ficará mais claro no futuro, quando da evolução do seu pensamento religioso."

"Zc 12,1: Oráculo. Palavra de Javé a respeito de Israel - oráculo de Javé, que estende o céu, firma as bases da terra e forma o espírito dentro do homem:"

"Nessa passagem de Zacarias está dito, de maneira irrefutável, que Deus forma o espírito dentro do homem; então, qual é a dúvida? Isso inclusive, já é a evolução do pensamento sobre a realidade dualística do homem."

"Ml 2,14-15: E vocês ainda perguntam: "Por que isso?" Porque Javé é testemunha entre você e a mulher de sua juventude, à qual você foi infiel, embora ela fosse a sua companheira, a esposa unida a você por uma aliança. Por acaso, Deus não fez dos dois um único ser, dotado de carne e espírito? ."

"Embora esteja se falando do casamento o que se diz, ao final, é realmente desconcertante para os que dizem que não acreditam que no homem há também um espírito."

"Mc 14,38. Vigiem e rezem, para não cair na tentação! Porque o espírito está pronto para resistir, mas a carne é fraca."

"Espírito e carne palavras que confirmam o ser dualístico que somos; portanto, isso é conceito bíblico.
"
"Lc 8,40-42.49-56: “Quando Jesus voltou, a multidão o recebeu; porque todos o estavam esperando. E eis que veio um homem chamado Jairo, que era chefe da sinagoga; e prostrando-se aos pés de Jesus, rogava-lhe que fosse a sua casa; porque tinha uma filha única, de cerca de doze anos, que estava à morte... veio alguém da casa do chefe da sinagoga dizendo: A tua filha já está morta;... Jesus ... tendo chegado à casa, a ninguém deixou entrar com ele, senão a Pedro, João, Tiago, e o pai e a mãe da menina... tomando-lhe a mão, exclamou: Menina, levanta-te. E o seu espírito voltou, e ela se levantou imediatamente; e Jesus mandou que lhe desse de comer...”
"
"Será que aqui somente somos nós quem enxerga a questão do espírito? Acreditamos que sim, pois não estamos presos aos absurdos dogmas criados pela liderança religiosa, a fim de se manter no poder ou para arrancar dinheiro dos fiéis. “O seu espírito voltou” a narrativa é de uma clareza estonteante, para os que negam o dualismo do ser humano."

"At 7,59-60: Atiravam pedras em Estevão, que repetia esta invocação: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito." Depois dobrou os joelhos e gritou forte: "Senhor, não os condenes por este pecado." E, ao dizer isso, adormeceu."

Mais uma passagem em que fica clara a questão de termos espírito.

"1Cor 2,11: Quem conhece a fundo a vida íntima do homem é o espírito do homem que está dentro dele.".

"Qual a dúvida? Ainda resta alternativa de interpretar ao gosto do freguês, mas isso não muda os fatos."

"Tg 2,26: De fato, do mesmo modo que o corpo sem o espírito é cadáver, assim também a fé: sem obras ela é cadáver."

"Precisava ser mais claro que isso? Deixemos os bibliólatras negarem essa realidade, já que, com isso, acham que estão justificando os seus dogmas."

"Considerando todas essas passagens, podemos dizer que também entre os judeus a idéia dualística do ser humano foi se tornando uma realidade."

"Para quem acredita em vida após a morte, há uma outra coisa que está intimamente ligada a isso que é a preexistência. Teríamos alguma passagem bíblica que nos leve a ela? Vejamos:"
"Sl 51,7: Eis que eu nasci na culpa, e minha mãe já me concebeu pecador."

"Para alguém nascer pecador há que ter havido uma existência anterior para que isso pudesse ocorrer. E querer nos atribuir algum pecado pelo que fizerem Adão e Eva, é contrariar: “O filho nunca será responsável pelo pecado do pai...” (Ez 18,20; Dt 24,16)."

"Jr 1,4-5: Recebi a palavra de Javé que me dizia: “Antes de formar você no ventre de sua mãe, eu o conheci; antes que fosse dado à luz eu o consagrei, para fazer de você um profeta das nações”."

"Se Deus conhecia Jeremias antes de formá-lo no ventre da mãe, é porque ele já existia como espírito antes de seu corpo ser formado. Certamente que, para que Deus depositasse confiança nele, há que ter tido oportunidade de demonstrar que era alguém de confiança; isso obviamente ocorreu numa vida anterior."
"Sb 8,19: Eu era um jovem de boas qualidades e tive a sorte de ter uma boa alma, ou melhor, sendo bom, vim a um corpo sem mancha.'

"É tão evidente nessa passagem, não precisamos de outra. Inclusive, nela se diz também da lei do carma. Pena que os adventistas não possuam esse livro em sua Bíblia; mas o tomamos pelo seu valor histórico."

"Um outro ponto que nos leva a aceitar a questão da sobrevivência do espírito é a tão propalada proibição de evocar os mortos, já que é inconcebível que alguém vá proibir algo que não acontece; assim, a própria proibição, na qual tanto se apega, é a prova bíblica de que os mortos se comunicam. E mais: como admite que tal ordem é de origem divina, por coerência, há obrigação moral de se ter que aceitar que os mortos se comunicam com os vivos."
Por outro lado, não bastasse isso, ainda temos casos bíblicos em que os mortos se comunicaram, embora se faça uma tremenda ginástica verbal para desmerecê-las. A primeira é narrada no primeiro livro de Samuel, capítulo 28, na qual se conta o caso do rei Saul indo a Endor a busca da pitonisa (médium) para que ela evocasse o espírito Samuel, fato acontecido. Uma outra que podemos citar é quando Jesus, na presença de Pedro, Tiago e João, estabelece colóquio com os espíritos Moisés e Elias, na narrativa da transfiguração (Mt 17,1-9; Lc 9,28-34). Como essa passagem vem contrariar seus dogmas, os adventistas a negam como manifestação de espíritos, admitindo até o absurdo de Moisés ter ressuscitado e de Elias ter se manifestado corporalmente, justificando que ele foi arrebatado fisicamente; entretanto, parecem esquecer-se do seu “mestre” Paulo que disse categoricamente: “a carne e o sangue não podem herdar o reino dos céus” (1Cor 15,50)."

"E por fim, ainda, convém citar o fato do qual quase ninguém fala: é a respeito das aparições de Jesus depois da morte. Curioso é que se, como querem, não há em nós um espírito, então colocam Jesus numa situação contraditória, pois, ainda com o corpo pregado à cruz, disse: “Pai em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46)."

"Tudo isso também prova que não ficaremos inconscientes depois da morte, o que pode ainda ser facilmente derrubado pela parábola do rico e Lázaro (Lc 16,19-31), pela qual se pode reforçar a possibilidade da comunicação entre os dois planos, já que, se não acreditassem nisso, naquela época, não haveria sentido algum do rico ter pedido a Abraão para enviar Lázaro para avisar a seus irmãos, ao que obteve como resposta: como eles não ouviram nem aos vivos, que mesmo que um dos mortos ressuscitasse eles não lhes dariam ouvidos."

"Jesus ao dizer, de certa feita, que “É de João que a Escritura diz: 'Eis que eu envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti'”. (Mt 11,10), evidentemente, relaciona a profecia de Malaquias sobre a vinda de um mensageiro para lhe preparar o caminho (Ml 3,1), o que, mais à frente, ele o identifica como sendo o profeta Elias (Ml 4,4 ou 3,23). Assim, não é outra coisa que Jesus está afirmando, senão que João Batista é Elias, coisa que faz logo a seguir (Mt 11,14)."

"Sim, há os negadores da reencarnação, nós o sabemos; entretanto, é fato que o fazem para sustentar seus dogmas, mesmo que isso contrarie a evidência de que Jesus afirma ser João Batista a reencarnação do profeta Elias. Inclusive, há uma singularidade naquilo que ele diz, que normalmente passa desapercebida por muita gente, quando assevera “Desde os dias de João Batista até agora, o Reino do Céu sofre violência, e são os violentos que procuram tomá-lo”. Ora, sendo João Batista contemporâneo de Jesus, essa frase fica sem sentido, a não ser que a entendamos naquilo que ele quis mesmo dizer, ou seja: Desde os tempos em que João Batista era Elias, e até o momento em que Jesus disse isso, o reino do céu sofria violência... Tão claro que só cego não vê!"

"Mas, falar em reencarnação, é falar em imortalidade; então, há que se combater essa idéia, como se isso fosse revogar uma lei criada por Deus, apenas para atender interesses particulares de determinados religiosos, o que nos parece brincadeira..."

"O “mestre” Paulo, instruiu os coríntios sobre com qual dos corpos irão ressuscitar, não precisando que isso só acontecerá no soar da trombeta final, pois, certamente, quando voltamos ao mundo espiritual, estaremos ressuscitando em espírito, assumindo o corpo espiritual (1Cor 15,44), o corpo incorruptível (1Cor 15,53), uma casa não feita por mãos humanas (2Cor 5,1)."

"Entretanto, já que se usa Paulo para a ressurreição, por que então não o usa contra a idéia da ressurreição da carne, porquanto ele disse: “... a carne e o sangue não podem herdar o reino dos céus” (1Cor 15,50), o que prova ser o espírito independente da matéria; essa sim, ao pó."

"A questão é: será que os judeus, no tempo de Jesus, já acreditavam na imortalidade? Recorramos ao historiador hebreu Flávio Josefo (37 a 103 d.C.), que dividindo os judeus em três classes, fala sobre cada uma delas. Duas nos interessam mais de perto. São elas:"

a) fariseus

"A maneira de viver dos fariseus não era nem mole nem cheia de delícias; era simples... Eles julgavam que as almas são imortais, que são julgadas em um outro mundo e recompensadas ou castigadas segundo foram neste, viciosas ou virtuosas; que umas são eternamente retidas prisioneiras nessa outra vida e que outras voltam a esta. (JOSEFO, F. História dos Hebreus, Rio de Janeiro: CPAD, 1990, p. 416)."

b) essênios

"Os essênios, a terceira seita, atribuem e entregam todas as coisas, sem exceção, à providência de Deus. Crêem que as almas são imortais, acham que se deve fazer todo o possível para praticar a justiça... (JOSEFO, F. História dos Hebreus, Rio de Janeiro: CPAD, 1990, p. 416)."

" acreditam firmemente, que, como nosso corpo é mortal e corruptível e nossas almas, imortais e incorruptíveis, de uma substância aérea, muito sutil, encerrada no corpo, como numa prisão, onde uma inclinação natural as atrai e retém, mas apenas se vêem livres destes laços carnais, que as prendem em dura escravidão, elevam-se ao ar e voam com alegria..."

"Esses mesmos essênios, julgam que as almas são criadas imortais, para se darem à virtude e se afastarem do vício; que os bons se tornam melhores nesta vida pela esperança de serem felizes depois da morte e que os maus, que imaginam poder esconder neste mundo suas más ações, por isso são castigados com tormentos eternos (JOSEFO, F. História dos Hebreus, Rio de Janeiro: CPAD, 1990, p. 555)."

"Para completar, a outra classe é a dos saduceus, os materialistas daquela época, pois acreditavam que as almas morriam juntamente com o corpo (JOSEFO, 1990, p. 416)"

"Bom, se essa questão tem origem pagã, pouco importa, pois, se formos a fundo nisso, veremos que a Bíblia está impregnada de idéias oriundas do paganismo como, por exemplo: relato da criação do mundo, Adão e Eva, a serpente falante, o paraíso, o dilúvio, o céu como morada de Deus, o nascimento e salvamento de Moisés, os querubins, os serafins, o demônio como deus do mal, o inferno, etc."

"Paulo afirma que Jesus trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo Evangelho (2Tm 1,10); não estaria ele dizendo daquilo que somente na sua época ficou mais claro, ou seja, a imortalidade da alma? Ao esclarecer que “Deus não é Deus de mortos, mas Deus de vivos” (Mt 22,32), quando se referia a Abraão, Isaac e Jacó, dizia certamente da imortalidade da alma, porquanto, esses personagens bíblicos já haviam deixado as vestes físicas há muito tempo."

"Em Ecl 9,5.6.10 e Sl 6,5 percebe-se que os seus autores não acreditavam na vida após a morte, ou seja, nem mesmo numa ressurreição futura; daí não nos serve de apoio a tese de que a alma não é imortal. Só fanático para usá-las para isso. Aliás, naquela época se acreditava que tanto os bons quanto os maus iam para o Seol, sem qualquer tipo de distinção; nem mesmo recompensa teriam (Ecl 9,5)."

"Recorrer ao autor de Eclesiastes para justificar alguma coisa é pura falta de bom senso, senão; vejamos alguns de seus pensamentos:"

“De fato o destino do homem e do animal são idênticos: do modo que morrem estes, morrem também aqueles. Uns e outros têm o mesmo sopro vital, sem que o homem tenha vantagem nenhuma sobre o animal, porque tudo é fugaz”. (Ecl 3,19)"

“Então descobri que a mulher é mais amarga do que a morte, porque ela é uma armadilha, o seu coração é uma rede e os seus braços são cadeias. Quem agrada a Deus consegue dela escapar, mas o pecador se deixa prender por ela”. (Ecl 7,26)."

"Só que certamente ele era uma pessoa materialista, que não acreditava que houvesse, no homem, outra coisa senão a carne e o sangue; daí, julgava que o ser humano não é imortal (Ecl 17,25). Quem quiser segui-lo é livre; mas nós não iremos aceitar tamanho disparate somente porque está escrito; não abdicar da lógica é o melhor remédio."

7º. Erro da Doutrina Espírita Claramente Definido: A noção de reencarnação, negando o claro ensino bíblico de que só mediante a ressurreição dos mortos, bem detalhadamente descrita em várias passagens, como Ezequiel 37, 1 Coríntios 15, 1 Tessal. 4:13-16, é que alcançaremos a vida eterna, que é apresentada na Bíblia como um dom de Deus aos que se habilitarem a para sempre habitarem nos lugares que Cristo prometeu preparar para os Seus fiéis, e que iriam ser ocupados quando Ele retornasse para vir buscar os Seus (ver Rom. 2:7; 2a. Tim. 1:10 e João 14:1-3).

"Aí a coisa fica apenas na questão de como se interpreta as passagens, pois, para nós, por exemplo, Jesus ao dizer que João Batista era Elias estava falando de reencarnação. A Nicodemos afirmou: “É necessário nascer de novo” (Jo 3,3), reafirmando isso. Mas não iremos falar neste assunto, pois esses argumentos são os velhos e já surrados de sempre, apenas deixaremos links para os nossos textos, caso alguém queira pesquisar: João Batista é mesmo Elias?, Reencarnação na Bíblia, Reencarnação no contexto histórico, Reencarnação no Pentateuco, Ressurreição, significado bíblico e Ressurreição ou reencarnação?"

8º. Erro da Doutrina Espírita Claramente Definido: A negação da volta de Cristo, embora citem textos como Mateus 16:27 que fala claramente dessa volta, e muitos outros claros versos das Escrituras. E Sua volta é a única saída para tirar o homem do "aperreio" em que se acha, em decadência moral e espiritual clara e evidente, e não o progresso rumo a um róseo futuro, como indicado pelo espiritismo.

"Leiamos: Porque o Filho do Homem virá na glória do seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um de acordo com a própria conduta. (Mt 16,27); só gostaríamos de saber se foi dito que voltaria fisicamente... Nem nessa, nem em nenhuma outra passagem diz isso. Para nós, o “virá na glória” significa que virá em espírito. Aliás, é bem certo que se fizesse isso, ou seja, voltasse num novo corpo, seria execrado pelos líderes religiosos atuais, que possuem “verdades” “de-mais” e amor de menos. Por essa passagem também demonstramos a contradição em que se mete ao afirmar que a salvação é de graça, quando aqui, da boca do próprio Mestre Jesus, está dito que “a cada um segundo suas obras”."

"Apressado em ler ou, quem sabe, buscando textos amiúde, não viu, na seqüência, o seguinte: “Eu garanto a vocês: alguns daqueles que estão aqui, não morrerão sem terem visto o Filho do Homem vindo com o seu Reino." (Mt 16,28). Se quer pegar a passagem anterior ao pé da letra, então que também pegue essa, porquanto está no mesmo contexto. Assim, de duas uma: Jesus já veio ou há grave erro bíblico."

"Só há um problema a ser resolvido, pois naquela época já se pensava estar vivendo o fim dos tempos, conforme, para exemplo, citamos essas passagens:"

"1Cor 10,11: Tais coisas aconteceram a eles como exemplo, e foram escritas para nossa instrução, a nós que vivemos no fim dos tempos."

"1Ts 4,15: Eis o que declaramos a vocês, baseando-nos na palavra do Senhor: nós, que ainda estaremos vivos por ocasião da vinda do Senhor, não teremos nenhuma vantagem sobre aqueles que já tiverem morrido."

"1Pe 1,5: que, graças a fé, estão guardados pela força de Deus para a salvação que está prestes a revelar-se no final dos tempos."

"1Pe 1,20: Ele era conhecido antes da fundação do mundo, mas foi manifestado no fim dos tempos por causa de vocês."

"1Pe 4,7: O fim de todas as coisas está próximo."

"Nós, os espíritas, já sabemos que ele voltou, “quem tiver olhos que veja”: O Espírito de Verdade, quem seria ele?"

"Numa outra passagem Jesus afirmou: “ensinando-os a observar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos.” (Mt 28,20); em princípio poderíamos dizer que Jesus nunca deixou os discípulos; portanto, não havia como voltar; mas, lendo uma outra passagem, percebemos que também nessa passagem se fala do fim dos tempos, no qual achavam já estar vivendo. Vejamo-la: “doutra forma, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (HB 9,26)."
9º. Erro da Doutrina Espírita Claramente Definido: A própria idéia de que graças às contínuas reencarnações a humanidade só tem melhorado e só haverá de melhorar mais e mais no futuro, quando isso não só está inteiramente fora da realidade, com negam as profecias bíblicas, proferidas pelo próprio Cristo, que fala que os tempos que antecederiam Sua volta literal e visível seriam uma repetição da maldade de Sodoma e Gomorra, ou dos dias anteriores ao dilúvio. Isso é confirmado por Paulo, Pedro e outros autores bíblicos.

"Conforme demonstrado no item anterior, o fim dos tempos já passou há muito tempo; atualizar-se não faz mal a ninguém."

"Uma coisa que não percebem é que, se a humanidade está tão ruim assim, podemos debitar isso das religiões tradicionais, que não conseguiram, e jamais conseguirão, agindo como agem, moralizar o ser humano."

"Ainda preferimos ficar com: “Tu amas tudo o que existe, e não desprezas nada do que criaste. Se odiasses alguma coisa, não a terias criado”. (Sb 11,24), pois assim estaremos mais próximos do Deus que Jesus nos apresenta: um Pai, aquele que, muito mais que nós, dará boas coisas a seus filhos que Lho pedirem. (Mt 7,11)."

"O estreito pensamento de que os seres criados por Deus se resumem aos que vivem aqui na terra, é algo comparável a alguém julgar que a população toda do Rio de Janeiro está na baixada fluminense, e que age e vive como os que lá residem. Sem mais comentários."

10º. Erro da Doutrina Espírita Claramente Definido: A possibilidade de comunicação entre vivos e mortos, sendo que a proibição divina é clara a respeito, tanto em Deut. 18:9-11 como séculos depois confirmada em Isa. 8:19, 20. Sendo que não há uma "alma imortal" que tenha consciência após a morte do corpo, e permanecerá como num sono inconsciente até a ressurreição, qualquer suposta comunicação entre vivos e mortos é claramente suspeita, e proibida por Deus que quis proteger o Seu povo de terríveis enganos satânicos nessa linha.

Azenilto Brito
Fonte: http://foroadventista.com/index.php/topic,1049.msg13679.html#msg13679

"É até deveras interessante a linha de raciocínio de um fundamentalista que não se dá conta da besteira que disse, pois é justamente essa proibição que é o maior atestado que isso pode acontecer, sob o ponto de vista bíblico. A não ser que tenhamos Deus proibindo algo que não acontece, tipo uma placa em pleno alto mar com os seguintes dizeres: “É PROIBIDO ESTACIONAR ÔNIBUS E CAMINHÃO”. Só louco para fazer isso!"

"Ficamos a pensar no que seria mais fácil para Deus: não criar a possibilidade da comunicação com os mortos, ou criá-la, mesmo sendo-Lhe uma coisa abominável, só para ter o prazer de se irritar e castigar os que usassem do intercâmbio entre o mundo físico e o espiritual? Qual das hipóteses é a mais viável? Qualquer pessoa de bom senso, não incluímos aqui os fundamentalistas, verá que a primeira opção. Se Deus, então, criou a possibilidade é porque viu nisso uma coisa boa, embora o homem possa estar usando esse intercâmbio de maneira equivocada; mas o fato é que: se não fosse útil não a teria criado. Tanto é verdade que Jesus entrou em colóquio com os espíritos Moisés e Elias, conforme já citamos anteriormente, e ele próprio se comunicou com os discípulos depois de sua crucificação, numa clara demonstração de que naqueles casos, já sob outras circunstâncias, a comunicação com os mortos não era proibida."

"Mas vamos, só por um momento, dar-lhe razão, ou seja, é algo proibido por Deus. Então, por que não cumpre todas as outras determinações contidas do Deuteronômio, só pegando essa a dedo? Coerência, é o que lhe pedimos! Citaremos apenas três para exemplificar:"
"Dt 21,18-21:Se alguém tiver um filho contumaz e rebelde, que não obedece à voz de seu pai e à de sua mãe, e, ainda castigado, não lhes dá ouvidos, pegarão nele seu pai e sua mãe e o levarão aos anciãos da cidade, à sua porta, e lhes dirão: Este nosso filho é rebelde e contumaz, não dá ouvidos à nossa voz: é dissoluto e beberrão. Então todos os homens da sua cidade o apedrejarão, até que morra; assim eliminarás o mal do meio de ti: todo o Israel ouvirá e temerá."

"Dt 22,23-24: Se houver moça virgem, desposada, e um homem a achar na cidade e se deitar com ela, então trareis ambos à porta daquela cidade, e os apedrejareis, até que morram; a moça, porquanto não gritou na cidade, e o homem, porque humilhou a mulher do seu próximo; assim eliminarás o mal do meio de ti."

"Dt 25,11-12: Quando brigarem dois homens, um contra o outro, e a mulher de um chegar para livrar o marido da mão do que o fere, e ela estender a mão, e o pegar pelas suas vergonhas, cortar-lhe-ás a mão: não a olharás com piedade."

"Já que sempre se apóia na Bíblia, que nos apresente a passagem onde pode ser encontrada alguma coisa que diz que “os satânicos” se manifestam no lugar dos mortos, quando os evocamos. Pois sabemos ser isso apenas argumento para enganar os incautos. Nos parece muito estranho Deus permitir que “os satânicos” manifestem para nos tentar, sem, em contrapartida, dar permissão para que os bons espíritos (anjos) venham nos ajudar."

"Agora, poderemos mostrar que a ciência, a cada dia, prova justamente que os espíritos podem se comunicar com os mortos. Citamos, por exemplo, um laudo técnico emitido pelo perito em grafoscopia Carlos Augusto Perandréa, que atestou, sobre uma comunicação recebida por Chico Xavier, ser da mesma pessoa quando viva. Podemos, ainda, falar da pesquisadora Sonia Rinaldi que possui um laudo científico emitido por uma instituição italiana dizendo que a voz paranormal gravada por ela, é da mesma pessoa gravada na sua secretária eletrônica quando viva."

Conclusão

"Acreditamos que os dez erros da Doutrina Espírita se esvoaçaram como pássaros assustados, quando nos aproximamos deles para apreciá-los, e tudo isso por absoluta falta de consistência de quem os apresentou. Se soubesse mais do Espiritismo, talvez poderia até encontrar alguma coisa de errada, pois nunca nos consideramos donos da verdade. Mas Kardec deixou bem claro que o dia em que a ciência viesse a provar que estamos errados em algum ponto, devemos abandoná-lo e abraçar a ciência. O que se vê é justamente a ciência vindo, gradativamente, comprovando os postulados Espíritas. Por isso, não nos preocupamos quando dizem que nossos princípios não se encontram na Bíblia, porquanto, ela não é um compêndio de ciência, e a ciência, por inúmeras vezes, já demonstrou os seus erros."

P.Moryah.





quinta-feira, 17 de junho de 2010

SOMOS LUZ

O Divino escultor esculpiu nossa imagem-forma na Luz.

Sorrindo, Ele disse dentro de cada espírito:

"Você ocupará muitas formas na existência, terá vários rostos e corpos, de cores e formatos diferentes, mas a sua verdadeira face é a da Luz!"

Porém, o tempo passou, e nos identificamos com as diversas formas, não só físicas, mas, também, com aquelas mentais e emocionais.

Passamos a viver e agir nas formas, mas sem sentir o Espírito em nós. Passamos a viver de forma vazia, sem sentido e sem profundidade.

Apegamo-nos demais às formas moldadas e condensadas nas energias da natureza, e mesmo quando elas se desgastam, e o seu uso não é mais possível, ficamos meio perdidos, chorando sobre a referência externa com a qual nos identificávamos tanto.

Foi por isso que o sábio Jesus disse:

"Deixem que os mortos enterrem os seus mortos!"

O Rabi estava certo: quem anda com o espírito entorpecido nas ilusões sensor iais do mundo e acha que é só isso que existe, na verdade está morto de raciocínio, percepção e espírito. Confundir a Luz do espírito com a casca abandonada é o mesmo que confundir a roupa com quem a veste.

Se é necessário respeitar o invólucro carnal abandonado, pois era morada do espírito em ascensão, é mais necessário, ainda, respeitar o próprio espírito, essência imperecível e dotado de todos os potenciais celestes.

E nenhum espírito, em época alguma, jamais foi seguro pelo caixão ou pelo solo onde o seu corpo ficou sendo transformado em outras energias pela generosa Mãe Terra.

Aos corpos que ficam na Terra, o nosso muito obrigado, por tudo o que aprendemos por intermédio deles. Porém, somos espíritos com a face da Luz!

Somos forma e semelhança da Luz, pois não somos animais vertebrados, somos consciências imperecíveis. Somos a cara de Deus!

Não somos brancos, negros, amarelos ou vermelhos. Não somos nem mesmo ter restres, pois qualquer espírito é egresso de outros planos sutis, não-físicos.

Portanto, somos extraterrestres, pois terrestres são apenas os corpos que ocupamos temporariamente.

SOMOS LUZ!

Enquanto os "mortos enterram os seus mortos", os espíritos continuam vivendo além... Os primeiros olham as tumbas e choram a ilusão de suas referências apenas físicas; os últimos olham para as estrelas e alçam vôo para outras paragens.

E lá em cima não há nenhum número de tumba como referência, nem esquifes enterrados para alguém se guiar na dor de sua perda ilusória. O que tem mesmo é uma infinidade de espíritos vivos, todos com a cara de Deus!

O Divino Escultor esculpiu nossa imagem-forma na Luz.

Portanto, façamos jus a essa Luz.

SEJAMOS LUZ!*

(Este texto é dedicado às pessoas que jamais desistem dos ideais sadios na existência. Mesmo cercadas por dificuldades variadas, elas persistem e confiam na própria Luz que viaja dentro de seus corações. Elas sabem que essa Luz não é deste mundo, e que só o Divino Escultor é que sabe o real valor de cada um, pois Ele conhece profundamente o mais secreto dos pensamentos dos homens e sabe quem é leal e servidor consciente dos seus magnos desígnios evolutivos.)



Paz e Luz.

TONHÃO  sujeito com qualidades e defeitos, igual a todos, mas que, quando se lembra de alguém que foi morar no Astral, sempre olha para cima, jamais para baixo, pois sabe que nenhum túmulo pode segurar alguém que é a cara de Deus!

QUEM LEVA QUEM?

Muitas vezes, nós que estudamos temas espirituais e procuramos fazer algo de bom com esse estudo - em nossos pensamentos, sentimentos e energias -, costumamos dizer:

"Nós levamos a in formação espiritual para os outros."

Na verdade, é a informação espiritual que nos leva; somos apenas seus canais - e, diga-se de passagem, canais imperfeitos -, expressando algumas coisas no mundo.

Expressando algo da espiritualidade e tentando crescer com valores que o mundo sequer considera - valores elevados e muitas vezes esquecidos por nós mesmos quando aprontamos alguma tolice, pois estudar temas avançados não significa que sejamos elevados -, somos levados por ela a certos momentos conscienciais interessantes e criativos.

Levamos a espiritualidade e somos levados por ela, muito mais do que imaginamos.

Quando somos levados por ela, geralmente se apresentam alguns desses estados de consciência:

- Os olhos brilham muito.

- A alegria se apresenta como estado de consciência independente dos fatores que ocorrem no momento.

- O amor possui os pensamentos e leva a altos vôos pelo céu do coração.

- A vontade de cres cer aumenta o tesão de viver.

- A aura se expande muito e toca as auras de outros com toques de energia estimulante ao progresso e ao bem de todos.

- A consciência sente-se ligada a outras consciências sadias, da Terra e de outros planos de manifestação.

- Cresce a admiração por todos aqueles homens e mulheres maravilhosos que deixaram mensagens de paz e luz entre os homens.

- Também cresce a admiração por todos aqueles homens e mulheres que vivem na Terra e tentam fazer algo bom, mesmo portando defeitos e enfrentando diversas dificuldades, mas se esforçando por gerar climas melhores na existência.

- A própria imortalidade permeia a consciência e lhe dá forças para continuar caminhando e apreciando a vida, mesmo sob o impacto da perda de alguém amado. Ela sabe dentro dela mesma. Por isso, não precisa de nenhuma doutrinação espiritual para certificar-se de algo que ela sempre soube em seu coração.

- Dentro ou fora do c orpo, ela é impelida a estados conscienciais sadios e é incapaz de fazer o mal para alguém. É imperfeita, pois é humana, mas não porta maldade.

Enquanto levamos a informação espiritual, também somos levados por ela. E aí, pouco importa quem leva quem, pois o importante em qualquer estudo espiritual é sempre melhorar a lucidez, ampliar o amor e ser parceiro constante da alegria.

Resumindo: levando a espiritualidade ou sendo levado por ela, o importante é ser feliz com o que se faz.

P.MORYAH


sexta-feira, 11 de junho de 2010

A BIBLIA E A COMUNICAÇÃO COM OS MORTOS

A maior ignorância é a que não sabe e crê saber, pois dá origem a todos os erros que cometemos com nossa inteligência.
(SÓCRATES).

Tão surpreendente quanto a naturalidade das pessoas em emitirem juízo sobre algo que pouco sabem, é seu desinteresse em melhor informarem-se.
(LOEFFLER).

Se não se convencem pelos fatos, menos o fariam pelo raciocínio.
(KARDEC).



Eu costumo dizer que o meu maior evangelizador espírita foi a bíblia sagrada, minha primeira fonte de conhecimentos espírita, ao ponto de ao passar a frequentar o centro espírita onde estou até hoje, já possuía amplo conhecimento da matéria.

Dentre vários outros, a comunicação com os chamados mortos é um dos princípios básicos do Espiritismo, inclusive podemos dizer que é um dos fundamentais, pois foi de onde surgiu todo o seu arcabouço doutrinário.

Na conclusão de O Livro dos Espíritos, Kardec argumenta que:

“Esses fenômenos ... não são mais sobrenaturais que todos os fenômenos aos quais a Ciência hoje dá a solução, e que pareceram maravilhosos numa outra época. Todos os fenômenos espíritas, sem exceção, são a conseqüência de leis gerais e nos revelam um dos poderes da Natureza, poder desconhecido, ou dizendo melhor, incompreendido até aqui, mas que a observação demonstra estar na ordem das coisas”. (p. 401).

Essa abordagem de Kardec é necessária, pois apesar de muitos considerarem tais fenômenos como sobrenaturais, enquanto que inúmeros outros os quererem como fenômenos de ordem religiosa, as duas teses são incorretas. A origem deles é espontânea e natural e ocorrem conforme as leis Naturais que regem não só o contato entre o mundo material e o espiritual, mas toda a complexa interação que mantém o equilíbrio universal. Por isso não precisaríamos relacioná-los, nem mesmo buscar comprovação de sua realidade, entre as narrativas bíblicas.

Passagens bíblicas para comprovação

A primeira coisa que teremos que buscar para apoio é algo que venha nos dar uma certeza da sobrevivência do espírito, pois ela é a peça fundamental nas comunicações. Leiamos:

Quanto a você [Abraão], irá reunir-se em paz com seus antepassados e será sepultado após uma velhice feliz. (Gn 15,15).

Quando Jacó acabou de dar instruções aos filhos, recolheu os pés na cama, expirou e se reuniu com seus antepassados. (Gn 49,33).

Eu digo a vocês: muitos virão do Oriente e do Ocidente, e se sentarão à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó. (Mt 8,11).

E, quanto à ressurreição, será que não leram o que Deus disse a vocês: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas dos vivos. (Mt 22,31-32).

Podemos concluir dessas passagens que há no homem algo que sobrevive à morte física. Não haveria sentido algum dizer que uma pessoa, após a morte, irá se reunir com seus antepassados, se não se acreditasse na sobrevivência do espírito. Além disso, para que ocorra a possibilidade de alguém poder “sentar à mesa no Reino do Céu junto com Abraão, Isaac e Jacó” teria que ser porque esses patriarcas estão tão vivos quanto nós. A não ser que Jesus tenha nos enganado quando disse, em se referindo a esses três personagens, que Deus é Deus de vivos.

Os relatos bíblicos nos dão conta que o intercâmbio com os mortos eram fatos corriqueiros na vida dos hebreus. Por outro lado, quase todos os povos, com quem mantiveram contato, tinham práticas relacionadas à evocação dos espíritos para fins de adivinhação, denominada necromancia. O Dicionário Bíblico Universal nos dá a seguinte explicação sobre ela:

Meio de adivinhação interrogando um morto. Babilônios, egípcios, gregos a praticavam. Heliodoro, autor grego do III ou do século IV d.C., relata uma cena semelhante àquela descrita em 1Sm (Etíope 6,14). O Deuteronômio atribui aos habitantes da Palestina “a interrogação dos espíritos ou a evocação dos mortos” (18,11). Os israelitas também se entregaram a essas práticas, mas logo são condenadas, particularmente por Saul (1Sm 28,3B). Mas, forçado pela necessidade, o rei manda evocar a sombra de Samuel (28, 7-25): patético, o relato constitui uma das mais impressionantes páginas da Bíblia. Mais tarde, Isaías atesta uma prática bastante difundida (Is 8,19): parece que ele ouviu “uma voz como a de um fantasma que vem da terra” (29,4). Manasses favoreceu a prática da necromancia (2Rs 21,6), mas Josias a eliminou quando fez sua reforma (2Rs 23,24). Então o Deuteronômio considera a necromancia e as outras práticas divinatórias como “abominação” diante de Deus, e como o motivo da destruição das nações, efetuada pelo Senhor em favor de Israel (18,12). O Levítico considera a necromancia como ocasião de impureza e condena os necromantes à morte por apedrejamento (19,31; 20,27). (Pág. 556).

Iremos ver, no decorrer desse estudo, algumas dessas passagens, mas, por hora, apenas destacaremos:

Não se dirijam aos necromantes, nem consultem adivinhos, porque eles tornariam vocês impuros. Eu sou Javé, o Deus de vocês. (Lv 19,31).

Quem recorrer aos necromantes e adivinhos, para se prostituir com eles, eu me voltarei contra esse homem e o eliminarei do seu povo. (Lv 20,6).

Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não apreenderás a fazer conforme as abominações daqueles povos. Não se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal cousa é abominação ao Senhor; e por tais abominações o Senhor teu Deus os lança de diante de ti. Perfeito serás para com o Senhor teu Deus. Porque estas nações, que hás de possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores; porém a ti o Senhor teu Deus não permitiu tal cousa. (Dt 18,9-14).

As três passagens acima dizem respeito à adivinhação e à necromancia – que é um tipo de adivinhação, conforme explicação, já citada, do dicionário –, devemos observar que elas se encontram entre as proibições. A preocupação central era proibir qualquer tipo de coisa relacionada à adivinhação, não importando por qual meio fosse realizada, como fica claro pela última passagem onde se diz “... estas nações, .... ouvem os prognosticadores e os adivinhadores...”, reunindo assim todas as práticas a essas duas.

Por outro lado, a grande questão a ser levantada é: os mortos atendiam às evocações ou não? Se não, por que da proibição? Seria ilógico proibir algo que não acontece. Teremos que tentar encontrar as razões de tal proibição. Duas podemos destacar. A primeira é que consideravam deuses os espíritos dos mortos, mais à frente iremos ver sobre isso, quando falarmos de 1Sm 28. Levando-se em conta que era necessário manter, a todo custo, a idéia de um Deus único, Moisés, sabiamente, institui a proibição de qualquer evento que viesse a prejudicar essa unicidade divina. As consultas deveriam ser dirigidas somente a Deus, daí, por forças das circunstâncias, precisou proibir todas as outras. A segunda estaria relacionada ao motivo pelo qual iam consultar-se aos mortos. Normalmente, eram para coisas relacionadas ao futuro, como no caso de Saul que iremos ver logo à frente, ou para situações até ridículas, quando, por exemplo, do desaparecimento das jumentas de Cis, em que Saul, seu filho, procura um vidente, para que ele dissesse onde poderiam encontrá-las.

A figura do profeta aparece como sendo a pessoa que tinha poderes para fazer consultas a Deus, ou receber da divindade as revelações que deveriam ser transmitidas ao povo. Em razão de querer a exclusividade das consultas a Deus, por meio dos profetas, é que Moisés disse que: “Javé seu Deus fará surgir, dentre seus irmãos, um profeta como eu em seu meio, e vocês ouvirão”. (Dt 18,15). Elucidamos essa questão com o seguinte passo: “Em Israel, antigamente, quando alguém ia consultar a Deus, costumava dizer: 'Vamos ao vidente'. Porque, em lugar de 'profeta', como se diz hoje, dizia-se 'vidente'”. (1Sm 9,9). O que é vidente senão quem tem a faculdade de ver os espíritos? Poderá, em alguns casos, ver inclusive o futuro, daí a idéia de que poderia prever alguma coisa, uma profecia, derivando-se daí, então, o nome profeta. Podemos confirmar o que estamos dizendo aqui nesse parágrafo, pela explicação dada à passagem Dt 18,9-22:

“Contrapõem-se nitidamente duas formas de profetismo ou de mediação entre os homens e Deus. O profetismo de tipo cananeu, com suas práticas para conhecer o futuro, ou vontade dos deuses (v.9-14), visava controlar a divindade, tornado-a favorável ao homem. Contra isso o Dt estabelece a mediação do ‘profeta como Moisés’ (v.15-22; cf. Ex 20,18-21), a cuja palavra, pronunciada em nome de Deus, o israelita deve obedecer”. (Bíblia Sagrada, Ed. Vozes, pág. 217).

É interessante que, neste momento, venhamos a dizer alguma coisa sobre profeta. Buscaremos as informações com Dr. Severino Celestino, que nos diz:

A palavra profeta, em hebraico, significa “Navi”, no plural, “Neviim”. Apresenta ainda outros significados como “roê” (videntes). Veja I Samuel 9:9: “antigamente em Israel, todos os que iam consultar IAHVÉH assim diziam: vinde vamos ter com o vidente (roê); porque aquele que hoje se chama profeta (navi), se chamava outrora vidente (roê)”.

A palavra vidente, em hebraico, também significa (chozê), pois, consultando o texto original, encontramos citações que usam o termo (roê) sendo que outras citam (chozê), como veremos adiante. O vidente era, portanto, o homem a ser interrogado quando se queria consultar a Deus ou a um espírito e sua resposta era considerada resposta de Deus.

O termo profeta chegou ao português, derivado do grego (???) “prophétes” que significa “alguém que fala diante dos outros”. No hebraico, o significado é bem mais amplo, possui uma raiz acádica que significa “chamar”, “falar em voz alta”, e interpretam-no como “orador, anunciador”. (Analisando as Traduções Bíblicas, pp. 259-260). (Grifos do original).

Dito isso, podemos agora concluir que Moisés não era totalmente contra o profetismo (mediunismo), apenas era contrário ao uso indevido que davam a essa faculdade. Podemos, inclusive, vê-lo aprovando a forma com que dois homens a faziam, conforme a seguinte narrativa em Nm 11, 24-30:

Moisés saiu e disse ao povo as palavras de Iahweh. Em seguida reuniu setenta anciãos dentre o povo e os colocou ao redor da Tenda. Iahweh desceu na Nuvem. Falou-lhe e tomou do Espírito que repousava sobre ele e o colocou nos setenta anciãos. Quando o Espírito repousou sobre eles, profetizaram; porém, nunca mais o fizeram.

Dois homens haviam permanecido no acampamento: um deles se chamava Eldad e o outro Medad. O Espírito repousou sobre eles; ainda que não tivessem vindo à Tenda, estavam entre os inscritos. Puseram-se a profetizar no acampamento. Um jovem correu e foi anunciar a Moisés: “Eis que Eldad e Medad”, disse ele, “estão profetizando no acampamento”. Josué, filho de Nun, que desde a sua infância servia a Moisés, tomou a palavra e disse: “Moisés, meu senhor, proíbe-os!” Respondeu-lhe Moisés: “Estás ciumento por minha causa? Oxalá todo o povo de Iahweh fosse profeta, dando-lhe Iahweh o seu Espírito!” A seguir Moisés voltou ao acampamento e com ele os anciãos de Israel.

Fica claro, então, que pelo menos duas pessoas faziam dignamente o uso da faculdade mediúnica (profeta), daí Moisés até desejar que todos fizessem como eles.

Outro ponto importante que convém ressaltar é a respeito da palavra Espírito, que aparece inúmeras vezes na Bíblia. Mas afinal o que é Espírito? Hoje sabemos que os espíritos são as almas dos homens que foram desligadas do corpo físico, pelo fenômeno da morte. Assim, podemos perfeitamente aceitar que fora às vezes que atribuem essa palavra ao próprio Deus, todas as outras estão incluídas nessa categoria.

Tudo, na verdade, não passava de manifestações dos espíritos, que muitas vezes eram tomados à conta de deuses, devido a ignorância da época, coisa absurda nos dias de hoje.

Isso fica tão claro que podemos até mesmo encontrar recomendações de como nos comportar diante deles, para sabermos suas verdadeiras intenções. Citamos: “Amados, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus,...” (1 Jo 4, 1).

Disso pode-se concluir que era comum, àquela época, o contato com os espíritos. De fato, já que podemos confirmar isso com o Apóstolo dos gentios, que recomendou sobre o uso dos “dons” (mediunidade), conforme podemos ver em sua primeira carta aos Coríntios (cap. 14). Nela ele procura demonstrar que o dom da profecia é superior ao dom de falar em línguas (xenoglossia), pois não via nisso nenhuma utilidade senão quando, juntamente, houvesse alguém com o dom de interpretá-las.

Ao lado dos espíritos, também vemos inúmeras manifestações do demônio. Sobre ele, encontramos a seguinte informação, citada pela Dra. Edith Fiore, sobre o pensamento do historiador hebreu Flávio Josefo: “Os demônios são os espíritos dos homens perversos” (Possessão Espiritual, p. 29). Com isso as manifestações espirituais se ampliam, pois agora se nos apresentam os demônios como espíritos de seres humanos desencarnados, ficando, portanto, provado que a Bíblia está repleta de fenômenos mediúnicos. Onde há mediunidade haverá, conseqüentemente, manifestação espiritual, pouco importa a denominação que venha se dar aos que se apresentam aos encarnados,por essa via.

Vejamos, então, um caso específico relatado sobre uma consulta aos mortos. Chamamos a sua atenção para o motivo da consulta, que não poderá passar despercebido, visto o termos citado como uma das causas da proibição de Moisés. Leiamos:

Samuel tinha morrido. Todo o Israel participara dos funerais, e o enterraram em Ramá, sua cidade. De outro lado, Saul tinha expulsado do país os necromantes e adivinhos. Os filisteus se concentraram e acamparam em Sunam. Saul reuniu todo o Israel e acamparam em Gelboé. Quando viu o acampamento dos filisteus, Saul teve medo e começou a tremer. Consultou a Javé, porém Javé não lhe respondeu, nem por sonhos, nem pela sorte, nem pelos profetas. Então Saul disse a seus servos: "Procurem uma necromante, para que eu faça uma consulta". Os servos responderam: "Há uma necromante em Endor". Saul se disfarçou, vestiu roupa de outro, e à noite, acompanhado de dois homens, foi encontrar-se com a mulher. Saul disse a ela: "Quero que você me adivinhe o futuro, evocando os mortos. Faça aparecer a pessoa que eu lhe disser". A mulher, porém, respondeu: "Você sabe o que fez Saul, expulsando do país os necromantes e adivinhos. Por que está armando uma cilada, para eu ser morta?" Então Saul jurou por Javé: "Pela vida de Javé, nenhum mal vai lhe acontecer por causa disso". A mulher perguntou: "Quem você quer que eu chame?" Saul respondeu: "Chame Samuel". Quando a mulher viu Samuel aparecer, deu um grito e falou para Saul: "Por que você me enganou? Você é Saul!" O rei a tranqüilizou: "Não tenha medo. O que você está vendo?" A mulher respondeu: "Vejo um espírito subindo da terra". Saul perguntou: "Qual é a aparência dele?" A mulher respondeu: "É a de um ancião que sobe, vestido com um manto". Então Saul compreendeu que era Samuel, e se prostrou com o rosto por terra. Samuel perguntou a Saul: "Por que você me chamou, perturbando o meu descanso?" Saul respondeu: "É que estou em situação desesperadora: os filisteus estão guerreando contra mim. Deus se afastou de mim e não me responde mais, nem pelos profetas, nem por sonhos. Por isso, eu vim chamar você, para que me diga o que devo fazer". Samuel respondeu: "Por que você veio me consultar, se Javé se afastou de você e se tornou seu inimigo? Javé fez com você o que já lhe foi anunciado por mim: tirou de você a realeza e a entregou para Davi. Porque você não obedeceu a Javé e não executou o ardor da ira dele contra Amalec. É por isso que Javé hoje trata você desse modo. E Javé vai entregar aos filisteus tanto você, como seu povo Israel. Amanhã mesmo, você e seus filhos estarão comigo, e o acampamento de Israel também: Javé o entregará nas mãos dos filisteus". (1Sm 28,3-19)

Inicialmente, se diz que Saul consultou a Javé, como não obteve resposta, resolveu então procurar uma necromante para que, pessoalmente , pudesse consultar-se com um espírito. Isso foi o que dissemos sobre uma das razões da proibição de Moisés. Saul diante da necromante foi taxativo: quero que adivinhe o futuro evocando um morto. Aqui é o próprio rei que vai consultar-se com um morto, pelo motivo de querer saber o futuro. Se os mortos nunca tivessem revelado o futuro, estaria o rei numa situação ridícula dessa?

Mas Saul não desejava consultar-se com qualquer um espírito, queria especificamente a presença de Samuel. Após a evocação da mulher, o relato confirma que a necromante viu Samuel-espírito aparecer. Sem margem a nenhuma dúvida. Quando descreve o que vê o próprio Saul reconhece ser o profeta Samuel que estava ali. Fato confirmado, pela indubitável afirmativa de que foi o próprio Samuel quem fez uma pergunta a Saul. Após a resposta de Saul, novamente, Samuel responde ao que veio o rei saber.

Algumas Bíblias ao invés de “vejo um espírito subindo da terra” traduzem por “vejo um deus subindo da Terra”. A frase dessa maneira nos é explicada:

“A palavra hebraica para significar Deus, também designa os seres supra-humanos e, como neste caso, o espírito dos mortos. Havia a convicção de que os espíritos dos mortos estavam encerrados no sheol, e este se situaria algures por baixo da terra” (Bíblia Sagrada, Ed. Santuário, pág. 392).

Com isso, fica fácil entender por que Saul, após certificar-se de que Samuel-espírito estava ali, se prostra diante dele (v. 14). Atitude própria de quem endeusava os espíritos e, conforme já o dissemos anteriormente, esse foi um dos motivos pelo qual Moisés proibiu a comunicação com os mortos.

A frase “Javé fez com você o que já lhe foi anunciado por mim” tem a seguinte tradução em outras Bíblias: “O Senhor fez como tinha anunciado pela minha boca”, do que podemos concluir que naquele momento não estava falando pela sua boca, usava a boca da mulher, pela qual confirmou o que tinha falado a Saul quando vivo, não deixando então nenhuma dúvida que era mesmo Samuel-espírito quem estava ali. Estamos dizendo isso, porque com algumas interpretações distorcidas, bem à moda da casa, querem insinuar que quem se manifestou foi o demônio. A isso, poderemos, além do que já dissemos, colocar para corroborar nosso pensamento uma explicação dada a 28,15-19:

O narrador, embora não aprove o proceder de Saul e da mulher (v. 15), acredita que Samuel de fato apareceu e falou com Saul: isso Deus podia permitir. Logo, não é preciso pensar em manobra fraudulenta da mulher ou em intervenção diabólica.... (Bíblia Sagrada, Ed. Vozes, pág. 330).

Por outro lado, ninguém conseguirá provar que em algum lugar da Bíblia está dizendo que os demônios aparecem no lugar dos espíritos evocados. Assim, de modo claro e inequívoco, temos essa questão de que não são os demônios como definitivamente resolvida. Não bastasse isso, a própria Bíblia confirma o ocorrido quando falando a respeito de Samuel está dito: “Mesmo depois de sua morte, ele profetizou, predizendo ao rei o seu fim. Mesmo do sepulcro, ele levantou a voz, numa profecia, para apagar a injustiça do povo”. (Eclo 46,20). Sabemos que os protestantes não possuem esse livro, mas como os católicos também afirmam que sua Bíblia não contém erros, pegamos a deles para a confirmação dessa ocorrência.

Ao que parece, a consulta aos mortos era fato tão corriqueiro, que, às vezes, era esperada, conforme podemos ver em Isaías:

“Quando disserem a vocês: ‘Consultem os espíritos e adivinhos, que sussurram e murmuram fórmulas; por acaso, um povo não deve consultar seus deuses e consultar os mortos em favor dos vivos?’, comparem com a instrução e o atestado: se o que disserem não estiver de acordo com o que aí está, então não haverá aurora para eles”. (Is 8,19-20).

Isaías até sabia o que iriam dizer, realidade da época, com certeza. Quanto à expressão seus deuses, explicam-nos que equivale a os espíritos dos antepassados (Bíblia Sagrada, Ed. Ave Maria, pág. 950). O que vem reforçar a justificativa para a proibição de Moisés, que buscava fazer o povo hebreu aceitar o Deus único. Interessante que essa passagem irá nos remeter a uma outra, que fala exatamente dos antepassados, como uma explicação que nos ajudará a entendê-la. Vejamo-la:

“Consulte as gerações passadas e observe a experiência de nossos antepassados. Nós nascemos ontem e não sabemos nada. Nossos dias são como sombra no chão. Os nossos antepassados, no entanto, vão instruí-lo e falar a você com palavras tiradas da experiência deles”. (Jó 8,8-10).

Considerando que à época não se tinha muita coisa escrita, e se tivesse talvez pouco adiantaria, pois poucos sabiam ler, só poderemos entender essa passagem como sendo uma consulta direta às gerações passadas. O que em bom Português significa que isso ocorria através da consulta aos seus deuses, em outras palavras, aos espíritos dos antepassados, que pessoalmente viam transmitir suas experiências. É notável que exatamente isso que está ocorrendo nos dias de hoje com os Espíritos, que, mesmo sem que tenham sido evocados para serem consultados, vêm livremente, com a permissão de Deus, é claro, nos passar as suas experiências pessoais, para que possamos aprender com elas, de modo que podemos evitar erros já cometidos por ignorância das leis divinas.

Uma coisa nós podemos considerar. Se ocorriam manifestações naquela época, por que não as aconteceria nos dias de hoje? Veremos agora a mais notável de todas as manifestações de espíritos que podemos encontrar na Bíblia, pois ela acontece, nada mais nada mesmos do que, com o próprio Cristo. Leiamos:

Seis dias depois, Jesus tomou consigo Pedro, os irmãos Tiago e João, e os levou a um lugar à parte, sobre uma alta montanha. E se transfigurou diante deles: o seu rosto brilhou como o sol, e as suas roupas ficaram brancas como a luz. Nisso lhes apareceram Moisés e Elias, conversando com Jesus. Então Pedro tomou a palavra, e disse a Jesus: "Senhor, é bom ficarmos aqui. Se quiseres, vou fazer aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés, e outra para Elias." Pedro ainda estava falando, quando uma nuvem luminosa os cobriu com sua sombra, e da nuvem saiu uma voz que dizia: "Este é o meu Filho amado, que muito me agrada. Escutem o que ele diz." Quando ouviram isso, os discípulos ficaram muito assustados, e caíram com o rosto por terra. Jesus se aproximou, tocou neles e disse: "Levantem-se, e não tenham medo." Os discípulos ergueram os olhos, e não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus. Ao descerem da montanha, Jesus ordenou-lhes: "Não contem a ninguém essa visão, até que o Filho do Homem tenha ressuscitado dos mortos".(Mt 17,1-9).

Ocorrência inequívoca de comunicação com os mortos, no caso, os espíritos Moisés e Elias conversam pessoalmente com Jesus. E aí afirmamos que se fosse mesmo proibida por Deus, Moisés-espírito não viria se apresentar a Jesus e seus discípulos, já que foi ele mesmo, quando vivo, quem informou dessa proibição, e nem Jesus iria infringir uma lei divina. Portanto, a proibição de Moisés era apenas uma proibição particular sua ou de sua legislação de época. Os partidários do demônio ficam sem saída nessa passagem, pois não podem afirmar que foi o demônio quem apareceu para eles, já que teriam que admitir que Jesus foi enganado pelo “pai da mentira”.

Podemos ainda ressaltar que, depois desse episódio, Jesus não proibiu a comunicação com os mortos, só disse aos discípulos para não contassem a ninguém sobre aquela “sessão espírita”, até que acontecesse a sua ressurreição. E se ele mesmo disse: “tudo que eu fiz vós podeis fazer e até mais” (Jo 14,12) os que se comunicam com os mortos estão seguindo o exemplo de Jesus. Os cegos até poderão ficar contra, mas os de mente aberta não verão nenhum mal nisso.

Já encontramos pessoas que, querendo fugir do inevitável, afirmaram que Moisés e Elias não morreram, foram arrebatados. A coisa é tão séria, que, no afã de se justificarem, desvirtuam a realidade mudando até mesmo narrativas bíblicas, pois, até onde sabemos, existe a passagem falando da morte e sepultura de Moisés, o que poderá ser comprovado em Dt 34,5-8. Quanto a Elias é que se diz ter sido arrebatado. Acredite quem quiser. Mas o que faremos com o corpo físico na dimensão espiritual? “O espírito é que dá vida a carne de nada serve” (Jo 6,63), “a carne e o sangue não podem herdar o reino do céu” (1Cor 15,50). São passagens que contradizem peremptoriamente um suposto arrebatamento de Elias de corpo e alma.

Por várias vezes, Jesus apresentou a seus discípulos ensinamentos por meio de parábolas. Há uma que poderemos citar, pois nela encontramos algo que irá nos auxiliar no entendimento daquilo que propomos. Vejamos:

Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino, e dava banquete todos os dias. E um pobre, chamado Lázaro, cheio de feridas, que estava caído à porta do rico. Ele queria matar a fome com as sobras que caíam da mesa do rico. E ainda vinham os cachorros lamber-lhe as feridas. Aconteceu que o pobre morreu, e os anjos o levaram para junto de Abraão. Morreu também o rico, e foi enterrado. No inferno, em meio aos tormentos, o rico levantou os olhos, e viu de longe Abraão, com Lázaro a seu lado. Então o rico gritou: 'Pai Abraão, tem piedade de mim! Manda Lázaro molhar a ponta do dedo para me refrescar a língua, porque este fogo me atormenta'. Mas Abraão respondeu: 'Lembre-se, filho: você recebeu seus bens durante a vida, enquanto Lázaro recebeu males. Agora, porém, ele encontra consolo aqui, e você é atormentado. Além disso, há um grande abismo entre nós: por mais que alguém desejasse, nunca poderia passar daqui para junto de vocês, nem os daí poderiam atravessar até nós'. O rico insistiu: 'Pai, eu te suplico, manda Lázaro à casa de meu pai, porque eu tenho cinco irmãos. Manda preveni-los, para que não acabem também eles vindo para este lugar de tormento'. Mas Abraão respondeu: 'Eles têm Moisés e os profetas: que os escutem!' O rico insistiu: 'Não, pai Abraão! Se um dos mortos for até eles, eles vão se converter'. Mas Abraão lhe disse: 'Se eles não escutam a Moisés e aos profetas, mesmo que um dos mortos ressuscite, eles não ficarão convencidos'. (Lc 16,19-31).

Poderemos tirar várias reflexões dessa parábola, mas nos restringiremos ao assunto deste estudo. Uma pergunta nos vem à mente: se não acreditassem na comunicação entre os dois planos, por que então o rico pede a Abraão para enviar Lázaro para alertar a seus irmãos? Da análise da resposta de Abraão podemos dizer que há a possibilidade da comunicação, entretanto, ela é completamente inútil, pois se nem aos vivos as pessoas deram ouvidos, que dirá aos mortos. Fato incontestável, que vem acontecendo até nos dias de hoje, já que a grande maioria prefere ignorar a comunicação dos mortos, que vêm nos alertar para que transformemos as nossas ações, de modo que beneficiem ao nosso próximo, a fim de evitar que, depois da morte física, tenhamos que ir para um lugar de tormentos.

A expressão “mesmo que um dos mortos ressuscite” significa que mesmo que algum dos mortos ressuscite na sua condição espiritual, para se comunicar, que eles não se convenceriam. Mas alguém pode objetar dizendo que esse texto implica na necessidade de uma ressurreição corpórea para que ocorra esta comunicação. Isto é um subterfúgio, já que na própria Bíblia encontramos indícios de que o termo ressurreição também era usado para indicar a influência dos mortos sobre os vivos, conforme podemos confirmar no seguinte passo: “Alguns diziam: ‘João Batista ressuscitou dos mortos. É por isso que os poderes agem nesse homem’”. (Mt 14,2; Mc 6,14).

Quem já teve a oportunidade de ler a Bíblia, pelo menos uma vez, percebe que ela está recheada de narrativas com aparições de anjos. Na ocasião da ressurreição de Jesus algumas delas nos dão conta do aparecimento, junto ao sepulcro, de “anjos vestidos de branco” (Jo 20,12; Mt 28,2), enquanto que outras nos dizem ser “homens vestidos de branco” (Lc 24,4; Mc 16,5). Demonstrando que anjos, na verdade, são espíritos humanos de pessoas desencarnadas. Até mesmo os nomes dos anjos são nomes dados a seres humanos: Gabriel, Rafael, Miguel, etc. Vejamos se isso é coerente.

Nesse tempo, o rei Herodes começou a perseguir alguns membros da Igreja, e mandou matar à espada Tiago, irmão de João. Vendo que isso agradava aos judeus, decidiu prender também Pedro. Eram os dias da festa dos pães sem fermento. Depois de o prender, colocou-o na prisão e o confiou à guarda de quatro grupos de quatro soldados cada um. Herodes tinha a intenção de apresentar Pedro ao povo logo depois da festa da Páscoa. Pedro estava vigiado na prisão, mas a oração fervorosa da Igreja subia continuamente até Deus, intercedendo em favor dele. Herodes estava para apresentar Pedro. Nessa mesma noite, Pedro dormia entre dois soldados. Estava preso com duas correntes, e os guardas vigiavam a porta da prisão. De repente, apareceu o anjo do Senhor, e a cela ficou toda iluminada. O anjo tocou o ombro de Pedro, o acordou, e lhe disse: "Levante-se depressa." As correntes caíram das mãos de Pedro. E o anjo continuou: "Aperte o cinto e calce as sandálias." Pedro obedeceu, e o anjo lhe disse: "Ponha a capa e venha comigo." Pedro acompanhou o anjo, sem saber se era mesmo realidade o que o anjo estava fazendo, pois achava que tudo isso era uma visão. Depois de passarem pela primeira e segunda guarda, chegaram ao portão de ferro que dava para a cidade. O portão se abriu sozinho. Eles saíram, entraram numa rua, e logo depois o anjo o deixou. Então Pedro caiu em si e disse: "Agora sei que o Senhor de fato enviou o seu anjo para me libertar do poder de Herodes e de tudo o que o povo judeu queria me fazer." Pedro então refletiu e foi para a casa de Maria, mãe de João, também chamado Marcos, onde muitos se haviam reunido para rezar. Bateu à porta, e uma empregada, chamada Rosa, foi abrir. A empregada reconheceu a voz de Pedro, mas sua alegria foi tanta que, em vez de abrir a porta, entrou correndo para contar que Pedro estava ali, junto à porta. Os presentes disseram: "Você está ficando louca!" Mas ela insistia. Eles disseram: "Então deve ser o seu anjo!" Pedro, entretanto, continuava a bater. Por fim, eles abriram a porta: era Pedro mesmo. E eles ficaram sem palavras. (At 12,1-16).

Com a prisão de Pedro, por Herodes, todos já esperavam que aconteceria com ele o mesmo destino de Tiago, seria morto. Mas um anjo o solta. Ele se dirige à casa onde os outros estavam reunidos, bate à porta. Rosa, que atende a porta, reconhece a voz de Pedro, espavorida corre para dentro a fim de contar aos outros. Entretanto, como supunham que Pedro havia morrido disseram a ela: “Então deve ser o seu anjo”. Isso vem dizer exatamente o que estamos querendo concluir, que anjo, na verdade, é um espírito de um ser humano que morreu, o que não contradiz a narrativa, antes ao contrário, lhe é extremamente coerente.

Conclusão

Ao que podemos concluir, sem sombra de dúvidas, é que realmente a comunicação com os mortos está comprovada pela Bíblia, por mais que se esforcem em querer tirar dela esse fato.